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Viagra feminino é aprovado por agência reguladora americana

Medicamento é o primeiro no mercado a aumentar a libido da mulher

Por Stephanie Bevilaqua (colaboradora)
Atualizado em 28 out 2016, 22h55 - Publicado em 19 ago 2015, 11h12
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O chamado “Viagra cor de rosa” já pode ser vendido nos Estados Unidos. A Agência para a Alimentação e Medicamentos norte-americana (FDA) aprovou a comercialização do Addyil, da farmacêutica Sprout, nesta terça, 18. O remédio, conhecido como “Viagra feminino”, é a primeira pílula no mercado destinada a aumentar a libido da mulher.

Como funciona

Ao contrário do Viagra masculino, que trabalha com a disfunção erétil, ele funciona equilibrando neurotransmissores, como a dopamina e a serotonina no cérebro da paciente, para tratar a perda do interesse sexual. Mas a droga pode produzir efeitos colaterais importantes, como náuseas, sonolência, queda da pressão arterial e desmaios.

Testes clínicos mostraram que as mulheres que faziam o uso do medicamento relataram 4,4 “experiências sexuais satisfatórias” ao mês, contra 3,7 de um grupo que tomou placebo (ou seja, pílulas sem medicamentos) e 2,7 antes mesmo do estudo começar.

Dra. Natália Castro, ginecologista e obstetra do Hospital e Maternidade São Luiz, de São Paulo,  explica que as diferenças entre o Viagra masculino e feminino são gritantes. O primeiro vem obrigatoriamente com a presença anatômica da ereção. Além disso, ele deve ser tomado cerca de uma hora antes da relação – logo antes das preliminares. “É necessário um estímulo do desejo para haver a dilatação dos vasos sanguíneos, pois é uma ação orgânica”, completa.

Já a mulher tem vinculado o desejo sexual a outros organismos. E o cérebro é o principal deles. Sendo assim, o remédio para elas não pode ser tomado antes de transar. “Deve-se manter um uso contínuo para que assim possa agir direto no hipotálamo, área cerebral responsável pelas nossas emoções. O remédio age como um antidepressivo”, diz a médica.

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Outras tentativas

A venda tinha sido rejeitada em 2010 e em 2013, pois os especialistas afirmaram que os resultados não eram convicentemente eficazes. O uso por mulheres após a menopausa ainda devem ser estudados. “A aprovação de hoje oferece às mulheres afetadas por seu baixo desejo sexual uma opção de tratamento aprovada”, declarou Janet Woodcock, diretora do Centro de Avaliação e Pesquisa dobre drogas do FDA, em nota divulgada pela agência.

A “cura”

O desejo feminino é multifatorial, por isso que é difícil de ser tratado. São muitos os fatores que impedem a presença de desejo sexual. A mulher pode até ter vontade de transar, mas, se ela tem muitos compromissos, resolve primeiro seus problemas para depois pensar em sexo. “Isso é sociocultural”, conta a ginecologista. “Interpretamos isso como ausência de desejo, mas, na verdade, pode ser uma falta de conversa ou de um entendimento de que isso é uma fonte de prazer. Precisamos verbalizar mais o assunto”.  

É mesmo eficaz?

“Vamos precisar estudar caso a caso, mas acredito que, se eficientes e com poucos efeitos colaterais, os remédios poderão ser indicados para mulheres mais velhas, que, por questões hormonais, estão com a vida sexual comprometida. Em geral, entramos na menopausa aos 50 anos, quando há uma diminuição da produção de testosterona (presente nas duas medicações) e, consequentemente, do desejo. Essas medicações podem ser de grande valia para nos deixar ardentes na maturidade. Pelo menos, resolve a questão química, mas não os fatores emocionais. De qualquer forma, é bom para essa geração de mulheres que se mantêm ativas em vários aspectos e também querem ter uma vida sexual satisfatória. Continuando a transar, usufruímos efeitos colaterais positivos. Por exemplo, hoje se sabe que quem faz sexo com frequência (o que não quer dizer quantidade, mas constância) tem maior capacidade de aprendizado, memorização e cognição. Além disso, a relação sexual envolve gasto de energia, libera ocitocina, que dá sensação de pertencimento, e deixa pele e cabelo bonitos.”, afirma Carmita Abdo, coordenadora do Programa de Estudos da Sexualidade (ProSex), do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo.

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A ingestão deve ser contínua, pois ele só começa a fazer efeito após algumas semanas. A venda ainda não está disponível em outros países. Antes de chegar ao Brasil, o fabricante precisa pedir a aprovação da Anvisa (Agência de Vigilância Sanitária) – ainda sem previsão.

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