Frango barrado no Reino Unido volta ao Brasil; qual o risco da salmonela?
Transmitida principalmente pela ingestão de alimentos crus, a bactéria causa enfermidades que podem levar à morte se não forem tratadas corretamente
A ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Tereza Cristina confirmou nesta quarta-feira (3) a devolução de 17 contêineres com 1,4 mil toneladas de frango ao Brasil. A carga havia sido exportada para o Reino Unido, mas foi devolvida por não atender aos padrões sanitários europeus. Ao todo, em 16 contêineres da carne apresentaram contaminação por salmonela.
Em investigação com o jornal The Guardian e o Bureau of Investigative Journalism, a ONG Repórter Brasil apurou que, uma vez de volta ao Brasil, essa carga é processada e é revendida em supermercados.
Dependendo do tipo de salmonela presente na carne, ela pode seguir dois caminhos. Caso as bactérias apresentem potencial de risco à saúde humana, o frango é cozido e transformado em nuggets, salsichas, linguiças e mortadela. Mas se a contaminação não for prejudicial de acordo com os padrões nacionais, a carne “in natura” é disponibilizada para venda.
Testes realizados pelo Ministério da Agricultura apontam que cerca de 18% da produção de frango brasileira está contaminada pela bactéria. O que está dentro dos 20% de tolerância definidos pela regulamentação que rege o setor. Na Europa, esse nível é de 3,3%.
Mas o que é a salmonela?
Muito confundido com a doença em si, salmonela é na verdade o nome das bactérias causadoras da enfermidade. Ao todo, existem cerca de 2.600 tipos de salmonelas, mas apenas duas espécies podem causar infecções no ser humano: S. enterica e S. bongori. Duas também são as doenças transmitidas aos humanos por essa bactéria: a salmonelose não tifoide e a febre tifoide. Em casos graves, ambas podem levar à morte.
Transmitida por meio da ingestão de alimentos e água contaminadas ou maus hábitos de higiene, a salmonelose age no intestino humano, a partir do qual pode entrar na corrente sanguínea e atingir outros órgãos.
Sintomas
Surgindo entre 8 e 48 horas após a pessoa ter ingerido as substâncias contaminadas, os sintomas da salmonelose podem durar de 2 a 7 dias e envolvem:
- Febre
- Dor de cabeça e abdominal
- Náuseas
- Vômitos
- Diarreia (que pode apresentar sangue)
- Perda de apetite
- Cansaço
- Mal estar geral
Semelhante aos sintomas de outras doenças gastrointestinais, eles podem ser confirmados por exames de fezes e sangue. Sua intensidade pode variar de pessoa para pessoa.
O diagnóstico correto é, aliás, fundamental para a identificação correta da doença, além de ser melhor meio de tratá-la. Especialmente grávidas, crianças e idosos devem ser examinados assim que os primeiros sintomas se apresentarem para evitar maiores complicações.
Tratamento
Em geral, é possível tratar a salmonelose em casa, mantendo o paciente em repouso e bem hidratado. Caso a infecção tenha se espalhado para além do intestino, é necessário o uso de antibióticos recomendados pelo médico. Os medicamentos também são indicados para membros do grupo de risco, composto por bebês, idosos e pessoas com imunidade comprometida.
O tempo de tratamento varia a depender dos órgãos atingidos e da condição de saúde e idade da pessoa infectada. A ocorrência de sintomas como dor nas articulações, dificuldade em urinar, artrite e inflamação nos olhos também devem ser levadas em conta.
Porém, se os sintomas se estenderem por mais de três dias, deve-se procurar o médico novamente para verificar se a contaminação não está evoluindo para formas mais graves.
Prevenção
- Sempre lave as mãos antes, durante e após a preparação ou consumo de alimentos;
- Lave bem frutas, verduras e legumes;
- Evite o consumo de alimentos à base de carne crua ou mal passada, mesmo que seja industrializado;
- Tenha muita atenção ao preparo e cozimento da carne de frango;
- Ovos devem ser mantidos sob refrigeração e servidos sempre bem cozidos;
- Lave bem os utensílios de cozinha, em especial aqueles usados na preparação de carnes cruas
- Somente beba leite pasteurizado ou fervido.
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