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Só 1 em cada 4 brasileiros admite ser machista, aponta pesquisa

Ou seja: de acordo com os dados revelados pelo Instituto Avon, a maioria não "pratica" machismo no dia a dia.

Por Gabriela Kimura
Atualizado em 21 jan 2020, 00h58 - Publicado em 7 dez 2016, 11h48

Em pesquisa inédita, o Instituto Avon/Locomotiva apresentou dados sobre a percepção da população brasileira do machismo. Realizada com 1.800 homens e mulheres presencialmente, em 70 municípios brasileiros, as informações apresentadas na 4ª edição do Fórum Avon Fale Sem Medo abrem um panorama interessante para o desenvolvimento de políticas educativas sobre gêneros.

Teoria x prática

Quando se trata de preconceito, 89% acreditam que as mulheres negras sofrem mais que as brancas, enquanto 88% reconhecem, também, a desigualdade entre gêneros. Além disso, 67% afirmam que as tarefas domésticas e a educação dos filhos devem ser responsabilidade igual para homens e mulheres. 6 em cada 10 dizem que todas as mulheres devem ser respeitadas, independente de sua aparência.

Na prática, no entanto, a realidade é outra. Se no campo teórico os entrevistados reconhecem as ideologias da igualdade de gêneros, quando questionados sobre violência doméstica, estupro e slut shamming, a maioria ainda culpabiliza a vítima. 61% disseram que a mulher que se deixa fotografar também tem culpa quando o homem divulga as imagens íntimas sem autorização.

E, se na pesquisa do Datafolha que apontava que para 1 em cada 3 brasileiros acha que a mulher era culpada pelo estupro de acordo com suas roupas (ou comportamento), a do Instituto Avon não foi diferente: 27% concordam que, em alguns casos, elas têm culpa por terem sido estupradas.

Talvez o cerne do problema esteja no fato de que a maioria desses entrevistados não identifiquem atitudes machistas em seu dia a dia: as pessoas reconhecem a existência do machismo, mas dizem não praticá-lo. E também que parte considerável da população desconheça absolutamente o que significa o sexismo na sociedade – dos 38% que “conhecem só de ouvir ou nunca ouviram falar”, 8% acham ele positivo.

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E então, qual poderia ser a solução para o abismo que existe entre homens e mulheres atualmente? Uma das principais formas é por meio do movimento feminista: ainda que não se saiba muito sobre ou nunca tenha ouvido falar, a maioria das pessoas o considera positivo para a sociedade. Apesar de metade achar que feminismo é o contrário do machismo – na verdade, a luta feminista é pelo fim da desigualdade entre os gêneros, mas não supõe opressão de um sobre o outro. “O feminismo acredita que as mulheres devem ser iguais aos homens, estando lado a lado”, reforça Amanda Lemos, da ONU Mulheres.

Esse conhecimento deturpado do movimento, por sua vez, não impacta na opinião pública: 63% acreditam que os homens podem, sim, ser feministas. O que isso quer dizer? Significa que a luta pela igualdade é feminina, porém, é ainda maior e mais forte quando todes entram na dança para acabar com o machismo – que mata mulheres diariamente.

A conversa com os homens

Nessa discussão, há muito “pano para manga”, já que 31% dos homens admitem ser machistas, mas não sabem como agir para deixar de lado tais atitudes. Olha só: 6 em cada 10 homens querem melhorar a postura em relação as mulheres.

O problema, no entanto, é aquele medo de “não ser aceito” no grupo. Eles têm medo de reclamar sobre fotos de mulheres nuas nos grupos de WhatsApp, de defender os direitos das mulheres entre outros homens e – pasmem – pagar ~mico~ de fazer isso entre os amigos.

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Veja também: Ser machista afeta a saúde mental dos homens, mostra estudo

Quando questionados sobre qual seria a melhor contribuição para a igualdade de gênero, na opinião deles, a resposta é sobre a educação das crianças. Além disso, não ter atitudes machistas, conversar com outros homens e não apoiar as tais atitudes preconceituosas e sexistas também aparecem como propostas. Pena que, para 35%, a responsabilidade de cuidar dos filhos e da casa é da mulher – eles acreditam que deveriam “ajudá-las” mais.

A disparidade fica por conta do que a população, como um todo, naturaliza e tolera: 78% não interferem nunca em brigas de casal ou somente em casos de violência extrema. Esse dado é assustador e reflete claramente a forma de pensar da sociedade brasileira, que não reconhece que a culpa nunca é da mulher, independente de quaisquer outros fatores.

Não só isso, mas as mesmas mudanças que eles apontam como o principal caminho para acabar com o machismo, são vistas como desconfortáveis: 48% nunca deixaria o filho brincar de boneca, por exemplo.

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E eles também têm uma atitude defensiva quando são chamados de machistas; a mudança, na opinião dos entrevistados, vem de uma conversa honesta com aqueles(as) que se dedicam a explicar, pacientemente, como o machismo atinge as mulheres. Como pontua o cientista político, produtor cultural e ativista do movimento negro, Marcio Black, “acreditar que o homem é vítima do machismo é uma armadilha”.

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