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Cartas de amor caligrafadas sensibilizam e conectam as pessoas nas redes sociais

Um projeto do Instagram que fala de amor – e da falta dele também

Por Tatiana Schibuola
Atualizado em 28 out 2016, 20h39 - Publicado em 14 ago 2015, 18h25
Pedrinho Fonseca
Pedrinho Fonseca (/)
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O perfil no Instagram @minhacartadeamor é um desses projetos digitais que, soltos ao vento, conectam pessoas justamente por passar longe da superficialidade que habita as redes. “É um convite para que qualquer pessoa escreva para o namorado, o ex, o marido ou o filho, o que aprendeu com o amor”, explica a jornalista Daniela Arrais, dona do blog Don’t Touch My Moleskine (parceiro do MdeMulher, que hospeda Claudia.com.br) e sócia da Contente, empresa destinada a conectar pessoas e valorizar talentos.

O Cartas existe desde 2014. Já recebeu mais de 400 textos, e 40 deles foram publicados no perfil criado no Instagram. Os autores são fotografados por Pedro Fonseca, atrás de um cartaz que leva um trechinho da carta, delicadamente caligrafado pelo artista Fábio Maca. “Um convite a olhar para dentro reverbera muito nas pessoas. É um lembrete no dia a dia para não deixar [as coisas importantes] pra lá.”, diz Daniela. 

A missão não tem prazo para acabar. A ideia, agora, é expandir. Após a curadoria, até quem é de fora de São Paulo participa. Nesses casos, o cartaz caligrafado é enviado pelo correio. E, há algumas semanas, o tema movimento o bairro de Pinheiros, em São Paulo. “Era um dia de chuva absurda e o evento era na rua, chamamos as pessoas para escrever ao vivo. Ficamos morrendo de medo, mas durou mais que o esperado. O Maca caligrafou por mais de cinco horas”, comemora a jornalista.

Veja aqui algumas de suas cartas favoritas.

De @carolburgo:

“Virei minha vida do avesso por você, mudei de vida, cidade, amigos, sonhos, planos e percebi que o nosso amor era a referência que eu usava para encontrar você de novo em qualquer pessoa. Mas de tanto te procurar, eu me perdi.”

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#minhacartadeamor por @carolburgo Meu amor, desculpa se esta carta vai sem endereço, mas já nem sei onde você mora, esqueci tua rua e meus passos não me levam mais até você. Lamento se não escrevi a pena e punho e desacostumei com a letra livre, mas garanto meu coração despido a cada parágrafo deste texto. Nestes anos separados, aprendi que o nosso amor está guardado e intacto e ele é a fundação de uma parte do que sou hoje. Virei minha vida do avesso por você, mudei de vida, cidade, amigos, sonhos, planos e percebi que o nosso amor era a referência que eu usava para encontrar você de novo em qualquer pessoa. Mas de tanto te procurar, eu me perdi. Aprendi que o amor de verdade nos dá uma certa clarividência e por isso fazemos tantos planos, com a segurança de que ficaremos juntos para sempre, amalgamados debaixo do mesmo cobertor. Ainda que o “para sempre” se revele um suspiro de tempo. Achei que ficaríamos uns 50 anos juntos. E aí eu aprendi mais uma coisa sobre o amor: a ausência. Você decidiu atravessar a rua, mudar de calçada, seguir sem mim e eu perdi o prumo. A tua ausência é um grito contido que me engasga. Ela se impõe, soberana, sobre todas as coisas, os meus dias, novos amores, minha cama vazia, os livros que leio e os lugares que vou. Tua ausência invade meu quarto, meu prato, meu copo, meu corpo e me envolve num abraço dolorido e apertado antes de dormir. Tua ausência consome metade do que sou e com ela eu aprendi que não se ama por inteiro, com um coração aberto ao meio. Até hoje busco esse pedaço que me falta, alguém que não desista do que somos juntos, que insista no amor e se entregue e lute por ele todos os dias, alguém firme, presente, que me atordoe os sentidos cansados e contidos. Que procure meus braços, dedos, sonhos, beijos, e caminhe junto comigo como, um dia, você caminhou. Alguém que me dispa o corpo, a alma, as amarras, as couraças, que me descubra e desarme as mágoas e os medos e me desate os nós de marinheiro que usei para remendar o coração. Mas principalmente alguém que não atravesse a rua, não mude de calçada, não vire a esquina, não se perca de mim. Alguém para quem eu não precise chorar cartas de amor sem endereço.

