Você já deve ter ouvido algumas dessas frases:
– Mulheres não são amigas;
– Mulheres são falsas;
– É melhor ter amigo homem do que mulher;
– Trabalhar com mulher é ruim porque todas são loucas e falsas;
E mais uma infinidade de afirmações que poderíamos ficar aqui divagando por horas. Talvez você não tenha ouvido isso de uma forma tão direta. Pode ser que você tenha ouvido de um tio em um almoço de domingo ou talvez do coleguinha que não queria meninas no grupo – mas deixou você participar porque “era diferente das outras”.
Esse tipo de afirmação está com os dias contados. A palavra “falsiane” está dando lugar para “sororidade” – união e aliança entre as mulheres. Em conversa com Luíse Bello, manager de conteúdo e comunidade do Think Olga, ela comenta que o crescimento do diálogo sobre feminismo, principalmente nas redes sociais, acabou sendo uma porta de entrada para a quebra destes paradigmas.
“Nós vivemos as mesmas coisas, opressões, pressões sociais… e acabamos enxergando que o foco da nossa vida não é encontrar um parceiro ou disputar a atenção masculina. Conforme vamos além na luta dos estereótipos (mulher não gosta de futebol, não pode trabalhar na área de tecnologia..), vamos mostrando que nós não somos essas mentiras”, explica Luíse.
Você é inteligente, você é boa, você é importante.
Para ajudar a desconstruir algumas dessas afirmações que parecem ter surgido na Idade Média, uma boa pergunta para se fazer é: quem foi sua primeira amiga na vida? Aposto que a maioria de nós lembra da mãe, da avó, as amigas da mãe, tias, primas, coleguinhas… então, o próximo passo é se questionar: em que momento da vida ser mulher – esse ser humano tão plural – e as outras mulheres passaram a ser sinônimo de uma coisa ruim?
A partir disso você começa a ver que tem muito mais em comum com as outras mulheres do que imagina, conseguindo ser mais empática e realizando pequenos gestos de sororidade. Algumas pequenas grandes demonstrações de solidariedade às mulheres, segundo Luíse, foram quando as próprias começaram a explicar que o novo álbum da Beyoncé vai MUITO além da suposta traição do Jay Z e a rivalidade entre duas mulheres incentivada pela mídia, ou quando mulheres organizaram um abraçaço para a presidente Dilma “só” porque ela é mulher e recebe muitos comentários machistas.
“A gente precisa ter em mente, enquanto mulher, que tudo o que fazemos contra uma mulher vai se voltar contra nós. Nós estamos todas do mesmo lado da cerca. Você agora pode estar na opinião de julgadora, mas isso pode se virar contra você no futuro”, pontua Luíse, nos fazendo refletir quantas vezes esquecemos de pensar que determinada situação (beber com as amigas, ser chamada de louca, andar sozinha na rua à noite, usar uma roupa curta, passar batom vermelho…) podia ser com a gente.
Lembre das mentiras do começo desse texto e agora questione:
– Você não tem MESMO nenhuma amiga mulher?
– TODAS as mulheres que você conhece são falsas (e isso inclui, olha só, você!)?
– Por que um gênero deixa uma amizade melhor que a outra?
– TODAS as mulheres que você já trabalhou são mesmo loucas e falsas?
E agora acrescente mais essa pergunta:
– Será que as outras pessoas (homens e mulheres) não pensam isso de mim também só por que sou mulher?
A resposta, no fim das contas, pode ser sororidade e empatia.