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#TemQueFalar: “Fui abusada sexualmente pelo meu pai e pelo meu tio”

A leitora Angel*, de 21 anos, compartilhou sua história com a gente

Por Redação CLAUDIA
Atualizado em 11 abr 2024, 17h34 - Publicado em 2 dez 2015, 15h15
Divulgação/CLAUDIA
Divulgação/CLAUDIA (/)
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Nas últimas semanas, as mulheres brasileiras se uniram em torno do tema #PrimeiroAssédio. A mobilização levou muitas delas a compartilhar em suas redes sociais casos semelhantes ou ainda mais graves, que deixam sequelas profundas em suas vítimas. Algumas delas, porém, preferiram guardar suas histórias para si, por medo de ser identificadas por seus agressores. Publicamos a história de uma leitora que, 15 anos após um ataque sexual, ainda tem medo de ser encontrada. Não demorou para que outras mulheres nos procurassem: Gabriela*, Marcela*, Mariana*. Em comum, o desejo de dividir seus traumas, medos e culpas. Especialistas apontam que falar sobre eles é uma das maneiras eficientes de superá-los. Por isso, criamos o movimento #temquefalar. Um espaço de cura, que incentiva a troca de experiências e, sobretudo, traz o assunto à tona, para evitar novas vítimas entre crianças e mulheres. 

Leia o relato da leitora Angel*:

“Hoje tenho 21 anos. Quando tinha por volta de 7 ou 8 anos, morava em outro Estado e passava os finais de semana na roça do meu avô paterno. Era assim que meu final de semana se resumia.

Meu pai era o mais novo de 5 irmãos. Um dos meus tios aproveitava quando todos saíam de perto e vinha atrás de mim. Naquela época, eu não fazia ideia do que era, mas ele me pedia para fazer silêncio ou então falava que iria me bater. Por diversas vezes, tapava minha boca.

Ele levantava minha saia e passava o pênis dele na minha vagina, como se tivesse me penetrando, até gozar. Me fazia pegar nele e vivia passando a mão no meu corpo.

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Numa dessas vezes, minha avó chegou e entrou no quarto, mas ele se escondeu e me levou junto com ele para trás do guarda roupa. Quando ela saiu do quarto, ele me deixou lá para me vestir e disse que se eu falasse para alguém, me mataria ou machucaria meus irmãos. Tenho uma irmã mais nova, que tinha 5 anos na época. Eu tinha muito medo de que ele fizesse o mesmo com ela, então não falava nada, e assim se repetia por quase todos meus finais de semana.

Meu pai quase chegou a fazer o mesmo comigo. Certa vez, na casa da minha avó mesmo, ele chegou bêbado e eu já estava dormindo. Ele se deitou e eu acordei com ele abaixando minha roupa e passando o pênis na minha vagina. Eu fiquei sem reação e sem saber o que fazer. Teve um momento que não aguentei mais e fingi que estava acordando, então ele tirou e se virou pro lado. Me deixou sem roupa. Quando vi que ele dormiu, coloquei minha roupa e permaneci ali, sem me mexer. No outro dia fingi que nada tinha acontecido.

Quando minha mãe veio falar comigo, decidi contar para ela o que meu pai tinha feito. Ela provavelmente não acreditou em mim ou não queria acreditar. Disse que eu deveria ter gritado. Eu simplesmente abaixei a cabeça e decidi me calar. Se sobre o meu pai ela não acreditou, como acreditaria no que o meu tio fazia?

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Isso afetou a minha confiança em relação a minha família e pretendo contar para minha psicóloga nas próximas consultas.”

*Nome fictício.

Se você também quiser dividir o seu relato com outras leitoras, envie para redacaoclaudia@gmail.com. A sua identidade será preservada.

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