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“Sexo oral em troca de água”: documento denuncia abusos sexuais cometidos por soldados e funcionários da ONU

A Organização das Nações Unidas recebe críticas severas sobre o caso: "O que a ONU fez exatamente diante das mais de 1 mil denúncias de abuso sexual contra seus funcionários desde 2007?", questiona a ONG Code Blue

Por Redação CLAUDIA
Atualizado em 28 out 2016, 02h04 - Publicado em 7 mar 2016, 15h49
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“A menina, de sete anos, nos disse que fez sexo oral em soldados franceses em troca de uma garrafa de água e um pacote de biscoitos”. Este relato absurdo de uma criança figura a lista de denúncias de crimes sexuais cometidos por soldados e funcionários da ONU nos últimos anos.

A barbárie assusta. O documento, apresentado pelo secretário-geral da entidade, Ban Ki-moon, lista 99 novos registros de abuso em missões internacionais em 2015 – contra 80 casos registrados em 2014. Pela primeira vez, também veio a público a lista de países onde ocorreram as atrocidades: Alemanha, Burundi, Gana, Senegal, Eslováquia, Madagascar, Ruanda, República Democrática do Congo, Burkina Fasso, Camarões, Tanzânia, Níger, Moldávia, Togo, África do Sul, Benin, Nigéria e Gabão.

O relatório da ONU pede que os países dos acusados julguem os culpados em seus tribunais e a criem um banco de amostras de DNA de seus soldados para facilitar os processos criminais. Pouca coisa mudou.

Investigadores da Human Rights Watch, organização de defesa dos direitos humanos, que visitaram a República Centro-Africana, denunciaram no mês passado a violação de pelo menos oito mulheres e meninas.

Uma adolescente de 14 anos falou com eles: “Eu passava pela base da Minusca (a missão da ONU no país) no aeroporto quando me atacaram. Os soldados estavam armados. Um segurou meus braços enquanto outro arrancou minha roupa. Jogaram-me em um pasto, e, enquanto um me segurava, outro me estuprou.”

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Outra jovem de 18 anos contou que foi estuprada ao pedir comida na base dos soldados da ONU na República Democrática do Congo. “Três homens armados se jogaram em cima de mim e disseram que me matariam se eu os denunciasse. Todos eles me estupraram”.

O relatório também foi severamente criticado pela ONG Code Blue. “O que a ONU fez exatamente diante das mais de 1 mil denúncias de abuso sexual contra seus funcionários desde 2007? Debaixo da máscara de que toma alguma providência, o que realmente existe é a inércia”, disse a ONG em um comunicado.

“No universo paralelo da burocracia da ONU, os mesmos personagens que tiveram um papel ativo no fracasso da (missão na) República Centro-Africana agora supervisionam as mudanças para melhorar a situação. Quando as raposas estão encarregadas do galinheiro, o galinheiro está condenado”, afirmou a Code Blue. O fato de que o problema persiste, apesar de inúmeros relatórios de especialistas designados pela ONU nos últimos dez anos, só serve para aumentar a percepção de que a ONU está mais preocupada com a retórica do que com a ação”.

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