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Coluna da Cynthia: O salto alto e a nossa identidade no trabalho

Temos que saber se gostamos de trabalhar de sapatilhas, tênis ou sandálias vertiginosas para poder defender as nossas escolhas

Por Cynthia de Almeida
Atualizado em 26 out 2016, 11h04 - Publicado em 16 ago 2016, 12h00

Usar salto alto faz você se sentir poderosa ou desconfortável? Confiante ou frágil? Não se preocupe se não souber responder de cara. Na maioria das vezes, as mulheres têm sentimentos ambíguos em relação aos sapatos de salto alto. Podem amá-los e odiá-los com a mesma intensidade, dependendo do dia e da circunstância. Mas o que isso tem a ver com o seu trabalho?

O que está por trás dessa discussão aparentemente anacrônica é que o salto alto continua a ter uma simbologia particular muito forte. Se o enxergamos como um padrão de elegância imposto pelos homens, trata-se de um suplício sexista ao qual nenhuma mulher deveria se submeter no século 21. No entanto, se o vemos como um aliado da silhueta, fetiche de sedução ou recurso estético a que apenas as mulheres podem recorrer (ok, e alguns homens ousados), o salto se torna um acessório impactante que nos eleva tanto na altura como na autoestima. Uma coisa leva a outra – uma entrada triunfal de salto em uma reunião tem seu valor.

A tese funciona dos dois lados: tanto para quem se sente mais firme com os pés no chão como para quem prefere ver o mundo a partir de uma certa altura. O que me fez trazer o tema para esta reflexão foi perceber que o salto ainda causa polêmica: uma empresa inglesa demitiu uma funcionária que se recusou a atender o dresscode da companhia, que exigia salto alto. Um grupo de mulheres de sapatilhas foi barrado no tapete vermelho do Festival de Cinema de Cannes, na França – o que levou Julia Roberts a desfilar por ele descalça, em protesto. Uma jovem e brilhante publicitária brasileira revelou em uma palestra que certa vez uma chefe vaticinou que ela não chegaria a lugar nenhum na carreira se não trocasse os tênis por escarpins. Uma curiosa Associação do Salto Alto, no Japão, contratou uma personal stylist para ensinar as japonesas a andar de salto para aumentar seu poder profissional, na contramão da cultura local, que as obriga a caminhar sempre atrás e em um nível mais baixo que os homens em seu país. E, por aqui, já reparou na altura do salto das apresentadoras e das moças do tempo nos telejornais?

Se subir no salto ainda é uma questão, de que lado ficamos? Fiz essa pergunta à jornalista e life coach Juliana De Mari. Ela respondeu que, seja o salto alto ou baixo, o que as mulheres reportam em suas sessões é um enorme desconforto por ter de se encaixar em padrões que não são os seus. E também enfrentam uma grande dificuldade de abordar o tema na mentoria. “As mulheres têm vergonha de trazer o tema da aparência e da roupa apropriada à tona, como se isso fosse futilidade e denotasse fraqueza. Limitam as conversas de carreira a questões táticas, sem tocar em pontos pessoais”, diz Juliana. Esquecem que esses aspectos têm muita relevância na construção da identidade.

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Nossos locais ou nossas atividades de trabalho e seus respectivos códigos podem exigir que nos apresentemos de acordo com algum padrão. Mas é importante pensar e falar no assunto. Temos que saber se gostamos de trabalhar de sapatilhas, tênis ou sandálias vertiginosas para poder defender nossas escolhas. Está na hora de “descer desse salto” e parar de esnobar tudo o que envolve nossa autoimagem como se fosse mera futilidade e mimimi.

*Cynthia de Almeida é jornalista e estudiosa do comportamento feminino. Ela escreve para CLAUDIA Online às terças – e todos os meses na edição impressa. 

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