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O que as superbactérias recém-descobertas pela ciência têm a ver com a sua alimentação

Uso abusivo de antibióticos na criação de animais para abate é uma das causas para o surgimento de organismos resistentes

Por Stefanie Silveira (colunista)
Atualizado em 12 abr 2024, 11h17 - Publicado em 20 jun 2016, 12h15

Um recente estudo científico encomendado pelo governo britânico anunciou a possibilidade de que, em 2050, as superbactérias resistentes a antibióticos matem uma pessoa a cada três segundos. No último mês, uma norteamericana, internada com infecção urinária, foi diagnosticada como a primeira pessoa portadora de uma bactéria resistente ao antibiótico colistina, considerado um medicamento de último recurso para o combate a doenças infecciosas.

O perigo das superbactérias e a possibilidade de enfrentarmos infecções “incombatíveis” no futuro é um alerta constante entre médicos e cientistas. Dentro desse aviso, normalmente, costumamos focar no mau uso de antibióticos como causa para as mutações entre as bactérias. Isso ocorre quando o paciente pega uma infecção e toma o antibiótico receitado por menos dias do que o prescrito pelo médico. Essa interrupção pode fazer com que os agentes que restaram no organismo sofram mutações e se tornem resistentes ao medicamento inicial.

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Outro fator, no entanto, é tão relevante quanto esse na hora de enfrentarmos o problema: o uso indiscriminado de antibióticos na criação de animais para abate. A indústria produtora de carnes costuma aplicar esse tipo de medicamento nos animais que estão no criadouro. Isto porque, como são criados em condições ruins (espaços apertados, sem iluminação e ventilação adequada), os bichos costumam contrair doenças, o que causa perdas na produção, fazendo com que, inclusive, os remédios sejam aplicados de forma “preventiva”.

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De acordo com um estudo publicado pela Review on Antimicrobial Resistance, nos Estados Unidos, 70% dos antibióticos usados são destinados à pecuária e não a humanos. Nos países que fazem parte dos BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) o consumo de antibióticos na produção de carne deve dobrar até 2030.

O uso destes medicamentos em animais para abate não torna somente as bactérias mais resistentes, mas também os fungos, fazendo com que muitos antifúngicos se tornem obsoletos.

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Segundo os cientistas, são três os principais riscos associados ao alto uso de antibióticos na produção de carne. Primeiro, as bactérias resistentes podem passar por contato direto entre humanos e animais. Segundo, essas mesmas bactérias também podem entrar em contato com as pessoas através do próprio consumo da carne. E por último, tanto as bactérias resistentes quanto os volumes de antibióticos aplicados são excretados pelos animais no meio ambiente, contaminando também outras áreas e criando outras possibilidades de exposição ao risco.

A produção em massa de carne é responsável por uma série de problemas enfrentados pela humanidade atualmente: efeito estufa, contaminação do solo, escassez de alimentos e também riscos à saúde. Por isso, é importante colocar na balança o exato preço que podemos estar pagando para suprir um capricho do paladar. 

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