Estudo sugere que ter filhos protege contra o envelhecimento
Pesquisadores descobriram que a gravidez protege os telômeros no organismo da mulher
Um estudo recente sugere que, em determinadas circunstâncias, as gestações podem ajudar a proteger as células-mães do envelhecimento. O efeito do parto no corpo da mulher pode ter um efeito direto na senescência, nome dado ao processo de envelhecimento biológico.
Publicado na Public Library of Science, o estudo aponta que a gravidez tem efeitos muitos positivos no corpo da mãe. Para entender esse efeito, eles se debruçaram para estudar o papel do telômeros. Na extremidade dos cromossomos há um trecho de DNA que pode ser comparado à fita plástica das pontas dos cadarços de um calçado. Esse trecho, denominado telômero, tornou-se desde sua descoberta o centro das atenções das pesquisas biológicas em genética do envelhecimento.
E os estudos recentes apontam que o encurtamento dos telômeros está diretamente relacionado ao processo de envelhecimento. Ele agem como “contadores intrínsecos” da divisão celular, protegendo o organismo contra divisões fora de controle, como acontece no câncer, por exemplo.
Para realizar o estudo os pesquisadores analisaram a informação retirada de 94 mulheres guatemaltecas. O grupo coletou amostras genéticas das participantes e 13 anos depois recolheu novas amostras. Foi feita uma análise do comprimento dos telômeros e esse dado foi comparado com o número de filhos que cada mulher teve.
Surpreendentemente, eles descobriram que aquelas que tinham mais filhos tendiam a ter telômeros mais longos. Isto contradiz as teorias pré-existentes, que indicavam que a reprodução acelera o envelhecimento biológico, uma vez que o parto exige grandes quantidades de energia. Os autores do estudo sugerem que os danos causados pela reprodução não atingem o comprimento dos telômeros. O aumento dos hormônios durante a gravidez possui um efeito antioxidante no organismo, potencialmente protegendo os telômeros dos danos do stress oxidativo.
Além disso, os pesquisadores propõem que a estrutura social das comunidades de seus estudos pode desempenhar um papel na geração desses resultados. Dentro das aldeias maias, as mulheres que têm mais crianças tendem a acumular maior status social e, portanto, recebem mais assistência. Desta forma, elas não são obrigadas a gastar tanta energia em relação às demais mulheres da comunidade, permanecendo com mais energia disponível para manutenção dos tecidos.
No estudo, os pesquisadores fizeram questão de ressaltar que este fenômeno não pode necessariamente se aplicar a todas as mulheres antes de ser aplicado de forma semelhante a outros grupos étnicos.