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Veja como o WhatsApp ajudou uma família a vencer a balança e perder, em conjunto, quase 60kg

O aplicativo uniu a empenhada turma: um grupo de oito parentes, de várias idades, espalhadas pelo Brasil, apostou para ver quem emagreceria mais ao longo de 2015. Via WhatsApp, elas compartilharam dicas e incentivos

Por Giuliana Bergamo (colaboradora)
Atualizado em 28 out 2016, 19h33 - Publicado em 4 jan 2016, 15h32

A história a seguir é sobre uma turma de mulheres que resolveu vencer a balança ao longo de um ano. Juntas, elas perderam quase 60 quilos. Tudo começa no churrasco de 25 de dezembro do ano passado, tradição dos Xavier, família à qual sou agregada. Todo fim de ano, eles, que são gaúchos mas se espalharam pelo Brasil, reúnem cerca de 50 pessoas – entre pais, irmãos, tios e primos da minha sogra, Uiara –, no interior do Rio Grande do Sul, para comemorar a véspera e o dia de Natal. Toda família brasileira capricha no cardápio nessa época do ano, mas você não faz ideia do esmero dos Xavier, que têm predileção por carnes e divinos doces, sobretudo os portugueses (cheios de ovos e açúcar).

Foi no meio dessa comilança que tomei uma resolução para o ano novo. Àquela altura, tinha chegado ao fim meu período de ‘liberdade’, marcado por duas gestações e duas fases de amamentação próximas, em que, graças aos hormônios, comia sem pensar e conseguia manter o peso baixo. Em dezembro, porém, fazia seis meses que meu caçula parara de mamar e eu, consequentemente, estava em franco processo de engorda (foram 3,5 quilos de julho a dezembro e outros 2,7 quilos na fazenda dos Xavier). Para completar, sabia que, depois dos 30, não há nada que ajude. É fechar a boca ou conviver com o sobrepeso e seus malefícios (como risco aumentado para diabetes e doenças cardíacas), a ladainha que conhecemos, mas relutamos em enfrentar. Estava decidida a adotar um estilo de vida novo.

Foi, portanto, feliz que aceitei o desafio proposto por Denise, prima da minha sogra: ‘Vamos fazer uma aposta para ver quem emagrece mais?’ Cada uma ficaria livre para escolher a dieta que quisesse. Via WhatsApp, trocaríamos dicas de receitas, métodos, conselhos, incentivo e, claro, fofocas da família. A cada dois meses, nos pesaríamos e enviaríamos para o grupo a foto dos nossos pés sobre a balança. Como moderadora, Denise colocava tudo em planilhas e gráficos caprichados. Cada participante apostaria 25 reais por mês e, ao fim do primeiro semestre, quem emagrecesse a maior porcentagem do peso inicial levaria a bolada. No final do ano, se voltasse a engordar, a vencedora teria de devolver o dinheiro. Estipulamos 1o de janeiro como a data de largada.

A tia mais sarada do meu marido seria uma espécie de guru da turma. Angela é um exemplo. Aos 53 anos, pesa 54 quilos (sendo apenas 17,3% de gordura corporal), distribuídos em 1,62 metro de altura. De segunda a sexta, antes de trabalhar, passa no mínimo duas horas na academia e, nos fins de semana, pedala 25 quilômetros nos arredores de Salvador, onde vive. Mas nem sempre foi assim. Quando menina, ela comia errado também. ‘Almoçava batata frita e milk-shake’, diz. Aos 35 anos, casada e com dois filhos pequenos, começou a se sentir muito cansada e resolveu matricular-se em uma academia. ‘Percebi que só teria resultado se cuidasse da alimentação; então, comecei a ler tudo sobre o tema.’ Hoje, ela passa a noite em uma festa consumindo só água. ‘O prazer que muitas sentem em comer, sinto em resistir.’

De volta ao interior de São Paulo, onde mora, minha sogra escolheu a dieta dos Vigilantes do Peso. ‘Já usei o método outras vezes e me adapto bem a ele, pois não tem um cardápio rígido, cheio de regras, horários e receitas planejadas’, explicou. Magra durante a juventude, ela começou a engordar depois que engravidou pela primeira vez, há 40 anos. Desde então, vive o efeito sanfona. Já fez diversos regimes e até chegou a tomar sibutramina – desde 2011, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária impôs regras mais rigorosas para o uso do medicamento. Disciplinada, Uiara frequenta a academia três vezes por semana. Independentemente do peso, sempre foi disposta e animada e leva uma vida social e profissional intensa. Em outubro de 2013, porém, uma fratura no pé esquerdo lhe rendeu uma dor crônica no joelho e um problema para andar. Segundo seu médico, a única solução seria perder peso. ‘O duro é que, por causa da dor e da dificuldade para me locomover, fiquei ansiosa e passei a consumir doces como nunca.’

Ela preferiu não participar dos encontros semanais, que são parte do programa dos Vigilantes do Peso, método criado na década de 1960 por um grupo de americanas que se reunia para trocar informações sobre dietas. Com base no sistema que atribui pontos a cada alimento, libera o consumo de tudo com moderação. Por um aplicativo no celular, minha sogra tem acesso a orientações e computa o que consome.

