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Bolsonaro banaliza gravidade do trabalho infantil em transmissão ao vivo

"Trabalho não atrapalha a vida de ninguém", defendeu o atual presidente na última quinta-feira (4).

Por Alice Arnoldi
Atualizado em 15 jan 2020, 13h39 - Publicado em 5 jul 2019, 10h10
Presidente da República, Jair Bolsonaro, durante reunião paralela dos Líderes do G20 sobre o Empoderamento das Mulheres, em Osaka, Japão. (Clauber Cleber Caetano/PR/Agência Brasil)
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Na noite da última quinta-feira (4), Jair Bolsonaro usou mais uma vez o Facebook para fazer uma transmissão ao vivo e comentar os assuntos da semana. Entre as pautas debatidas pelo atual presidente, ele acabou banalizando os problemas que rondam o trabalho infantil.

A fala problemática de Bolsonaro aconteceu logo após o secretário de Agricultura e Pesca, Jorge Seif Jr., explicar as ações do governo para um consumo maior de peixes – como as seis toneladas do animal amazônico que serão servidas à população de Tambaqui, na Esplanada. Para descontrair, Jorge perguntou ao presidente se ele gostava de comer peixe. Bolsonaro respondeu que na época em que vivia no Vale do Ribeira (no interior de São Paulo), ele pescava junto a um amigo. Isso acontecia entre meia-noite e seis da manhã, horário em que não estava na escola. Das seis às sete, ele, o irmão e a irmã abriam os animais para vender.

Essa experiência e o que ele descreve ter sido uma vivência na lavoura foram o suficiente para o presidente emendar um discurso preocupante sobre como supostamente o trabalho edifica as pessoas, mesmo que ele aconteça em uma idade em que se deveria estar preocupado apenas em brincar e estudar.

“Eu lembro perfeitamente que uma das coisas que se plantava lá, além de banana, era milho. E naquele tempo, para você cortar o milho, você já não tinha que chegar lá na plantação e pegar a espiga. Tinha que quebrar o milho – você botava um saco de estofa no braço e eu, com nove, 10 anos de idade, quebrava o milho na plantação. E quatro, cinco dias depois, com sol, você ia colher o milho. Olha só, trabalhando com nove, dez anos de idade na fazenda, não fui prejudicado em nada. Quando um moleque de nove, dez anos, vai trabalhar em algum lugar tá cheio de gente aí [falando] ‘trabalho escravo, não sei o que’, ‘trabalho infantil’. Agora, quando está fumando um paralelepípedo de crack ninguém fala nada. Então, trabalho não atrapalha a vida de ninguém. Mas fique tranquilo que eu não vou apresentar nenhum projeto para descriminalizar o trabalho infantil porque seria massacrado”, enfatizou Bolsonaro.

No Dia Mundial contra o Trabalho Infantil, 12 de junho, a secretária executiva do Fórum Nacional de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil (FNPETI), Isa Oliveira, deixou claro em uma entrevista à Agência Brasil como ainda existe uma naturalização do trabalho infantil, feita inclusive pelo presidente. “Só que é interessante observar que essa naturalização é para crianças e adolescentes de famílias de baixa renda, que são vítimas de exclusão social”, esclareceu a especialista.

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De acordo com o levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 2016, trazido na reportagem, o território brasileiro ainda é palco de 2,4 milhões de crianças e adolescente entre 5 e 17 anos trabalhando. E que os negros e pardos correspondem a 66,2% desse grupo. Além de que 49,83% desses meninos e meninas vivem com menos de meio salário mínimo.

Confira a transmissão completa:

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