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Cápsulas de vitaminas: 6 dúvidas sobre elas respondidas

As vitaminas em cápsulas seduzem. Mas o uso indiscriminado ou exagerado para evitar doenças e atrasar o envelhecimento pode fazer muito mal. Para te orientar, reposndemos às suas principais perguntas.

Por Cristina Nabuco (colaboradora)
Atualizado em 28 out 2016, 14h40 - Publicado em 16 mar 2014, 22h00

Foto: Getty Images

1- De onde vem a ideia de suplementar vitaminas e a crença de que isso previne doenças?

Vitaminas são essenciais, em pequenas porções, supridas por uma alimentação variada – com exceção da vitamina D, também sintetizada na pele sob a luz solar. Desde que marinheiros britânicos apresentaram escorbuto, no século 18, por falta de frutas e verduras (fontes de vitamina C), ficou evidente que a carência causa doenças, o que foi um marco na medicina. “Há o consenso de que a deficiência é deletéria e deve ser corrigida”, diz o médico nutrólogo Celso Cuckier, do Hospital do Coração, em São Paulo. “O que se discute é se vale a pena suplementar quando a dieta é ruim.” Quem difundiu megadoses diárias de vitamina C (a partir de 3 mil miligramas, 50 vezes a cota adotada nos anos 1970) para prevenir e tratar gripes – depois câncer, diabetes, cardiopatias e até aids – foi o pesquisador Linus Pauling, prêmio Nobel de Química e da Paz. Em 1992, ele foi capa da revista Time. Mas sua reputação já estava abalada. A vitamina C tinha se mostrado incapaz de evitar o resfriado em estudos da Universidade de Maryland, nos Estados Unidos, e decepcionado pacientes de câncer acompanhados na americana Clínica Mayo. “Mesmo refutada entre cientistas, a tese de Pauling se alastrou pela população”, diz o cardiologista Francisco Laurindo, do Instituto do Coração da Universidade de São Paulo e vice-coordenador do Grupo Redoxoma, que congrega 25 laboratórios dedicados a estudar a ação dos radicais livres.

 

2- Vitaminas não são a principal arma contra os radicais livres?

Em excesso, os radicais livres – espécies reativas formadas com base na respiração e em outros processos que utilizam oxigênio – “enferrujam as células”, danificando as artérias e o DNA. Por isso, são associados ao envelhecimento, às cardiopatias e ao câncer”, diz Laurindo. “Mas os radicais livres não são apenas vilões, também colaboram na destruição de bactérias e de células cancerosas e na reparação dos tecidos.” Assim, manter um nível baixo de radicais livres é desejado. Os antioxidantes, encontrados nas frutas e vegetais, os neutralizam sem acabar totalmente com eles. “Já as megadoses de vitaminas interferem nesse equilíbrio, penalizando o sistema imunológico”, explica. “Não há prova de que os suplementos retardam o envelhecimento e afastam doenças.”

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3- O que as pesquisas revelaram sobre os antioxidantes sintéticos?

Estudo de 1994, publicado no The New England Journal of Medicine, envolveu 29 mil fumantes da Finlândia. Um grupo tomava diariamente suplementos de betacaroteno (que se transforma em vitamina A) e de vitamina E, enquanto outro ingeria placebo. O resultado surpreendeu: o primeiro grupo ficou mais propenso a morrer de câncer do pulmão ou males do coração. “A expectativa era de que a incidência seria menor, já que uma pílula fornece dez vezes mais betacaroteno do que a alimentação”, diz Laurindo. Em 2004, uma revisão de 14 estudos com mais de 170 mil pessoas, realizada pela Universidade de Copenhague, na Dinamarca, concluiu que, além de não prevenir câncer intestinal, suplementos de vitamina A, C, E e betacaroteno fazem crescer a mortalidade. A suplementação de vitamina E também foi reprovada pela Escola de Saúde Pública Johns Hopkins, nos Estados Unidos, em 2005, por aumentar a mortalidade, em vez de reduzi-la. Em 2011, pesquisadores da Clínica Cleveland, nos Estados Unidos, observaram maior risco de câncer de próstata entre os usuários de vitamina E. Finalmente, em 2013, os autores do editorial da Annals of Internal Medicine endossaram as conclusões anteriores com seu veredicto: suplementos de betacaroteno, vitamina E e vitamina A aumentam a mortalidade. Outros antioxidantes, como as vitaminas do complexo B, não se mostraram eficazes. Mais promissores são os estudos com fornecimento de vitamina D, embora as conclusões sejam contraditórias (alguns mostram que pode evitar distúrbios, outros não). Diz o editorial: “A maioria dos suplementos não previne doenças crônicas ou morte; por isso, eles devem ser evitados”.

4- Os multivitamínicos também causam polêmicas?

Sim. Segundo os autores, não foram notados ganhos com o uso dessas pílulas que associam vitaminas e minerais. Se fizerem efeito, benéfico ou danoso, provavelmente é pequeno. Isso porque elas não ultrapassam as recomendações diárias de cada nutriente. Offit diz que multivitamínicos em geral não fazem mal; só que a maioria das pessoas não precisa deles. “Se a dieta contém pelo menos cinco porções de frutas, legumes e verduras por dia, o uso é desnecessário.” Aí é que está o problema. Estudos publicados em 2013 na revista da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo verificaram uma ingestão baixa de nutrientes por idosos e adolescentes. Segundo a publicação, frutas e hortaliças têm a preferência de só 16% dos brasileiros. Arroz (84%), café (79%), feijão (72,8%), pão (63%) e carne bovina (48,7%) são os alimentos mais consumidos.

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5- O uso é admitido para quem não come direito?

A tentação é grande. Por serem qualificados como complementos alimentares, podem ser comprados sem receita médica – mesmo assim é preciso ver se o escolhido tem o registro da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “Mas o consumidor não deve acreditar na promessa de corpo saudável; o organismo não processa as vitaminas sintéticas da mesma maneira que as naturais”, afirma Celso Cuckier. “A saúde decorre de um investimento de longo prazo em boa alimentação, atividade física regular e equilíbrio emocional.”

 

6- Quando as vitaminas podem ser receitadas com segurança?

Na recuperação de doenças graves, após cirurgia da obesidade (as mudanças no aparelho digestivo predispõem a carências nutricionais), para idosos com dificuldades de absorção, vegetarianos veganos (quando ocorre baixa de vitamina B12), mulheres na pós-menopausa com risco de osteoporose (suplementos de cálcio e vitamina D previnem fraturas) ou na fase fértil, quando pretendem engravidar (ácido fólico evita defeitos na formação do cérebro e da espinha do feto), e para bebês (vitamina D). Também são prescritas sempre que houver deficiência nutricional comprovada por testes laboratoriais. Em todos os casos, é preciso controle médico regular. “Nem assim são recomendadas doses exageradas por períodos prolongados”, avisa Cuckier. Em excesso, a vitamina A pode lesar o fígado, enquanto a vitamina C favorece cálculos renais e irritações na bexiga.

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