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De @crisnaumovs:

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“oi, a gente não se conhece ainda, não sei que lado da cama você prefere, qual seu modelo de pasta de dente? você assiste fantástico? você conseguiria fazer silêncio no café da manhã? café preto ou com leite?”

 

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#minhacartadeamor por @crisnaumovs! oi, a gente não se conhece ainda, não sei que lado da cama você prefere, qual seu modelo de pasta de dente? você assiste fantástico? você conseguiria fazer silêncio no café da manhã? café preto ou com leite? você se mexe à noite? dorme abraçada? e beijo na boca, você gosta muito? sexo safado ou amorzinho? você gosta de plantas? você sabe escutar? e cachorros, hein? putz, tomara que você goste. você pode escolher o lado da cama, meu braço pode ser seu travesseiro de pegar no sono. você tira meu óculos se eu dormir antes de você? ah, você me avisa quando chegar em casa? não é controle, eu tenho dessas preocupações. te incomoda? qual seu disco favorito? você dorme no cinema? e a pipoca, você divide? pode te acordar de madrugada pra namorar e desmaiar juntas depois? qual seu ovo favorito? o meu é benedict, mas mexido já me faz feliz. você topa fazer um piquenique na cama, num dia ordinário qualquer? e qual a sua flor? aliás, você gosta de flor? tenho gostado de cravo branco, você acha fúnebre? você sente frio no pé? e conchinha, você prefere ser a parte de dentro ou a de fora? pijama pra dormir? a água do chuveiro é como? e você gosta de dirigir ou de ser copilota? qual sua música de estrada? e seu cheiro? qual será? posso fazer uma última pergunta?

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De @doidivanas

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Oh, anjos que cuidam dos corações apaixonados, livrai-nos dos amores que nos fazem acreditar que a vida é um temporal. Tem sol lá fora!”

 

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#minhacartadeamor por @doidivana Minha carta de amor é quase um bilhete. Um bilhete que escrevo rapidinho entre um compromisso e outro (depois do amor, arranjei tempo pra tudo), entre um papo e outro com amigos queridos (depois do amor, descobri que tem muita gente legal no mundo), entre uma corrida no parque e o pão caseiro que aprendi a fazer (ah, como me divirto depois do amor). Oh, anjos que cuidam dos corações apaixonados, livrai-nos dos amores que nos fazem acreditar que a vida é um temporal. Tem sol lá fora!

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De @claricefreira

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“Que lindo seu olhar de espião, me desconserta inteira. Simplesmente porque na verdade você estava me consertando e eu nem percebi. Foi a sua sutileza, eu sei. Hoje eu sei.”

 

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#minhacartadeamor por @claricefreire, autora do @podeluaoficial Divido com você o meu lado mais banal. O ordinário dos meus dias. O que não tem valor aparente, eu parto em dois, uma parte é sua. Assim como as minhas partidas. E te dou os cacos da minha conversa batida também. Aquela que ninguém aguenta mais ouvir. Você sempre varreu tudo tão cuidadosamente. Tenho tanta inveja desse seu jeito simples de juntar pedaços como se isso fosse importante. Eu nunca me dou toda essa importância. E de novo você me espia. Que lindo seu olhar de espião, me desconserta inteira. Simplesmente porque na verdade você estava me consertando e eu nem percebi. Foi a sua sutileza, eu sei. Hoje eu sei. Não são partes que te dou. Muito menos nadas. Mas de quinquilharia em quinquilharia, você me montou de novo, como um quebra-cabeça finalizado. Deve ser isso que se chama amor e isso nunca vai ser clichê. Tenho tanta pena de quem pensa assim. E teria outra maneira de adentrar nesta cabeça dura se não quebrando em cacos? Depois colando e criando uma paisagem nova. Mais verde, mais bonita mesmo. Porque nela você está lá. Não te dei meus pedaços. Nem minhas partidas. Eu quis partir com você. Por inteiro.

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E você, pra quem escreveria uma carta de amor?

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