4 dicas infalíveis para melhorar sua memória
Sedentarismo, dieta errada, depressão e pouco treino intelectual influenciam no (mau) funcionamento do cérebro
O vencimento da fatura do cartão de crédito, o nome daquela atriz (aquela, daquele filme), o título do último livro que você leu… Às vezes parece que as informações são deletadas da sua cabeça sem aviso prévio? As falhas da memória são consequência do passar do tempo, sim, mas não só.
“Diabetes, hipertensão e problemas da tireoide, assim como déficit de vitaminas e depressão, se não controlados, comprometem o desempenho cerebral”, explica a neurologista Sonia Brucki, professora da Universidade de São Paulo.
Quem quer melhorar a memória precisa manter a saúde em dia e se empenhar em treinar o cérebro – e esse é um dos principais ensinamentos de Nelson Dellis, quatro vezes campeão da memória nos Estados Unidos (onde existe uma competição que mede o potencial de recordação dos participantes). A seguir, quatro dicas para turbinar a memória.
1. Treine seu cérebro
Nelson Dellis, campeão da memória, dá sua receita: “Quando quero memorizar algo, o primeiro passo é prestar atenção”, afirma ele, que leva a sério as recomendações quanto a alimentação, exercícios e bem-estar já mencionadas. Em seguida, ele indica algumas de suas estratégias. Suponhamos que você precise decorar o nome de alguém e suas feições. Crie uma história entre elas – Isabel, digamos, que se parece com sua tia, detesta o próprio nome. Então visualize-as discutindo sobre isso. Ela grita, brava: “Detesto me chamar Isabel!” Use suas sensações: você fica assustada com os gritos. Inverossímil? “É útil criar cenas exageradas. Como aquela imagem se destaca das outras, é mais facilmente armazenada pelo cérebro”, ele diz. Também ajuda situar a cena imaginária em um cômodo da sua casa ou outro ambiente familiar. Outra estratégia: aproveite momentos livres (como o trânsito) para “repassar” dados que precisa guardar – como a apresentação de um projeto.
2. Desafie o raciocínio sempre
Leitura, palavras cruzadas, quebra-cabeças e mesmo discussões sobre política e atualidades exercitam nossa capacidade de guardar dados. “Se alguém trabalhou como advogado a vida inteira e, depois da aposentadoria, deixa de ter atividades intelectuais, a memória e a concentração são prejudicadas”, alerta Sonia Brucki. Quer dizer, para manter o cérebro em pleno funcionamento é preciso desafiar o raciocínio constantemente. E, para desenvolvê-lo, essas atividades são essenciais também, como notou o engenheiro Antônio Carlos Guarini Perpétuo, fundador da Supera, rede de escolas baseadas na “ginástica cerebral”. O conceito por trás dessa rede é estimular o cérebro por meio de exercícios que permitem restabelecer e turbinar suas conexões. Perpétuo decidiu apostar nisso depois que notou a diferença que o treino com o ábaco, calculadora manual da Antiguidade, tinha feito pela capacidade de concentração e aprendizado de seu filho, então com 9 anos.
3. Leve uma vida saudável
Quem faz atividade física tem 35% menos risco de declínio cognitivo do que os sedentários, aponta estudo publicado no Journal of Internal Medicine. O prato também conta – e muito. Alimentos como nozes, azeite e tomate (típicos da dieta mediterrânea) são ricos em ômega 3, gordura monoinsaturada e licopeno, respectivamente, que retardam a oxidação das células como um todo, inclusive os neurônios. “Vinho tinto de qualidade e sem exageros e alimentos integrais também fazem diferença”, complementa o nutrólogo Durval Ribas Filho, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia. Outro componente especialmente benéfico para a memória, descobriu-se recentemente, é o DHA, presente no ômega 3. Ele pode ser encontrado em peixes de água fria, como salmão e atum, ou em suplementos – com orientação médica. “A suplementação é contraindicada para quem tem problemas de coagulação”, avisa Ribas Filho.
4. Mantenha o astral alto
“A depressão causa um rebaixamento da capacidade neuronal”, alerta o psiquiatra Luís Gustavo Buzian Brasil. Com isso, atividades cerebrais, como memória e atenção, ficam comprometidas e a pessoa tem maior dificuldade de se lembrar de fatos antigos e (por causa da atenção menor) recentes. “Períodos de tristeza não patológica também prejudicam a concentração”, avisa o especialista. “A pessoa sente um desânimo que acaba diminuindo sua capacidade de focar.” Segundo ele, se a sensação se prolonga por mais de três semanas, já é motivo para procurar um médico – remédios e psicoterapia podem ajudar. Mas nem só os casos extremos influenciam no funcionamento do cérebro. “Seguir a vida com bom humor e leveza, assim como ver amigos com frequência e participar de atividades em grupo, é importante para o bem-estar”, aponta Sonia. Quanto melhor a pessoa estiver se sentindo, maiores as chances de ter suas funções mentais a pleno vapor.