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De bem com o intestino: veja os caminhos para chegar lá

Está comprovado: a saúde dele é essencial para o corpo todo.

Por Fernanda Morelli Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
31 Maio 2017, 18h31
 (Reprodução/ThinkStock)
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Se esticado, o intestino humano atinge até 9 metros de comprimento (o equivalente a um prédio de três andares). Além de comprido, esse superórgão, que tem como função primordial extrair os nutrientes dos alimentos e fornecer energia para o corpo, também abriga 500 milhões de neurônios – o que lhe rendeu o apelido de “segundo cérebro”. Neles é produzida 90% da serotonina, o neurotransmissor responsável pelo bem-estar. E, para manter tudo isso em ordem, trilhões de microrganismos trabalham na composição da flora intestinal – aquela que, equilibrada, faz com que o resto do corpo funcione bem (mas, quando preguiçosa, cria uma bagunça geral).

“A prisão de ventre acomete cerca de 20% da população, a maioria mulheres. Pesquisas relacionam essa ligação a questões hormonais e comportamentais”, afirma o gastroenterologista Fernando Assed, do Rio de Janeiro.

Alguns dos sintomas de constipação são: ir ao banheiro menos de três vezes por semana, sob muito esforço; sensação de não esvaziamento total após a evacuação e desconfortos abdominais. Ainda que só um médico possa fazer o diagnóstico preciso, algumas estratégias são comprovadamente eficientes para manter a saúde dessa região. Prepare-se para colher os benefícios (barriga mais lisa e menos doenças).

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De olho no prato

O fator que mais interfere na prisão de ventre é a alimentação – por isso mesmo, está nela um dos principais caminhos para a solução. Não se trata, apenas, de incluir este ou aquele ingrediente no cardápio diário. “O primeiro passo é desintoxicar o organismo, eliminando o excesso de pratos gordurosos (como frituras) e de processados e refinados (como pão e arroz branco)”, orienta a nutricionista Rachel Faria, do Rio de Janeiro.

Planeje as refeições de forma que consiga incluir o maior número de itens benéficos ao abdômen: frutas frescas, vegetais escuros e legumes estão no topo dessa lista. Recomenda-se a ingestão de cerca de 25 gramas de fibras por dia – uma concha de feijão tem quase 10 gramas. Boas fontes delas são vegetais folhosos (como alface, brócolis e couve), mamão, ameixa seca, laranja (com bagaço) e grãos (como linhaça, gergelim, farelo de trigo e granola).

Para que esses alimentos não causem efeito rebote, congestionando o trânsito intestinal, beber uma quantidade mínima de água por dia (a Organização Mundial da Saúde recomenda uma média de 2,5 litros) é imprescindível. Para um cálculo individualizado, considera-se 0,04 litro de água por quilo de peso.

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Movimento contínuo

A prática regular de exercícios (pelo menos 30 minutos por dia) também é fundamental para o bom funcionamento do intestino. “Mexer o corpo colabora para a movimentação do trânsito intestinal, aumentando a capacidade do órgão de realizar os movimentos peristálticos”, diz Faria. Há ainda duas outras vantagens apontadas por uma pesquisa realizada pela Universidade de Oxford, na Inglaterra: uma maior liberação de fluxo sanguíneo é capaz de otimizar o funcionamento do organismo como um todo (inclusive do intestino), e o fortalecimento muscular dá impulso à ação mecânica do órgão.

Para fins de ganhos específicos para essa região, as atividades mais recomendadas são pular corda, caminhar, praticar ioga e fazer agachamentos.

Bactérias boas

Lactobacilos e bifidobacterium, os chamados probióticos, são microrganismos que compõem a flora intestinal (microbiota), facilitam a digestão e reduzem inflamações (que deixam o metabolismo mais lento). “Quando eles estão em desequilíbrio, abrem espaço para distúrbios como a constipação, a síndrome do intestino irritável e até doenças metabólicas e inflamatórias”, alerta a endocrinologista Alessandra Rascovski, de São Paulo. Por outro lado, quando equilibrados, trazem vários ganhos: “Eles atuam em nossa imunidade como um todo e até na regulação do armazenamento de gordura no tecido adiposo”, completa a médica. Essas bactérias “do bem” estão presentes em leites, iogurtes e no kefir (um probiótico normalmente extraído do leite).

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Ainda assim, especialistas vêm indicando com cada vez mais frequência a suplementação com cápsulas ou sachês a quem tem necessidade de ajuda extra. Outro reforço é feito via ingestão de alimentos considerados prebióticos, que funcionam como nutrientes dessas bactérias boas (o que ajuda a aumentar a quantidade delas): fibras e carboidratos complexos, como alcachofra, alho-poró, beterraba, centeio e integrais em geral.

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De corpo e alma

Toda a rede de neurônios justifica a enorme influência das emoções no funcionamento do intestino – não é à toa que um nervosismo se reflete na barriga. “Vergonha de ir ao banheiro em qualquer lugar, comum especialmente entre as mulheres, também atrapalha o órgão”, lembra Rascovski.

A questão emocional provoca uma trava física, que pode levar dias para ser afastada. Como uma via de mão dupla, o desequilíbrio intestinal também afeta a produção de serotonina, causando alterações de humor, como irritação e desânimo. Estudos demonstram que períodos de estresse diminuem o fluxo sanguíneo em órgãos vitais, atrapalhando seu funcionamento.

Justamente por isso, tratamentos multidisciplinares (que olham o paciente como um todo), com técnicas de meditação, massagem e acupuntura são prescritos por médicos e nutricionistas com cada vez mais frequência.

Sinal de alerta

Estar com intestino preso é diferente de ter essa condição. A disfunção inesperada que se prolonga por mais do que três dias pode significar algum desequilíbrio mais sério, como a síndrome do intestino irritável.

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Procure um médico gastroenterologista se sintomas como dor ou desconforto abdominal, estufamento e distensão abdominal, associados a alterações nas fezes, se repetirem por mais de três dias.

“Não existe receita mágica, mas se nenhuma das indicações básicas (acima) melhorarem o funcionamento do intestino, este pode ser um sinal de que algo não vai bem”, afirma Rachel Faria.

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