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Proibição obriga bailarinas iranianas a ensaiarem em depósitos subterrâneos

Entenda a luta de jovens bailarinas para manter o balé vivo no Irã

Por Ana Carolina Castro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 27 out 2016, 20h27 - Publicado em 12 jan 2016, 13h39

Vista como prática ilegal em muitos pontos do Oriente Médio, a dança marginalizou bailarinas e professores iranianos.

Aulas de balé são anunciadas secretamente em jornais locais, com textos codificados. Fóruns online também ajudam a divulgar as reuniões, mas o principal meio de divulgar as aulas secretas é o boca a boca.

A dança é ilegal no Irã. Antes da Revolução Iraniana de 1979, o país fornecia grande financiamento a programas de arte, especialmente dança tradicional e balé. Depois que o governo do xá Reza Pahlevi foi derrubado, a dança passou a ser considerada uma prática pecaminosa e caiu na ilegalidade. A Companhia Nacional de Balé iraniano foi dissolvida em 1979, pouco depois de todos os seus bailarinos estrangeiros fugiram do país.

Aos artistas iranianos restaram poucas opções: abandonar o trabalho de uma vida, deixar o Irã e levar a companhia para outro país ou permanecer no Irã e desafiar a lei. O caminho para isso envolve muitos subterfúgios, como suborno e reuniões secretas.

Em entrevista ao Broadly, a bailarina Ada, 28 anos, contou como a dança é vista no país. Ada tinha 20 anos quando participou de sua primeira aula de balé. Hoje, aos 28, ela reflete sobre a situação dos bailarinos iranianos. “Eu nunca gostei de correr riscos, mas as aulas de dança pareciam vale o risco”, afirmou, ressaltando que a ilegalidade não é uma exclusividade do balé clássico. Qualquer música ou ritmo que estimule a movimentação espontânea do corpo são considerados pecaminosos. “Algo é permitido desde que não lhe dê prazer”, explicou Ada. “Portanto, se a dança lhe dá prazer, é um pecado.”

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Ministradas silenciosamente em depósitos abandonados ou salas subterrâneas, as aulas precisam de muito mais do que a discrição dos alunos para continuarem acontecendo. Os professores pagam subornos para afastar as batidas da polícia da moralidade. Para não chamar a atenção dos vizinhos, os grupos também não usam música durante as aulas. Para orientar os bailarinos, os professores contam as batidas. A única maneira de evitar as delações é controlar a entrada de novos alunos. Para fazer parte das aulas, os interessados devem ter sido indicados por outros alunos antigos. A divulgação das classes, no entanto, não é estimulada para não atrair atenção demais. Uma vez flagradas, as aulas de dança podem render a alunos e professores pena de prisão.

Felizmente, as oportunidades para dançar em público tendem a aumentar, embora continue a ser ilegal que mulheres dancem para um público masculino. Desde a eleição do presidente Hassan Rohani, em 2013, apresentações de dança tradicional têm aos poucos surgido no cenário cultural iraniano. Mas essa mudança tem um preço. E é bem caro. Além do custo do suborno das fiscalizações, as performances podem custar às companhias cerca de 200 milhões de rials (equivalente a 6.630 dólares). Dolorosamente lento, o progresso levou a uma realidade dura para as companhias: pague e você poderá dançar.

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Enquanto a Revolução de 1979 encerrou a carreira de muitos dançarinos, ela também criou novas oportunidades para jovens como Nassrin. A jovem dançarina se tornou um dos únicos fornecedores de sapatos de dança em Teerã. Ela anuncia seu trabalho via Instagram e aproveita os limites das leis para ganhar dinheiro. “Eu faço sapatos de dança. A dança é proibida, mas eles não podem proibir a confecção de sapatos”.

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