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Bullying: como saberse o seu filho sofre agressões de colegas

Saiba quando os desentendimentos entre crianças ou adolescentes extrapolam a normalidade e viram problema

Por Redação M de Mulher
Atualizado em 15 jan 2020, 11h05 - Publicado em 4 dez 2013, 21h00
Carmem Aliende (/)
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7 em cada 10 estudantes já presenciaram agressões nas escolas brasileiras
Foto: Shutterstock

Nas diversas fases de crescimento físico e emocional, as crianças se envolvem em brigas ocasionais, naturais e até positivas. Nesses casos, a brincadeira é entre iguais e todos conseguem se defender. Mas pais e professores precisam se preocupar e intervir sempre que, sem nenhum motivo concreto, a criança ou o jovem se torna alvo de agressões repetidas e intencionais – físicas ou ”apenas” verbais –, mas que provocam sentimentos de humilhação e isolamento.

Foi o que aconteceu com o ator Cauã Reymond, como ele revelou em entrevista ao programa Altas Horas, de Serginho Groisman, que lançou uma campanha contra o bullying. O ator contou: ”Teve uma escola em que fui muito chateado, muito sacaneado. E foi um momento muito difícil da minha adolescência.” Cauã sofria calado. Assim como a estudante Mirela Alves*, de 8 anos. Por ter a língua presa e usar óculos, a menina se tornou alvo de gozação de toda a classe. Além dos apelidos, era excluída das brincadeiras e deixada sozinha na hora do lanche. Bastante tímida e medrosa, ela não se queixava a ninguém, mas chegava em casa chorando. Dizia à mãe que ninguém gostava dela e que não queria mais ir à escola.

Rede de proteção

A mãe, conhecendo a fragilidade e insegurança da filha, imaginava que a garota estivesse exagerando, até o dia em que recebeu um telefonema para ir buscá-la no colégio: ”Depois de ser perseguida por um grupo de alunos, que imitavam seu jeito de falar, ela se trancou no banheiro chorando convulsivamente, até ser descoberta pela servente”. No dia seguinte, Mirela voltou para a escola, só que agora todos – adultos e crianças – sabiam do grave problema. Isso ajudou a criar uma rede de proteção, contendo os alunos agressores.

Embora possa acontecer em qualquer lugar, a escola tem sido o principal cenário do bullying, termo em inglês derivado de bully (valentão), que está se tornando cada vez mais conhecido por causa do crescente número de casos em todo o mundo. Por aqui, a pesquisa Bullying Escolar no Brasil, divulgada em abril, constatou que 21% dos casos ocorrem em sala de aula, na presença dos professores – e eles não têm o hábito de coibir as agressões! 

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Bullying: um jogo de perdedores

A vítima
Se você desconfia que seu filho esteja sofrendo bullying, converse com ele e encoraje-o a se abrir com você, deixando claro que ele não é culpado por sofrer qualquer tipo de perseguição e que você o ama incondicionalmente. Se for preciso, busque a ajuda de um psicólogo. Confirmada a suspeita, passe para a ação. Convoque os outros pais e a diretoria da escola para encontrar soluções. Saiba que, para proteger seu fi lho, vale recorrer ao Conselho Tutelar, um recurso gratuito.

O agressor
Se o seu filho for o agressor, atitudes drásticas são contraindicadas, podendo piorar a situação. É importante mostrar que você o ama, mas desaprova seu comportamento. Todos os envolvidos nessa dinâmica cruel sofrem e precisam de cuidados. ”Agressores, vítimas e observadores devem ser orientados, pois cada um desses papéis reflete dificuldades emocionais, com sérias consequências na vida adulta”, esclarece Maria Irene Maluf, especialista em neuropedagogia, que estuda a compatibilidade entre as técnicas de ensino e o cérebro.

Os observadores
Mesmo os que parecem estar fora de perigo e menos envolvidos com a situação de bullying estão no jogo. ”Intimidados, alguns alunos acabam se tornando testemunhas, vítimas ou coagressores. Podem ser as próximas vítimas ou, tendo aprendido a agredir, podem passar a ameaçar outros jovens mais frágeis”, explica Maria Irene.

* O nome foi trocado para preservar a identidade da criança.

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Na maioria das vezes, o bullying nasce do preconceito e da discriminação. É motivado pela dificuldade de aceitar as diferenças: por exemplo, se o colega é de outra classe social, é gordo ou muito magro, tem alguma defi ciência física ou algo que destoe da maioria. As agressões podem ser físicas ou verbais, com constrangimento e isolamento da vítima.

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Segundo o Observatório da Criança, a implicância vira bullying quando:

. Não existe um motivo concreto para as agressões. Os maus-tratos físicos ou psíquicos são contínuos e intencionais contra a mesma pessoa.

. Há desequilíbrio de poder: o agressor é mais forte e poderoso que o agredido.

. O sentimento da vítima é de medo, angústia, opressão, humilhação ou terror. Existe diferença de idade superior a dois anos entre o agressor e o agredido, mesmo que o menor seja mais forte.

 

A solução

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Segundo os pesquisadores, discussões em sala de aula sobre tolerância, amizade e paz podem reduzir os casos de violência nas escolas, porém, nada melhor do que trazer de casa o exemplo da solidariedade, compaixão e respeito à individualidade.

 

Trabalho duro, resultado positivo

Em Campo Grande (MS), a violência nas escolas sofreu redução de 60% em um ano. O motivo? Os indisciplinados passaram a assumir as tarefas de lavar banheiros e pratos, distribuir merenda, lim par salas de aula e quadras, cumprindo a ordem do promotor da Vara de Infância e Juventude Sérgio Fernando Harfouche. Foi a forma de conter os es tudantes de 11 a 14 anos que desacatavam e agre diam os professores, ameaça vam e brigavam com os colegas e até praticavam tentativas de homicídio. ”Se fossem adultos, seriam condenados e cumpririam pena, mas eles não passam de crianças indisciplinadas, então, tudo isso está sendo resolvido com trabalho”, afirma o promotor.

 

Livros para saber mais sobre bullying

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Pais e educadores bem informados têm mais condições de detectar o problema e agir rapidamente para impedir o bullying. Há vários livros sobre o assunto:

. Proteja seu filho do bullying (ed. Best Seller) foi escrito pelo professor americano Allan Beane. Ele engajou-se na luta contra as consequências trágicas da crueldade juvenil depois de perder o filho de 23 anos, vítima de uma série de agressões dos colegas de escola, durante oito anos seguidos. Especialista em prevenção e interrupção do bullying, Allan explica como ajudar a criança a se integrar e a denunciar as agressões, inclusive na nova versão adaptada aos tempos virtuais: o cyberbullying, praticado através de celulares e da internet. Leitura indispensável parta todos os pais.

. Uma cartilha para orientar educadores, pais e estudantes sobre o bullying está disponível no site www.observatoriodainfancia.com.br

. Valentões, fofoqueiros e falsos amigos – Torne-se à prova de bullying, de Jenny Alexander (ed. Rocco). Em linguagem simples e com desenhos bem-humorados, é um guia para manter os valentões bem longe. Literatura infanto-juvenil, para jovens de 10 a 15 anos.

. Para manter a autoestima dos pequenos em dia e ensinar a conviver com as diferenças. Esses livros são indicados para crianças de 4 a 10 anos: Lilás, de Mary E. Whitcomb e Tara C. King (ed. Cosacnaify); Zé Diferente, de Lucia Pimentel Góes (ed. Larousse do Brasil); e Nós, de Eva Furnari (ed. Globo).


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