Aprendi a surfar depois dos 70 anos
O esporte me devolveu a alegria de viver. Sou apaixonada pelo mar e pelo surfe
Depois que descobri o surfe retomei a
alegria de viver
Foto: Arquivo pessoal
Aprendi a nadar com 56 anos e desde então pratico esportes. Há cinco anos minha amiga Fusai, que já surfava, me convidou pra fazer uma aula com ela. Eu fui. Nossa, me apaixonei! De lá pra cá fico contando os dias pra surfar. Pareço criança, né?
Além do surfe eu faço natação e caminhadas. Uma vez por ano, eu e a dona Fusai participamos de uma caminhada em São Paulo, lá no bairro japonês da Liberdade. No ano passado, fizemos a subida da estrada velha de Santos a pé. Conseguimos subir até lá no alto! Saiu até no jornal! Foram sete quilômetros de subida em duas horas e oito minutos. Tem muita gente mais mocinha que desiste, viu?
Eu fiquei viúva há quase dois anos e o que me salvou foi o surfe. O esporte me trouxe alegria de viver. Parece que o mar tem energia e traz tudo aqui pra dentro da gente. Me sinto mais disposta depois de surfar. Claro que, como não sou nenhuma mocinha, dói aqui, dói ali – ainda mais eu, que não tenho uma rótula e mesmo assim fico de pé no pranchão. Mas vou indo, graças aos professores, que cuidam da gente de coração. Enquanto eu tiver saúde vou surfar. E não quero parar por aí: minha próxima aventura vai ser o vôo livre. Quero surfar no céu, né?!
Da redação: Os benefícios do surfe para a saúde
O surfe é aconselhado para todas as idades e pode ser praticado desde os quatro anos. “O mar é um bálsamo. Além de tonificar os grupos musculares, melhorar a capacidade respiratória e cardiovascular, o surfe trabalha muito o emocional”, diz o professor de educação física e surfista Cisco Araña.
Tenho 76 anos de muita energia
“Há seis anos eu estava caminhando na praia e vi as pessoas surfando. Tinha acabado de me aposentar e pensei: ‘Parece bem gostoso!’ Já tinha visto nas revistas e na televisão aquelas ondas grandonas do Havaí, né? Eu vi a professora que estava dando aula e falei: ‘Também quero!’ Na mesma hora ela pegou uma prancha e me ajudou a remar na água. Não parei mais. Além dos esportes, faço aula de pintura, leio três jornais por dia e um montão de livro japonês. Parece que falta hora: 24 é muito pouco. Eu quero pelo menos 26!”
Fusai Nishida Uramoto, 76 anos, aposentada, Santos-SP