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A vez do feminino

Pesquisa revela que o mundo idealizado pelos brasileiros está repleto de valores associados ao papel da mulher na sociedade

Por Abril Branded Content
Atualizado em 4 dez 2017, 17h39 - Publicado em 4 dez 2017, 17h38
Vivemos em um mundo considerado masculino, e ninguém está contente com isso – nem mesmo eles (Yumi Shimada/Abril)
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Sonhar, planejar e idealizar é preciso. Sem tais exercícios, adoecemos emocionalmente. No entanto, quando a distância entre os sonhos e a realidade é muito grande, também existe um risco de sofrimento. “É mais ou menos o que tem acontecido com a sociedade em que vivemos. Já imaginamos como seria o mundo onde gostaríamos de estar e, no entanto, não conseguimos vivê-lo na prática”, diz a antropóloga Mirian Goldenberg, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que acaba de realizar uma pesquisa intitulada O Valor do Feminino, em parceria com Molico, marca de produtos lácteos da Nestlé (veja quadro).

Segundo o levantamento, a maioria de nós, homens e mulheres, quer um mundo mais sensível, acolhedor, honesto e pleno de compaixão. Na prática, porém, não é isso o que ocorre. Conforme as respostas dos mil participantes espalhados pelo Brasil, o que prevalece no dia a dia são a violência, a agressividade, a intolerância. A maior parte dos atributos valorizados está associada ao feminino, e a maioria (40%) dos entrevistados concorda que o mundo seria melhor se qualquer um pudesse exercitar mais esse seu lado. “Os dados nos revelaram um sofrimento que, até então, estava invisível e sobre o qual pouco se fala, principalmente entre os homens: vivemos em um mundo considerado masculino, e ninguém está contente com isso, nem mesmo eles”, afirma Mirian.

O que fazer, então, para diminuir a distância entre esse mundo ideal e o real? Para a pesquisadora Camila Holpert, do Studio Ideias, agência que coordenou o projeto, é preciso falar mais sobre o assunto. “A pesquisa mostrou que, fora de casa, não temos espaço para praticar o acolhimento, a sensibilidade, a generosidade, entre outros, sobretudo no mercado de trabalho. Mas, se conseguirmos libertar tudo isso em qualquer que seja o ambiente, daremos um salto gigante como sociedade”, avalia.

Ora, se não estamos contentes com o que vivemos e já sabemos o que queremos, por que a virada não acontece? Segundo o estudo, os estereótipos consolidaram a ideia de que apenas – ou principalmente – as mulheres são responsáveis pela execução de tais valores. Por mais que já tenham conquistado ambientes tradicionalmente masculinos, como o corporativo, são elas, ainda, que desempenham a maior parte das funções domésticas, as relacionadas à família e, sobretudo, ao cuidado dos filhos.

“Não adianta apenas mudarmos o discurso, é preciso mudar as estruturas sociais que sustentam a definição dos papéis masculino e feminino”, diz o psicólogo Benedito Medrado, do Núcleo de Pesquisa em Gênero e Masculinidades da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). “Como podemos esperar que todos, homens e mulheres, possam exercer funções associadas ao cuidado, ao acolhimento, ao afeto, se a licença-paternidade se resume a cinco dias e, em muitos hospitais, os homens não são bem-vindos como acompanhantes de doentes ou gestantes?”

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Mirian Goldenberg dá ênfase ao fato de que os valores mencionados na pesquisa, na verdade, são neutros. “Acabaram atribuídos a homens ou mulheres por razões culturais”, diz a antropóloga. “No Brasil, tudo o que diz respeito à casa, ao cuidado e ao outro é considerado feminino, ao passo que os valores ligados ao trabalho e ao mundo exterior são tidos como masculinos.”

Também fazem parte do projeto duas séries de minidocumentários sobre Humanidade. “Ao trabalhar com essas histórias, estivemos em busca dos melhores fragmentos de uma vida em que, em geral, era isso o que aparecia. Para mim, foi uma experiência muito emocional!”, diz a jornalista Mônica Waldvogel, responsável pelos roteiros dos filmes.

O Valor do Feminino também mostrou que, embora já tenha sido amplamente ocupado pelas mulheres, o mercado de trabalho ainda supervaloriza perfis mais masculinos: competitivos, eficazes e menos acolhedores. E os profissionais não estão contentes com essa realidade. “Estamos em um período de transição. Este mundo ideal e melhor já existe na cabeça de cada um que o deseja”, avalia Mirian Goldenberg. “Ele só precisa ser legitimado. Afinal, os discursos mudam muito rapidamente, mas os comportamentos demoram um pouco mais.”

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(Divulgação/Divulgação)

Reflita mais sobre este e outros temas em #OValorDoFeminino.

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