Ativista feminista sofre estupro e relata no Instagram
Amber Amour estava divulgando a campanha #StopRapeEducate na África do Sul quando sofreu o abuso
Amber Amour é uma norte-americana de 27 anos que, assim como tantas mulheres, sofreram violência sexual. A diferença é que Amber resolveu compartilhar sua experiência no Instagram, minutos depois do ocorrido.
Ela estava na cidade do Cabo, na África do Sul, divulgando seu trabalho como ativista feminista, através da ONG e hashtag #StopRapeEducate (Pare o estupro, eduque).
“Faz apenas alguns minutos, mas as vezes essas coisas acontecem tão rápido que é difícil lembrar de todos os detalhes… Eu estive doente os últimos dois dias e hoje foi o primeiro dia que eu saí. Eu voltei para o meu hostel para deixar um recado para o meu amigo, Nick. Tinha um outro cara lá, Shakir, que estava desesperadamente tentando ter algo comigo. Eu beijei ele uma vez, mas ele parecia tão bêbado que eu disse que era um mau momento, eu já tinha conhecido alguém.
Antes de sair, eu subi as escadas para dar ‘oi’ para mais um amigo, Clyde dos Estados Unidos. Shakir me seguiu pelas escadas e disse que ia tomar um banho. Ele me convidou para ir junto. Eu aceitei porque a água do meu hostel era muito gelada e depois de dois dias doente, eu realmente queria um banho quente. Assim que eu entrei no banheiro, ele me forçou a ajoelhar. Eu disse ‘pare!’, mas ele se tornou mais violento. Ele me levantou e colocou o pênis na minha vagina. Eu pedi para ele parar, de novo, e comecei a chorar. Quando ele colocou na minha bunda, foi quando eu desmaiei. Eu acordei uns minutos depois e vi ele assustado tentando sair pela porta. Quando ele viu que eu estava acordada, ele voltou para terminar comigo no banheiro.
Eu estou com todos esses malditos pensamentos que temos depois de um estupro… vergonha, nojo, sofrimento. Eu estou aqui sozinha, e todo o DNA sumiu pelo chuveiro. A polícia da África do Sul vai apenas revirar os olhos quando eu entrar. Me sentindo doente como nunca agora. Inútil hoje, eu vou desaparecer um pouco. Eu preciso aproveitar esse sol enlouquecedor e ligar para os meus amigos e família nos Estados Unidos. Amo vocês caras. Obrigada por sempre estarem aqui pra mim. Muito mais razões para continuar @stoprapeeducate mas não hoje. Hoje, eu preciso de descanso. #stoprapeeducate”
A publicação viralizou e os comentáros dividiram opiniões entre quem culpava a moça pelo estupro (DICA: a culpa NUNCA é da vítima) e quem dizia para ela buscar ajuda junto a polícia.
Pouco depois, Amber postou foto da sua visão do kit estupro (exame que as vítimas de violência sexual são submetidas para colher provas de DNA) e deixou uma mensagem especial para quem a culpou pelo ocorrido.
“Minha visão do kit estupro. Obrigada a todos por serem tão amáveis e apoiadores nesse período. As mensagens de vocês me incentivaram a tomar uma atitude e levantar por mim mesma e por todas as sobreviventes de um estupro. Para aqueles que desejam ME CULPAR ou qualquer outra vítima por aí, eu quero que você saiba que você é a razão para que eu seja totalmente honesta. Eu podia ter escondido alguns detalhes. Eu podia ter guardado algumas informações somente para mim, mas não. Você precisa saber a verdade e a realidade da situação.
Não importa o que uma pessoa faça, não é um convite para o estupro. Não importa se eu o beijei. Não importa se ele estava bêbado. Não importa se eu disse sim para um banho. Eu nunca disse que ele poderia me violentar. Eu nunca disse que ele podia me fazer sangrar. Eu nunca disse que ele podia me estuprar. Mas ainda assim foi o que aconteceu. Eu não preciso me explicar, mas se você está perguntando POR QUE eu tomei banho com ele, estava escrito no texto, eu estava doente por 2 dias e precisava fazer suar. O lugar que eu estava me hospedando tinha apenas água fria (problemas de terceiro mundo são reais!) e parecia ser um milagre ter recebido a oferta de um banho quente. Não era por isso que ele estava lá, e assim que ele teve a chance, me derrubou no chão e fez do jeito dele.
Lidar com estupro já é difícil o suficiente, mas o depois é tão traumático quanto, mas eu fiz isso por você e fiz isso por mim. A Embaixada dos Estados Unidos e a polícia da África do Sul foram muito cuidadosas e talvez ele seja preso ainda essa semana. Obrigada pelo amor. E para quem culpa as vítimas, eu envio amor, paz e iluminação para você, para que você possa ser um suporte de luz para a gente também.”
O caso aconteceu há seis semanas, mas só agora o Brasil está tomando ciência e dialogando sobre o assunto – em especial, o de culpabilização da vítima.
Em entrevista a uma revista britânica, Amber contou que essa foi a terceira vez que foi estuprada, sendo a primeira aos 12 anos e a segunda aos 24. Ela continua seu trabalho de ativismo com o Stop Rape, Educate e isso acaba sendo um convite para que todos nós pensemos na culpabilização da vítima além do comprimento da saia.