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#TemQueFalar: “Ele parou o carro em uma rua deserta e me obrigou a fazer sexo oral”

A leitora Roberta*, de 28 anos*, conta sua história

Por Redação CLAUDIA
Atualizado em 11 abr 2024, 17h57 - Publicado em 13 nov 2015, 16h48
Divulgação/CLAUDIA
Divulgação/CLAUDIA (/)
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Nas últimas semanas, as mulheres brasileiras se uniram em torno do tema #PrimeiroAssédio, capitaneado pelo grotesco ataque sofrido por uma participante do MasterChef infantil – ela tem apenas 12 anos. A mobilização levou muitas delas a compartilhar em suas redes sociais casos semelhantes ou ainda mais graves, que deixam sequelas profundas em suas vítimas. Algumas delas, porém, preferiram guardar suas histórias para si, por medo de ser identificadas por seus agressores. Publicamos a história de uma leitora que, 15 anos após um ataque sexual, ainda tem medo de ser encontrada. Não demorou para que outras mulheres nos procurassem: Gabriela*, Marcela*, Mariana*. Em comum, o desejo de dividir seus traumas, medos e culpas. Especialistas apontam que falar sobre eles é uma das maneiras eficientes de superá-los. Por isso, criamos o movimento #temquefalar. Um espaço de cura, que incentiva a troca de experiências e, sobretudo, traz o assunto à tona, para evitar novas vítimas entre crianças e mulheres. 

Leia o relato da leitora Roberta*:

“Fui abusada sexualmente pelo meu pai quando eu era criança. Lembrar disso é muito doloroso, é uma parte da minha vida que eu gostaria de apagar ou conseguir esquecer. 

Meu pai e minha mãe nunca chegaram a se casar e ele nunca foi um pai presente. Quando aparecia, arrumava uma forma de me levar para sair, estacionava o carro em uma rua deserta e me obrigava a realizar sexo oral nele. 

Eu nunca contei pra minha família, não consigo entender por que; assim também como não consigo entender como ele pôde abusar de uma criança com menos de 7 anos. Eu era uma criança, apenas uma criança! 

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Por volta dos 8 anos de idade, comecei a ter mais consciência e, no dia do meu aniversário, quando ele me tocou, eu disse ‘chega!’.  Disse que não queria mais aquilo e que nunca mais faria isso comigo. Depois dessa situação, eu tinha medo de ficar sozinha com ele, mas os abusos cessaram.

Quando eu tinha 17 anos, em uma ligação, ele me perguntou se eu era virgem, eu disse que sim, então ele me disse que eu não devia mentir, pois se fosse mentira ele iria saber. Como ele iria saber? O que ele planejava? Nada aconteceu, graças a Deus.

Hoje tenho 28 anos, comecei com a psicóloga no ano passado, mas não pude continuar, pois me mudei de cidade. Entre os meus questionamentos estavam o fato de eu não conseguir ter ódio dele, tudo que eu queria era ter um pai. Hoje tenho dificuldade ao me relacionar sexualmente com meu marido.  Ele é muito compreensivo, mas eu me sinto muito mal por não conseguir ser uma mulher normal, só ele sabe o que aconteceu. 

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Meu maior sonho é poder contar sobre isso para minha família, principalmente minha mãe e minha avó. Minha psicóloga sempre me questionou sobre o motivo dessa vontade. Eu não sei, mas o que passa pela minha cabeça é que eu deveria contar, pois quem errou foi ele, eu não tenho que ter vergonha, o erro não foi meu. Eu fui abusada pelo meu pai, o homem que deveria me proteger. Penso ainda, e talvez seja isso que me impeça de contar, sobre o medo de me perguntarem as razões de não ter falado sobre isso antes, e sinceramente, eu não sei! 

Faz pouco mais de 1 ano que pedi para ele sumir da minha vida, esquecer que eu existo, pois ele só me fez mal, só me fazia mal. E ele sumiu. Mas eu ainda me lembro de tudo. Eu lembro e a pergunta que não sai da minha cabeça é: Por que ele fez isso comigo? “ 

 

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*Nome e idade fictícios.

Se você também quiser dividir o seu relato com outras leitoras, envie para redacaoclaudia@gmail.com. A sua identidade será preservada.

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