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Por que as mulheres não saem de relacionamentos violentos?

Para tentar responder essa pergunta, o Instituto Patrícia Galvão lança, na primeira quinzena de agosto, a plataforma Dossiê Violência Contra as Mulheres

Por Nana Soares (colaboradora)
Atualizado em 21 jan 2020, 20h09 - Publicado em 30 jul 2015, 14h11
Enrique Algarra/Getty Images (/)
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Quando se pensa em violência contra a mulher, o primeiro assunto que vem à mente é a agressão doméstica causada pelo parceiro íntimo. Uma pesquisa do Instituto Avon e do Instituto DataPopular realizada em novembro de 2014 observou que 3 em cada 5 mulheres jovens já sofreram violência em seus relacionamentos. Mas por que as mulheres não saem de um relacionamento como esse?

Essa é uma das perguntas mais ouvidas pelo Instituto Patrícia Galvão, que lança, na primeira quinzena de agosto, a plataforma Dossiê Violência Contra as Mulheres. A plataforma aberta e gratuita, que estará disponível no site do Instituto, pretende reunir informação de qualidade e contextualizada sobre diversos tipos de violência contra as mulheres.

A ferramenta reúne dados, análises, pesquisas e demais informações sobre violências de gênero. Marisa Sanematsu, editora-executiva da Agência Patrícia Galvão, explica que a plataforma veio para suprir uma demanda de informações muito grande por parte dos comunicadores, público que deve ser mais impactado pelo Dossiê.

”A violência contra a mulher ganhou espaço na mídia, mas ainda é abordada como um problema individual e não social”, criticou Marisa. Por isso, o Dossiê explora também as causas e raízes da violência contra as mulheres.

Para Jacqueline Pitanguy, socióloga e coordenadora-executiva da ONG Cepia, a violência dentro dos relacionamentos se insere no cotidiano e é configurada pela repetição. Logo, é muito difícil se libertar desse ciclo. “É difícil porque é uma violência que acontece entre tapas e beijos. Ela explora a ambiguidade dos sentimentos humanos”, enfatizou.

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Além disso, há ainda a questão da autonomia econômica da mulher e a dependência emocional, “fator este que está relacionado a um aspecto simbólico, a como entendemos o masculino e o feminino”, disse.

A promotora de Justiça Valéria Scarance lembra também que o agressor geralmente é um réu primário, sem antecendentes, um “bom cidadão” que se coloca como alguém apaixonado, enquanto a vítima é tida como alguém descontrolada e sem coerência. “Fora isso, muitas vezes se coloca a culpa da agressão em elementos como álcool, drogas ou desemprego. Colocar a violência na conta desses fatores é inocentar o réu, é ignorar que a violência decorre de um padrão aprendido e não de fatores externos”.

No Dossiê, há informações sobre violência doméstica, sexual, feminicídio e a violência de gênero praticada na internet. Temas como as raízes da violência e as intersecções de gênero com o racismo e com a discriminação contra lésbicas, bissexuais e transexuais também são abordados na plataforma. São dados, pesquisas e análises sobre cada tema, além de glossário e indicação de fontes.

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