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#TemQueFalar: “Eu tinha 6 anos e ele se masturbou na minha frente”

A leitora Carmem* divide sua história com a gente

Por Redação CLAUDIA
Atualizado em 11 abr 2024, 17h21 - Publicado em 16 dez 2015, 08h00

Nas últimas semanas, as mulheres brasileiras se uniram em torno do tema #PrimeiroAssédio. A mobilização levou muitas delas a compartilhar em suas redes sociais casos semelhantes ou ainda mais graves, que deixam sequelas profundas em suas vítimas. Algumas delas, porém, preferiram guardar suas histórias para si, por medo de ser identificadas por seus agressores. Publicamos a história de uma leitora que, 15 anos após um ataque sexual, ainda tem medo de ser encontrada. Não demorou para que outras mulheres nos procurassem: Gabriela*, Marcela*, Mariana*. Em comum, o desejo de dividir seus traumas, medos e culpas. Especialistas apontam que falar sobre eles é uma das maneiras eficientes de superá-los. Por isso, criamos o movimento #temquefalar. Um espaço de cura, que incentiva a troca de experiências e, sobretudo, traz o assunto à tona, para evitar novas vítimas entre crianças e mulheres. 

Leia o relato da leitora Carmem*:

“Após ler vários relatos sobre abusos sofridos por diversas mulheres, tomei coragem e resolvi compartilhar minha história, em parte por querer alertar pais e mães e também por mim, já que acredito que isso me ajudará a superar algumas sequelas que ficaram após esse triste acontecimento.

O abuso que sofri quando criança, aos 6 anos, foi praticado uma única vez e por um total desconhecido. Meu pai era gerente de um pequeno hotel no interior e certo dia se hospedaram lá vários artistas que faziam parte da caravana de uma caravana musical, um deles era um cantor muito famoso que viajava com sua banda.

E foi exatamente um componente dessa banda, o responsável pelo abuso que sofri. Ele era um saxofonista, de mais ou menos 40 anos, que utilizou minha paixão por música pra me seduzir.

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Sempre muito simpático, durante o dia que ficou hospedado no hotel, conquistou minha amizade e se ofereceu pra me ensinar a tocar sax, fiquei muito animada. À noite, quando meus pais pensavam que estava brincando com minhas outras duas irmãs, fui para o jardim do hotel para ter minha aula de música.

Ele sempre muito carinhoso, tocou uma música muito bonita pra mim, dizia que era a menina mais linda que já tinha visto. Após um tempo, ele começou a me tocar, botou a mão na minha calcinha, me acariciando por algum tempo, depois a língua. Não entendia o que estava acontecendo, mas alguma coisa me dizia que aquilo era errado, que era sujo, mas lembro de gostar de algumas sensações que ele provocava em mim.

Em determinado momento, as carícias ficaram mais intensas, tenho a impressão que ele queria consumar a penetração. Foi quando eu ameacei de gritar e ele parou de me tocar. Começou a se masturbar e gozou se esfregando em mim. Nesse momento tive vontade de gritar, mas tive muito vergonha, só tive ação de sair correndo. Lembro que a minha primeira preocupação foi trocar a calcinha e jogar aquela fora.

Outra lembrança que tenho foi o olhar cínico dele ao se despedir de mim quando foi embora, o infeliz ainda teve a audácia de me pedir um beijo e abraço, eu fiz um gesto mal criado (dei a língua) e fui repreendida pela minha mãe pela falta de educação.

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Esse abuso influenciou muito minha vida sexual, pois cresci na dúvida se ainda era ou não virgem e isso minou minha auto-confiança. Mesmo na fase adulta, sofri com esse problema. Para me soltar com os rapazes precisava beber muito. Outra sequela são meus fetiches, sempre fantasio completamente dominada pelo parceiro, as vezes fantasio até com violência sexual.

Hoje estou casada há três anos e meu marido percebe que tenho várias ressalvas quanto ao sexo. Sou muito passiva, não tenho coragem de me tocar na frente dele, não fico à vontade de receber sexo oral, na maioria das vezes não consigo me entregar por inteiro nos nossos momentos íntimos. Tenho medo que isso possa, com o tempo, desgastar nossa relação. Estou pensando seriamente em procurar ajuda profissional.”

*Nome fictício.

Se você também quiser dividir o seu relato com outras leitoras, envie para redacaoclaudia@gmail.com. A sua identidade será preservada.

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