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Minha história de amamentação: Juliana, o câncer de mama e os julgamentos

Em apoio ao Agosto Dourado e à Semana Mundial do Aleitamento Materno, mães compartilham suas experiências de amamentação

Por Lia Rizzo
Atualizado em 8 ago 2018, 15h41 - Publicado em 8 ago 2018, 12h46

Na semana em que mães do mundo todo se mobilizam para lembrar da importância e dos benefícios do aleitamento materno e que, no Brasil, o mês é inteiramente dedicado à conscientização sobre o tema, CLAUDIA traz depoimentos diários de mães da vida real.

A bailarina Juliana Azoubel, 42, foi diagnosticada com câncer de mama no seio esquerdo em 2012. Na época, precisou de tratamentos, cirurgia e reposição hormonal. Havia o risco de jamais poder engravidar. Cerca de cinco anos mais tarde porém, deu à luz Larissa. A menina tinha três meses quando uma nova suspeita de câncer, agora na mama direita, veio a tona. O aleitamento passou a confundir o entendimento médico e ela precisou parar. Encontrou forças para enfrentar novamente a temerosa doença, não confirmada na época, mas contra a qual luta atualmente. No entanto, mais difícil que lidar mais uma vez com o tratamento, foi enfrentar os julgamentos de outras mães quando a filha, hoje com um ano e seis meses, era bebê.

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Juliana dá mamadeira para a filha Larissa. Ela parou de amamentar por conta da suspeita de câncer e atualmente luta contra a doença. (Arquivo Pessoal/Reprodução)

“Amamentar é lindo e tenho certeza que foi umas das experiências mais marcantes da minha vida. Mas, infelizmente, precisei parar quando Larissa estava com três meses, a partir da suspeita de câncer de mama. Só Deus sabe o quanto sofri! Preocupada em dar o melhor de mim pra ela, busquei todas as formas de alimentá-la, mantendo o vínculo, o carinho, o amor que transbordava dentro de mim. Queria que ela absorvesse todos os sentimentos de amor contidos no meu peito, menos o de frustração, inevitável no momento que vivia. Para minha surpresa, não foi ela quem rejeitou as outras formas de amor que eu estava tão disposta a partilhar. Foram algumas das outras mães, que por serem tão “politicamente corretas” e amamentarem seus filhos, passaram a olhar com desprezo para qualquer mamadeira que eu tirava da bolsa. Um dia, uma dessas mães não se contentou e depois de me olhar com desdém de cima abaixo algumas vezes, disse: “deixar de amamentar por vaidade devia ser proibido, isso é um absurdo”. Eu, que nunca tenho respostas na ponta da língua, acredito que movida pelo instinto maternal, ainda que com lágrimas nos olhos, respondi: “e deixar deamamentar por causa de um câncer, é proibido ou permitido? “. A moça ficou tão sem chão, ofereceu tanta ajuda, pediu tanta desculpa, que depois eu até me senti mal de ter dado aquela resposta… Hoje, porém, pensando e militando a favor de quem sofre calado como as mulheres com câncer e pela diversidade, com certeza daria a mesma resposta novamente. Sabe por que? Porque só quem vive uma situação difícil no contexto de amamentar, sabe o tamanho da dor e o peso da carga que carrega perante a impossibilidade de poder fazer o melhor para seu rebento. Hoje, grito ainda mais alto por mais respeito ao “invisível”, pela capacidade de respeitar as limitações do outro sem precisar saber que elas existem, por mais empatia e mais amor ao próximo. Amamentar sim, sempre que possível! Mas respeitar e praticar sempre, acima de tudo, as muitas e diversas formas de amar!”

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