8 situações que parecem só brincadeira, mas ajudam na formação da criança
Preparar uma receita com os pais ou uma passeio na praia podem proporcionar instrumentos importantes para o aprendizado dos pequenos.
Talvez nós não percebemos o que há por trás de algumas brincadeiras ou passeios, mas eles ajudam no desenvolvimento cognitivo das crianças, sabia? Não é só na escola que os pequenos trabalham a coordenação motora ou a memória. Noções de tempo e espaço ou habilidades podem ser desenvolvidos em atividades de rotina. “São brincadeiras simples que, a longo prazo, trazem ganhos. Às vezes, aquela meia hora que os pais brincam com os filhos, mesmo cansados, no futuro, são horas de estudo poupadas para a criança, que vai crescer com uma memória e entendimento cognitivo melhor”, afirma a especialista em psicomotricidade, Carolina Dattein.
Separamos 5 situações para serem vistas por um ângulo diferente. Vamos lá, papais?
Abrir um presente e colocar na boca
Você já deu um presente para um bebê e ele se interessou mais pelo embrulho do que pelo brinquedo? Apostamos que a resposta é sim. Nós, adultos, podemos achar estranho e até tentar chamar a atenção da criança para o novo chocalho ou ursinho de pelúcia, mas explorar – com a boca, inclusive – materiais simples, de diferentes texturas e formatos, como uma sacola de plástico ou a fita de cetim do laço, também agregam muito no desenvolvimento infantil, ao trabalhar os sentidos da criança. “A boca e a mão são os maiores instrumentos de aprendizado de um bebê. A partir do contato com os materiais, ele tira suas próprias conclusões, como o que é macio ou áspero”, explica a pedagoga especializada em psicopedagogia, Silvia Amaral.
Brincar de se esconder e aparecer
É uma delícia quando o bebê começa a interagir, com aquela risada gostosa ou batendo palminhas. E aí, nós, adultos babões, colocamos um tecido na frente ou as mãos para se esconder e depois, rapidinho, aparecer de novo – a clássica brincadeira do “achou”. Além de fofo, essa simples distração já está trabalhando na criança pequena concepções importantes. “Para o bebê, o simples fato de se esconder e brincar de achar, dá uma noção de tempo (mesmo que por um período curto). A criança chora quando não vê o adulto, mas isso vai estendendo com a prática, ajudando a estruturar as matrizes de tempo e espaço”, esclarece Carolina.
Cozinhar com os pais
Preparar uma receita com o pequeno pode ser uma experiência divertida e de aprendizagem, ao mesmo tempo. Carolina conta que até para as crianças ainda não letradas essa atividade é interessante. “Elas vão separar os ingredientes e as quantidades, trabalhando a quantificação e matemática. Nesse processo, podem notar, mesmo sem saber do conceito de densidade, que a manteiga é mais densa do que a farinha ou que mesmo o volume da farinha sendo maior o da manteiga é mais pesado, por exemplo”. Outro ponto legal nessa prática é mostrar para a criança o elencar dos fatos, cada etapa até que o prato esteja finalizado, já que estamos acostumados a consumir alimentos industrializados prontos. E o melhor, no final, eles ainda aproveitam e raspam a panela.
Ajudar nas tarefas de casa
Não precisa ser nada pesado ou chato, sempre respeitando as limitações dos pequenos, claro. Dividir as tarefas de casa favorece toda a família, inclusive, as crianças, como explica a psicomotricista: “É importante para as crianças a sensação de pertinência – fazer parte da história, não simplesmente ser passiva. Arrumar a cama já pode ser uma maneira dela participar. Além do mais, quando ela coloca a pontinha do lençol embaixo do colchão está trabalhando os conceitos espaciais (em cima, embaixo, dentro, fora)”. E ela ainda completa: “O simples exercício de ajudar a organizar a gaveta de meias, por exemplo, ao achar os pares, ela trabalha o pareamento e a classificação. Depois, por volta dos 4 anos de idade, ela pode aprender a fazer a bolinha com a meia, estimulando os movimentos de braço”.
Ir brincar na casa de um amiguinho
A interação e brincadeira com outras crianças é fundamental na formação infantil. A escola é um lugar ótimo para isso, mas não precisa ser o único, né? Conviver e brincar com outras crianças em outros espaços e num âmbito mais pessoal traz novas possibilidades de amadurecimento. Então, chamar um amiguinho para brincar sua casa ou ir na casa de um colega é muito mais que divertido – uma maneira de trazer para a criança a diversidade e o respeito. (Claro, que esse processo deve acontecer de forma natural, respeitando a vontade e o tempo de cada criança e com o conhecimento e confiança dos pais). “Essa troca de pessoas e lugares é uma vivência muito legal para as crianças. Elas podem observar outros tipos de famílias e os seus diferentes funcionamentos, passando por uma aprendizagem social e emocional muito importante”, ressalta a psicopedagoga Silvia.
Ter um animal de estimação
A parte emocional também é um aspecto fundamental no desenvolvimento infantil. Ter um bichinho ajuda os pequenos a criarem vínculos de cuidado, respeito e senso de responsabilidade. “A criança pode ajudar a conferir se tem comida e água ou levar o bichinho pra passear. A repetição desses cuidados, criando uma rotina, para ela interiorizar os conceitos e ter uma aprendizagem significativa. A parte lúdica emocional tem grande importância no processo de aprendizagem”, explica Carolina. A dupla doguinho e criança é a mais fofa, disparado, né?
Aproveitar um dia na praia
Uma viagem ao litoral é perfeito para relaxar e sair da rotina. Para as criançada, é sinônimo de muita diversão: pular ondinhas, jogar bola, construir castelinho de areia. Mas não é só brincadeira. A praia é um paraíso de estímulos para os pequenos, de acordo com Silvia. “Ao equilibrar a areia na pá e jogar no baldinho, a criança desenvolve habilidades manuais, trabalhando a coordenação motora. Ela percebe que ao molhar a areia, muda a consistência dela. Vai brincando e descobrindo o que pode transformar e criar com aquele material ali presente”.
Além disso, sair da tela do smartphone ou tablet e brincar ao ar livre, em contato com a natureza, na praia ou no campo, é necessário e divertido!
Passear no parque
Outro passeio legal e produtivo é o parque! Aproveite o momento de diversão e as árvores para trabalhar referência de distância e planejamento espacial com a criançada. “‘Vamos andar de bicicleta até aquela árvore que é mais alta!’, ‘Quanto tempo a gente leva para dar dez passos até aquela árvore?'”, orienta Caroline para estimular os pequenos. E que tal um piquenique? Isso requer que as crianças lidem com o planejamento (os convidados e a comida que cada um vai levar, por exemplo), mostrando a importância da divisão de tarefas e do trabalho de equipe. Bora preparar a cestinha e a toalha vermelha?