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A história louca (e real) de quando a Copa do Mundo foi roubada no Brasil

A Copa do Mundo já foi nossa, mas foi roubada em 1983. Lembre da história maluca e esquisita e mal explicada do sumiço da Jules Rimet.

Por Ligia Helena
Atualizado em 16 jan 2020, 11h38 - Publicado em 14 jul 2018, 10h10

Você sabia que a Copa do Mundo já foi roubada no Brasil? Não estamos falando de um jogo roubado que levou alguém a ganhar o troféu injustamente. Estamos falando da história louca e real de quando a Taça Jules Rimet, que era o prêmio dado aos campeões da Copa do Mundo, foi literalmente roubada da sede da CBF, no Rio de Janeiro. Isso aconteceu há 35 anos, e por isso talvez você não lembre. Mas MdeMulher também é história, e essa a gente vai contar direitinho para vocês.

A história da Taça Jules Rimet

A Taça Jules Rimet foi o prêmio dado para os vencedores da Copa do Mundo de 1930 até 1970. Era um troféu feito de ouro puro, que representava Nice, a deusa grega da vitória. Ela ficava sobe uma base de mármore com plaquinhas que registravam os nomes dos vencedores da Copa. O peso total, somando ouro e mármore, era de cerca de 4kg. E ela era, claro, muito desejada.

Taça Jules Rimet Copa do Mundo
(Mary Turner/Getty Images)

Logo que ela foi criada, o então presidente da Fifa, não por coincidência chamado Jules Rimet, sugeriu que a Taça mudasse de mãos a cada conquista. Então, de quatro em quatro anos, o país que vencia a Copa levava para casa o troféu. Mas havia um detalhe: uma vez que uma seleção conseguisse vencer três edições do campeonato – ou seja, conquistasse o tri -, ela teria a posse definitiva da Taça.

Pois bem. O Uruguai conquistou a taça em 1930 e 1950. A Itália levantou a Jules Rimet em 1934 e 1938. E o Brasil, em 1958, em 1962… e em 1970. Foi a primeira seleção tricampeã do mundo, e, sim, levou a Jules Rimet para casa ~para sempre~.

Brasil campeao copa do mundo 1958
Essa foi a primeira vez que o Brasil foi Campeão do Mundo, em 1958. Olha a Jules Rimet ali no meinho. (Central Press/Getty Images)

A Taça do Mundo foi então colocada para exibição na sede da Confederação Brasileira de Futebol, a CBF, no centro do Rio de Janeiro. Por algum motivo misterioso e jamais explicado, a taça original estava exposta ao público, enquanto o cofre da instituição guardava… uma réplica. A taça ficava na sala de troféus, e como símbolo máximo dos êxitos futebolísticos brasileiros, ficava protegida por vidros à prova de bala. Mas o que prendia o vidro à parede era uma frágil moldura de madeira.

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A história do roubo

Foi na noite de 19 de dezembro de 1983 que o troféu foi roubado. Com um pé-de-cabra, os ladrões arrancaram a tal moldura de madeira e conseguiram tirar a Copa do Mundo da sede da CBF com facilidade. Obviamente o desaparecimento do troféu teve grande repercussão, tanto no Brasil quanto no exterior. A Polícia Federal foi acionada para ajudar nas buscas pela taça. Suspeitos foram presos, mas depois soltos por falta de provas.

A história começou a ser desvendada depois que Antônio Setta, notório arrombador carioca dos anos 1980, delatou Sérgio Peralta para a polícia. Segundo Setta, Peralta o convidou para fazer parte do roubo, mas ele declinou.

Sérgio Peralta era o representante do clube Atlético Mineiro na CBF, e por isso tinha acesso ao prédio e conhecimento do que acontecia lá dentro, inclusive da fragilidade da segurança. Além dele, mais três homens participaram do roubo: Chico Barbudo, que era ex-policial; Luiz Bigode, amigo de Chico, e o argentino Juan Carlos Hernandez, ourives que foi o responsável por derreter a taça para poder vender o ouro sem levantar suspeitas.

O que aconteceu com os ladrões?

Mas isso não quer dizer que a justiça foi feita. Em 1985 o delator Antônio Setta morreu, depois de sofrer um ataque cardíaco. Em 1988, Peralta, Barbudo e Bigode foram condenados a nove anos de prisão, e Hernandez a três anos de detenção.

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Chico Barbudo recorreu, mas enquanto aguardava a decisão da justiça, foi assassinado em 1989. Sérgio Peralta viveu anos foragido, até ser preso em 2001. Foi libertado em 2003 e, depois de um infarto, morreu. Bigode foi preso em 1995 e cumpriu três anos da pena. Juan Hernandez nunca cumpriu a pena por ter derretido a Jules Rimet. Em 1998 foi preso por tráfico de drogas, e ficou preso por sete anos. O ouro e o dinheiro da taça derretida nunca foram encontrados.

E a gente não tem mais a Taça?

Pois então, não. A Taça Jules Rimet histórica, que passou por todos os vencedores da Copa do Mundo até 1970, e que marcou o tricampeonato do Brasil, infelizmente não está mais entre nós (talvez o ouro dela esteja em joias usadas por gente chique no Rio de Janeiro, mas jamais saberemos).

Em 1984, ano seguinte ao roubo, a Fifa cedeu ao Brasil uma réplica idêntica à Jules Rimet. Carlos Alberto, capitão da seleção campeã em 1970, foi buscá-la na Alemanha e disse que a réplica era até “mais bonita que a original”. A réplica está exposta no Museu da Seleção Brasileira, que fica na nova sede da CBF, na  Av. Luís Carlos Prestes, 130, na Barra da Tijuca, Rio de Janeiro. 

A atual Copa do Mundo, que foi entregue pela primeira vez em 1974 para a então Alemanha Ocidental, não fica mais definitivamente com ninguém. Ela passa de campeão em campeão, e quem conquista o Mundial por três vezes ganha uma réplica em bronze banhado a ouro. A única seleção a conquistar este feito até o momento é a Alemanha, que ganhou em 1974, 1990 e 2014. Quando o hexa vier, o Brasil também terá essa honra. 

 

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