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“Fiquei assustada”: casos da doença mão-pé-boca crescem em crianças

Entenda o que é a doença mão-pé-boca, as causas do aumento dos casos e o tratamento indicado

Por Camila Pati
Atualizado em 17 nov 2021, 11h31 - Publicado em 17 nov 2021, 11h08

Quando dois amiguinhos da escola da sua filha de 2 anos, a Cora, tiveram picos de febre, a empresária Cecília Ribeiro, fundadora da startup 3,2,1 Beauty, não imaginava que teria pela frente dias difíceis. Quatro dias depois de ser avisada pela escola do episódio com as duas crianças, ela notou os primeiros sintomas da doença mão-pé-boca na sua filha.

A menina desenvolveu uma forma mais agressiva da doença, uma infecção viral que tem como sintomas mais frequentes lesões – semelhantes a bolhas -, na mão, no pé e na boca, por isso o seu nome.  No caso de Cora, além destas partes do corpo, as bolhas apareceram também nas pernas, barriga e dentro da garganta e o pico de febre chegou a 39 graus.  “Nunca vi minha filha ficar tão derrubada por uma doença. Fiquei assustada. Ainda bem que outras mães me contaram quais os estágios da doença, de acordo com os dias. Os sintomas duram, em média, uma semana e o quadro vai mudando ao longo dos dias. Assim, eu ia entendendo em que momento ela estava”, diz.

Causada, em geral, pelo vírus Coxsackie, a infecção é benigna e tem as lesões como sintomas obrigatórios para o diagnóstico. No entanto, também pode causar episódios de febre e prostração, com ou sem irritabilidade, mal-estar, náusea, vômitos, diarreia.  As feridas podem doer e coçar. “Quando há feridas na cavidade oral a dor é bem forte. O perigo da doença é que a criança que tenha lesões na cavidade oral não aceite alimentação e líquidos e evolua para uma desidratação”, explica o pediatra Julio Côrte Leal, diretor médico da Theia.

Cora teve picos de febre apenas no primeiro dia e, apesar a garganta ter ficado cheia de bolhas, ela conseguiu se alimentar com mamadeira. “Em vez de comer, ela ingeria líquidos e dieta pastosa e fria. O pediatra também recomendou que evitássemos alimentos ácidos”. A dificuldade para se alimentar durou uns dois dias, segundo Cecília.

bolhas na mão
Desconforto: as bolhas coçam e podem doer também (kipgodi/Getty Images)

Taxa de transmissão é alta

Crianças da idade dela, ou seja, menores do que cinco anos, são a faixa etária mais suscetível à doença, mas adultos também podem pegar. Tanto Júlio – que tem atendido muitas crianças com a doença – quanto Cecília manifestaram sintomas leves.

Luca, o irmãozinho de Cora de apenas 11 meses, também pegou. “E eu trocava de camiseta, usava álcool-gel, deixei os irmãos totalmente separados. Tentei fazer o máximo possível para o pequeno não pegar”, contou. No caso de Luca, os sintomas também foram típicos mas não tão fortes quanto os de Cora.

“A transmissão ocorre no chamado esquema ‘fecal-oral’, no qual os indivíduos doentes liberam o vírus pelas fezes contaminando as mãos e outros objetos, os quais levam o vírus até a região oral de outras pessoas (ingestão de alimentos não higienizados, contato oral com objetos e mãos)”, diz Daniel Raylander, pediatra do Hospital Anchieta de Brasília. Saliva, secreção de tosse e até mesmo contato com o líquido que sai das bolhas dos indivíduos doentes também transmitem a doença. Quem pega uma vez pode ainda pegar de novo, já que o vírus é mutante e não existe vacina.

O tempo de incubação varia de três a cinco dias, o que contribui para alta na transmissão. Além de começar a ser transmitido antes de a pessoa detectar o primeiro sintoma, o vírus também é expelido nas fezes por até seis semanas.

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Metade das crianças da sala de Cora pegou a doença. Surtos em escolas e creches são comuns, segundo os pediatras consultados. Mas neste ano, o número de casos está fora do normal. “No segundo semestre de 2021 tivemos um surto mais evidente do que nos últimos anos”, diz o diretor médico da Theia.

O que pode ter contribuído para o aumento de casos?

O fato de crianças terem ficado muito tempo fora da escola pode ter contribuído para o aumento no número de casos com a volta às aulas presenciais.  O clima também interfere. “Estamos já há alguns meses tratando de pacientes com esta condição. Os enterovírus, ao qual o Coxsackie em questão faz parte, têm seu predomínio em épocas chuvosas, sendo afetados pela umidade e temperatura, de modo a estarmos em um momento propício para tal”, completa o pediatra do Hospital Anchieta de Brasília.

Habitualmente a doença se resolve em 7 a 10 dias, sendo que neste período o paciente apresenta melhora progressiva do quadro, segundo os especialistas. O tratamento indicado é para amenizar os sintomas com uso de antitérmicos, analgésicos e hidratação. “Tratamentos com spray ou gel para as lesões da boca devem ser avaliados e discutidos com médico assistente, visto risco de intoxicação”, diz Daniel.

A maioria dos pacientes não necessitará de hospitalização. Avaliação médica para possível internação é recomendada para as crianças com desidratação ou impossibilidade de ingestão oral de líquidos, alterações neurológicas (alteração do comportamento, sonolência excessiva, distúrbios da marcha) e cardíacas (miocardite) e febre prolongada (mais de três dias).

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Felizmente, Cora e o irmãozinho Luca já estão bem. As bolhas não deixaram marca alguma. Do mesmo jeito que apareceram rápido, as lesões sumiram sem deixar vestígios. A única questão são as unhas dos dedos das mãos e dos pés da menina que, por conta das bolhas, tiveram seu crescimento prejudicado. “Três já caíram”, conta Cecília.

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