Qualidade de vida sem hormônios é possível para mulheres com câncer de mama
A qualidade de vida da mulher sem hormônios foi tema Casa Clã MAMA 2024
Ondas de calor, insônia, mudanças abruptas de humor e mais uma série de desconfortos associados à menopausa também são enfrentados por mulheres em tratamento para câncer de mama que precisam passar pelo bloqueio hormonal. O que pouco se fala é que essa realidade não precisa ser definitiva. É possível viver bem sem hormônios e esse foi o tema de uma das conversas da Casa Clã MAMA, no dia 04 de outubro.
Com mediação de Helena Galante, diretora de conteúdo de CLAUDIA e Boa Forma, a oncologista Ana Baccarin, a hematologista Regina Chamon e suas pacientes Ana Paula Santos e Marta Martinez, compartilharam experiências que podem transformar a jornada oncológica de muitas mulheres.
“Quando pensamos na menopausa natural, o corpo vai se preparando, os hormônios oscilam, a mulher tem tempo para se adaptar. Ao passo que uma menopausa induzida, seja por remédio ou tratamento cirúrgico, é uma coisa muito abrupta e súbita. A adaptação tem que ser feita na marra”, afirma Regina Chamon.
Para tudo tem um jeito
Quando Ana Paula voltou ao seu médico após as primeiras semanas de bloqueio hormonal, ela estava sofrendo com uma disfunção que impactou profundamente sua vida sexual e esperava encontrar soluções. Mas o que ela ouviu foi que “é assim mesmo e cuidado para não engordar”.
“Do dia para a noite, me vi como se estivesse privada da minha feminilidade. Não me via mais mulher porque não conseguia sentir prazer, sentia muita dor. Aí vieram outras coisas, como as ondas de calor, insônia e questões cognitivas, e fui diagnosticada com transtorno de humor”, conta.
As coisas só começaram a mudar depois que ela conheceu a oncologista Ana Baccarin e aprendeu que alguns hábitos, como uma boa alimentação e a prática de atividades físicas, poderiam ajudá-la a viver com mais bem-estar e equilíbrio.
“Não é aceitável ter uma vida privada de qualidade”, afirma a especialista. “Na consulta, descobrimos fatores de vida que não eram vistos, então a gente adequa o estilo de vida da mulher e o somatório disso vai ficar até mais positivo do que antes da doença.”
Já com Marta Martinez, além dos desconfortos, ela também precisou enfrentar o estigma da menopausa. “Criei muitas expectativas, tinha preconceito. Quando entrei na menopausa induzida eu me crucifiquei, não queria estar ali”, conta.
Aliada a essa frustração, a insônia persistente abalou o estilo de vida que ela estava acostumada. Acordar às cinco da manhã para dar aula de yoga se tornou um pesadelo. “Eu não dormia mais e a irritabilidade estava à flor da pele. Foi uma desconstrução perceber que eu era uma nova pessoa”, afirma.
Com a hematologista Regina Chamon, Marta aprendeu que as práticas de gerenciamento do estresse e a higiene do sono contam tanto quanto ansiolíticos, e que praticar exercícios é importante assim como a quimioterapia.
“Nossa ideia não é fazer uma coisa em detrimento da outra, mas integrar tudo o que temos disponível, que seja seguro, e fazer com que ela tenha uma melhora na qualidade de vida”, explica a especialista.
“Qualidade de vida passou a ser me priorizar, porque a gente não é treinada para esse lugar. Falar ‘não’ foi libertador. A meditação e o yoga foram me trazendo de volta para perceber que a qualidade de vida agora é outra”, diz Marta.
Um passo de cada vez
Mesmo que as alternativas para viver bem sem hormônios sejam possíveis, as especialistas lembram que é importante ir com calma para conhecer as estratégias que vão funcionar individualmente para cada mulher.
“Às vezes, tem paciente que é muito dura consigo mesma e pensa que se não puder treinar todo dia, só pode ser sedentária. Mas treinar uma vez por semana é melhor do que nada. Estamos adoecendo por um excesso de sobrecarga e falta de autocuidado, mas somando coisas simples no tempo que a gente tiver disponível, sendo mais gentil conosco, vamos conseguir nos organizar”, afirma a oncologista Ana Baccarin.
“Muitas vezes, a gente não acerta esse caminho de cara; tem que testar algumas possibilidades, apoiar as pacientes para que elas se conheçam e entendam suas reais necessidades”, diz a hematologista Regina Chamon.
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