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Comprei online um pacote da controversa dieta do nutrólogo francês Pierre Dukan – considerada muito rígida e com finalidade puramente comercial, fez com que ele fosse expulso do colegiado de médicos franceses, mas continua tirando milhares de pessoas da obesidade mundo afora. Eu estava disposta a arriscar com cuidado. Afinal, não tenho muita paciência com dietas longas e, até então, só tinha boas notícias de quem havia aderido ao regime, baseado no consumo de proteínas. Nos primeiros dias, a escassez de gordura e açúcar faz o metabolismo entender que é preciso consumir as reservas. É uma delícia sentir que está emagrecendo logo de cara, mas esse choque de gestão dá certa tontura – e excitação. Relatei os sintomas por e-mail ao site do programa e responderam que deveria melhorar em cerca de 48 horas. Foi o que aconteceu. Logo entrei em uma fase de perda de peso rápida e notável (quase 3 quilos na primeira semana) sem passar fome e com menos fissura por doces e carboidratos. Aliás, sinto o efeito discretamente até hoje. ‘Mas, se não tomar cuidado, a vontade de açúcares pode voltar’, alertou-me o próprio Dukan em entrevista por telefone. Assim, encarei a dieta por sete semanas. Não segui à risca, mas emagreci muito nesse período e estava confiante de que teria chances de vencer a competição. Só sentia muita falta de frutas, que são proibidas.

Denise, que tem 56 anos, decidiu não seguir dieta. ‘Sei que meu problema são pães e doces. Basta controlar o consumo que emagreço’, conta. Além disso, ela, que mora em uma fazenda, começou a caminhar, andar de bicicleta e fazer outros exercícios. Para nos estimular, enviava fotos hilárias de suas práticas no campo. Sua irmã mais nova, Lucia, 43 anos, também estava na competição. Por conta própria, reduziu o consumo de carboidratos e cortou o álcool. Cristina, 50 anos, irmã delas, já fez ‘todo tipo de regime’, mas nunca foi gorda. Comprou um pacote Dukan pela internet. Glaura, 46 anos, tinha um grande desafio pela frente. Na bagunça da rotina (tem dois filhos pequenos, faz banquetes para festas e está cursando o último ano de sua segunda graduação em… gastronomia!), ganhou um volume exagerado de peso. Todas demos conselhos, e ela também optou pela Dukan. Já a mãe dela, Carmen, 76 anos, partiu para uma reeducação alimentar com nutricionista. Liége, 58 anos, entrou no fim do semester e resolveu seguir a opção da Uiara: Vigilantes do Peso.

Na primeira pesagem, em 1o de março, eu e Uiara estávamos na frente. Poucos dias depois, peguei uma virose e coloquei em dúvida o que estava fazendo com meu organismo. Achei que deveria procurar ajuda.

Consultei, então, uma nutricionista. Adotei algumas orientações, como tomar água com limão em jejum pela manhã, para potencializar as funções hepáticas – a quebra de gordura, entre elas –, reduzir o consumo de trigo e trocar o pão por um suco de frutas e verduras no café da manhã. Assim, no final de março, atingi minha meta e cheguei aos 60 quilos. Estava animada e confiante com as chances de ganhar a aposta.

Assustadas com o rigor do regime, Cristina e Glaura abandonaram a Dukan. Lucia e Carmen estavam emagrecendo, mas não tinham pressa. E Liége havia acabado de entrar para o grupo. Denise ia bem, mas minha sogra era a grande rival. Faltando alguns dias para a pesagem final, Uiara chegou em casa e encontrou uma caixinha que viera pelo correio. A remetente: Denise. Dentro, doces: geleia de mocotó com doce de leite, nozes caramelizadas, doce de abóbora e de batata. ‘Um mimo’, escreveu a prima na carta que acompanhava a gracinha. Era uma prova de que não estava ali só para brincar. Nem Uiara, que não provou nem um só pedacinho.

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O dia 1o de julho, finalmente, chegou. E, com ele, surpresa: Denise tinha perdido 8 quilos; e Uiara, 14,4 quilos – o que me deixou na terceira posição, com 7,7 quilos a menos. As outras emagreceram também e concluíram que o grande motor havia sido nossa união por um ideal, não os métodos escolhidos. ‘Dietas em grupo, em geral, têm um efeito muito bom’, diz o psiquiatra especializado no atendimento de obesos Arthur Kaufmann, do Hospital das Clínicas, em São Paulo. ‘Além de trocarem experiências, os participantes sentem–se observados e cuidados pelos outros.’ Neste segundo semestre, as pesagens continuaram.

A última foi no dia 15 de dezembro. Não há chance de Uiara devolver o dinheiro. Até novembro, ela havia perdido impressionantes 18,3 quilos. ‘Não teria tal desempenho sem o grupo’, afirma. Está mais magra, feliz e quase sem dores. Denise que, pela primeira vez, enfrentou o rigoroso inverno gaúcho emagrecendo, e não engordando, certamente continuará como segunda colocada. Eu corro o risco de perder a terceira posição para Carmen, que já eliminou 6,8 quilos. Ainda assim, estou satisfeita. Só não sei como administrar os próximos 15 dias de férias no reduto gastronômico dos Xavier. 

Os (impressionantes!) resultados

1a colocada: Uiara
Idade: 60 anos
Altura: 1,68 metro
Peso atual: 74 quilos
Perdeu: 18,3 quilos, 20% do total
Dieta escolhida:Vigilantes do Peso

2a: Denise
Idade: 56 anos
Altura: 1,58 metro
Peso atual: 58,2 quilos
Perdeu: 9 quilos, 13% do total
Dieta escolhida: reduziu muito o consumo de pães e doces

3a: Giuliana
Idade: 34 anos
Altura: 1,64 metro
Peso final: 60,3 quilos
Perdeu: 7,4 quilos, 10% do total
Dieta escolhida: Dukan e aconselhamento nutricional

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