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Por que devemos consumir menos refrigerante?

Ele é um dos principais fatores para o desenvolvimento de doenças como o diabetes, está intimamente relacionado à má alimentação e, pasme, o problema não está apenas na quantidade de açúcar branco

Por Débora Stevaux (colaboradora)
Atualizado em 28 out 2016, 14h38 - Publicado em 12 abr 2016, 18h24
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Cerca de 30% dos jovens brasileiros com idades entre 18 a 24 anos consomem diariamente refrigerante. É o que mostram os dados do levantamento Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), do Ministério da Saúde, realizado anualmente desde de 2006 com o objetivo de monitorar os fatores de risco que podem ocasionar doenças crônicas no Brasil. Mas esta não é a única estatística alarmante: os hábitos alimentares desta parcela populacional mais nova preocupam: cerca de 28,5% dos indivíduos consultados também ingerem doces em grande quantidade. 

Carolina Arbache, nutricionista da Natue, acredita que os hábitos alimentares das pessoas nesta faixa etária sejam tão ruins porque não há uma preocupação recorrente com a saúde. “O costume de frequentar fast foods, comer guloseimas foi algo excessivamente reforçado nas últimas décadas. É por isso que cada vez mais as pessoas se viciam no açúcar, que já foi algo até associado por alguns estudiosos ao vício por drogas”, afirma. “Este consumo está diretamente associado ao consumo de produtos industrializados que contêm grande quantidade da substância e que não necessariamente são doces, como é o caso do molho de tomate e o ketchup”, completa a especialista.

A pesquisa ouviu 54 mil brasileiros, e os resultados foram divulgados pelo Ministério no Dia Mundial da Saúde, último 7 de abril. O consumo desenfreado de produtos que contêm açúcar industrializado acaba colaborando para um crescimento significativo da parcela de brasileiros adultos portadores de diabetes – desde 2006, o número cresceu de 5,5% para 7,4%. Mas o Brasil não é exceção quando o assunto é a má alimentação: em nível mundial, a quantidade de diabéticos quadruplicou desde a década de 80. A Organização Mundial da Saúde (OMS), contava com 108 milhões de pessoas em idade adulta que sofriam de diabetes em 1980; no ano de 2014, os dados assumiram assustadores 422 milhões.  

Um dos principais fatores para o desenvolvimento de doenças como o diabetes está intimamente relacionado à má alimentação. E, pasme, o problema não se concentra apenas naquele que é branco, já velho conhecido de todos nós. De acordo com Carolina, a frutose, que nada mais é que o açúcar retirado da fruta, também é algo a se prestar atenção: “Quando ingerido com a fruta não é considerado um problema, mas quando isolado para compor o sabor artificial de uma bolacha ou barrinha de cereal, por exemplo.” 

Outros carboidratos refinados como a farinha de trigo branca também são responsáveis por provocarem os chamados “picos de glicose” na nossa corrente sanguínea, e é aí que mora o problema: “Conforme a recorrência desses picos aumenta, o corpo vai criando uma resistência à insulina, hormônio que o nosso corpo utiliza para fixar a glicose que ingerimos para produzir energia.” Portanto, é necessária uma quantidade muito maior do hormônio para suprir a ingestão exacerbada de açúcares, o que pode evoluir o quadro de resistência para o padrão mais comum de diabetes, conhecido como o tipo II. 

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Malefícios do refrigerante

É por essas e outras razões que tomar refrigerantes diariamente não é uma atitude aconselhável. Em apenas um copo da bebida, pode-se encontrar 25g de açúcar – quantidade indicada para consumo diário – caso você escolha por ingerir uma latinha de 350ml, serão 40g, já ultrapassando o valor considerado saudável por dia. Mas não se engane, trocar o original pelo light ou zero, não é uma vantagem, mas justamente o contrário. “O produto pode não conter a substância em si, mas possui muito mais sódio, capaz de causar desidratação, além de outras substâncias, como os adoçantes aspartame ou ciclamato de sódio – tão perigosos para nós que sequer sabemos o risco para a nossa saúde. Mas uma certeza existe: eles não diminuem o risco de doenças crônicas”, argumenta a nutricionista. Sucos de caixinha convencionais também não são eleitos os melhores substitutos: alguns possuem ainda mais açúcar, podendo chegar de 45g a 50g por embalagem. 

Questão de hábito

E para quem acha que já acabou por aqui, saiba que pode piorar. Pense que cerca de 30% das crianças ingeriram refrigerante antes de completarem 2 anos de idade, segundo os dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), realizada em parceria com o IBGE. Muito provavelmente esteja aqui um dos principais catalisadores do vício da geração mais nova por açúcar. Para lutar contra essa corrente, o ideal é que se evite a ingestão de qualquer tipo de açúcar até o segundo ano do bebê. Mas para aquelas que estão em um desafio intenso para diminuir quantidade, Carolina aconselha: “Diminuir a oferta e dar opções de outras bebidas saudáveis e deliciosas como sucos e chás gelados é uma boa ideia. E nunca associar o consumo de refrigerantes com alguma recompensa”. 

Por mais que o preço seja menor, que você goste de “sentir o gosto de algo” quando está almoçando, a dica para aqueles que relutam em deixar de lado os refris é parar aos poucos.

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