Como sentimentos ruins podem te deixar doente
Nossa leitora descobriu uma traição e ficou tão mal que desenvolveu uma doença psicossomática
Problemas emocionais podem levar ao desenvolvimento de várias doenças
Foto: Getty Images
Tanto a medicina ocidental quanto a oriental atestam: mente e corpo estão intimamente conectados, portanto, um influencia o outro.
Existem órgãos de choque
A medicina ocidental diz que as emoções podem alterar a produção de hormônios e outras substâncias do organismo, levando a estados inflamatórios ou de dor. “Toda pessoa tem um órgão de choque, um local do corpo mais sensível às emoções”, diz o presidente da Associação Brasileira de Medicina Psicossomática, Artur Zular.
Por isso, quando tristes ou estressadas, algumas pessoas sentem dor de estômago; já outras sentem dor de cabeça e por aí vai. Caso esses sentimentos negativos perssistam, podem causar alteração física crônica, levando a doenças, como a gastrite (ferida no estômago).
Portanto, para os médicos da filosofia ocidental, quem desenvolve uma doença psicossomática precisa, sim, tratar os sintomas do problema com medicamentos; mas também deve fazer algum tratamento psicológico para resolver a origem emocional da questão. “Se tratar apenas os sintomas da doença, ela vai voltar, porque as emoções que causaram a alteração física ainda estão ali, explica a psicanalista integral Selma Genzani.
Cada sentimento, um mal
Já para a medicina oriental sobretudo a chinesa cada órgão do nosso corpo está ligado a um tipo de energia e sentimento. “Emoções sobrecarregadas, travas e mágoas podem enfraquecer o sistema imunológico e levar a doenças”, explica o terapeuta holístico Jou Eel Jia. O tratamento lida com o corpo como um todo; é a chamada terapia holística, cuja proposta é fazer a pessoa entender os sentimentos que lhe fazem mal para, a partir disso, ser tratada com acupuntura, medicina fitoterápica e, se necessário, remédios alopáticos.
“Ser traída me deixou doente”
Aryane resolveu seu problema com tratamento psicológico e hoje vive bem com um novo amor
Foto: SOU MAIS EU/REPRODUÇÃO
Aryane Gabriela Pinto, 27 anos, publicitária, Rio de Janeiro, RJ
Fui com meu namorado e alguns amigos a um show qualquer. A noite estava divertida, tudo ótimo. Até que meu gato saiu de perto. Comecei a procurá-lo e não demorei muito para achar: ele estava ali, pertinho de mim, beijando outra mulher. Entrei em choque. Nervosa e morrendo de vergonha, peguei minhas coisas e fui embora. Só aceitei falar com o desgraçado mais uma vez, para pôr um ponto final no nosso namoro de seis anos. E me entreguei à tristeza. Dois dias depois, acordei com tanta dor nas costas que mal conseguia andar. Minha cabeça também estava explodindo.
Pelos exames, não havia nada de errado comigo
Eu parecia uma mulher de 90 anos andando pela casa, devagarzinho e com a mão nas costas. Nem consegui trabalhar naquele dia, de tanta dor. Fui ao médico e fiz uma bateria de exames, que não acusaram nada. De acordo com as imagens, eu estava completamente saudável. Portanto, não existia motivo para aquela dor absurda.
Fiquei de cama por uma semana, até que uma médica, amiga da minha mãe, falou que eu podia estar com uma doença psicossomática. Ela explicou que meu corpo podia estar repercutindo a sobrecarga de emoções que eu estava tendo e me sugeriu ir a uma psicóloga.
Comecei a entender de verdade meus sentimentos
Realmente, foi ótimo conversar com a terapeuta. Por mais que tivesse desabafado com minha família e amigos, diante deles eu me sentia um pouco humilhada pelo que passei. Com a psicóloga não havia isso, ela estava me ouvindo profissionalmente. Percebi que eu tinha uma raiva muito grande do meu ex e também uma rejeição enorme, ficava me culpando pela traição. Eu era feia? Chata? Qual era o meu problema?
Mas a terapeuta foi me fazendo entender que meu namoro já estava mal das pernas havia meses. E era verdade, vivíamos num vai e volta de crises e brigas. Me trair foi a forma que ele encontrou de acabar com isso. Semana após semana, essas conversas iam me fazendo entender que eu não tinha problema nenhum, que eu não era pior ou menos amada pelo que aconteceu. Meu ex tinha errado, mas a culpa não era minha.
Quando superei a traição, a dor passou
Essa compreensão dos meus sentimentos me causou um alívio enorme. Entender que eu não tinha culpa tirou um verdadeiro peso das minhas costas. Literalmente. Tanto que, um mês e meio depois de começar a terapia, a dor já quase não existia mais! E minha cabeça, que antes passava dias latejando, também voltou ao normal.
Confesso que achei isso incrível: um sofrimento emocional meu virar uma dor física tão intensa e essa dor se resolver meramente com a retomada do meu equilíbrio mental! Foi uma lição. Desde então, procuro ser mais equilibrada, não deixo as emoções ruins tomarem conta de mim. Inclusive, quando fico mal da saúde, presto atenção também em como está meu emocional.
Entendi que meu corpo e mente estão ligados e que não dá para um ficar bem se o outro estiver mal. Ainda bem que nunca mais passei por uma situação tão tensa! Agora estou ótima: sem dor nas costas e feliz da vida com um outro relacionamento, que já dura quatro anos.