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Bruna Waitman quer, aos poucos, mudar a forma de ensinar no Brasil

Da série: quebradoras de regras

Por Lucas Castilho
Atualizado em 21 jan 2020, 16h51 - Publicado em 25 nov 2015, 15h35
Arquivo Pessoal (/)
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Lá no colégio, Bruna Waitman, 26, viveu uma experiência transformadora: teve a oportunidade de, junto com algumas amigas, desenvolver um projeto que pudesse mudar seu ambiente escolar. “Eu estudava no Bandeirantes, uma das melhores escolas de São Paulo, e a gente ficava muito incomodado com o fato de que os funcionários de limpeza não sabiam, às vezes, ler e escrever. Foi aí que propusemos que os próprios alunos atuassem como voluntários na alfabetização deles”, diz. Foi um sucesso.

A partir disso ela tomou conhecimento de uma palavra muito importante nos dias de hoje, o tal do empreendedorismo. “É, fui mesmo ‘picada’ por esse bichinho! Tanto que decidi fazer administração pública na faculdade, porque queria fazer coisas que mudassem o mundo e a educação era a chave”, conta.

E eis que, quase dez anos depois, com passagens por grandes empresas, ela reencontrou Alexandre Sayad, jornalista e um dos caras que a ajudou lá no colégio a tirar o projeto de ensino do papel. “Na época [2013] eu trabalhava com empreendedorismo social e ele estava tocando algumas coisas nesse sentido e sabia que eu entendia de gestão. Tomamos um café, conversamos bastante e decidimos, juntos, fundar o MEL”, explica.

A gente está trazendo a educação para mais perto do real. Fazendo com que o aluno se sinta parte daquilo para que ele crie um mundo que faça sentido para ele. Um mundo mais criativo, mais autoral

Empresa social, o Media Education Lab é uma organização que quer transformar o mundo por meio da educação. A própria Bruna explica: “a gente promove em escolas de todo o Brasil, tanto públicas quanto privadas, cursos que estimulam os alunos a criarem e produzirem projetos que impactam o meio onde vivem. Pode ser um aplicativo, um game… A ideia é que esse estudante se sinta parte de algo, tenha a sensação de protagonista mesmo”.

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Sem uma sede física, pois funciona dentro da cabeça dos próprios clientes, o MEL atendeu cerca de seis mil pessoas entre 2014 e 2015. Geralmente são as próprias instituições de ensino quem procuram a empresa, financiada, também, por fundações ou instituições privadas ou familiares. E a ideia é que os cursos, todos voltados para o Ensino Fundamental II e Médio, sejam inclusivos ao máximo. “Em algumas oficinas, principalmente de programação, a gente percebia que havia baixa adesão de meninas. Então fizemos todo um trabalho para que elas se sentissem envolvidas e parte daquilo. Os resultados estão sendo ótimos, com garotas que depois de participarem já saíram por aí criando seus aplicativos”, comemora ela.

Eles precisam ser ouvidos

Em três anos de empresa, Bruna, claro, tem muitas histórias para contar. Mas ela diz que gosta sempre de repetir o que aconteceu durante um “Festival de Ideias”, promovido pelo MEL em nove escolas entre São Paulo, Rio e Santa Catarina. “A gente perguntou para esses alunos qual era o colégio dos sonhos para eles. E o incrível foi que nas três cidades as respostas foram muito parecidas: eles queriam canais para se expressar. Seja pintando o muro da instituição, seja criando uma rádio ou um jornal”.

Em tempos nos quais escolas são fechadas, ela diz querer aproximar os estudantes delas, ocupá-las. “A gente está trazendo a educação para mais perto do real. Fazendo com que o aluno se sinta parte daquilo para que ele crie um mundo que faça sentido para ele. Um mundo mais criativo, mais autoral”, finaliza.

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