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Prêmio CLAUDIA – O que elas têm em comum?

Elas se destacam em suas áreas de atuação e melhoram a vida das pessoas ao seu redor. Além dessa essência, o que mais têm em comum as finalistas da maior premiação feminina da América Latina?

Por Redação CLAUDIA
Atualizado em 27 out 2016, 23h38 - Publicado em 7 jun 2016, 21h57
Eduardo Monteiro
Eduardo Monteiro (/)
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Há 21 anos, o Prêmio CLAUDIA joga luz sobre a trajetória de mulheres competentes, talentosas, inovadoras. O evento, que se realiza em outubro e emociona leitoras e convidados, tornou-se referência no país ao promover iniciativas originais e projetos que podem ser replicados e ampliados. Ganha mais importância ao focar exclusivamente em empreendimentos femininos no momento em que as discussões sobre o empoderamento da mulher finalmente chegaram à linha de frente na agenda mundial.

De maio a novembro, você acompanhará todos os detalhes da premiação na revista, em nossas redes sociais e no site premioclaudia.com.br. Os preparativos seguem a todo vapor. Para a seleção, convidamos personalidades para indicar possíveis candidatas em seis categorias: Ciências, Cultura, Negócios, Políticas Públicas, Revelação e Trabalho Social. Ouvimos pesquisadores, acadêmicos, empresários, representantes de ONGs, fundações e universidades, além de vencedoras dos anos anteriores, para chegar a uma lista inicial de mais de 250 nomes. Ainda há a categoria Consultora Natura Inspiradora, que destaca o trabalho social de três consultoras da marca patrocinadora do prêmio.

O próximo passo será entrevistá-las, conhecer o ambiente em que atuam, conversar com aqueles que foram impactados por seus projetos. Para dar conta de tantos encontros, elaboramos um roteiro que inclui desde vilarejos no sertão até grandes capitais, cobrindo todas as regiões do país. São histórias diversas, as mais variadas causas e lutas. No entanto, ao traçar o perfil das finalistas, quase sempre nos deparamos com algumas características comuns. Desses atributos, falamos nas páginas a seguir, que lembram as vencedoras das mais de duas décadas da premiação.

Transformam seus dramas em vitórias
Sobras de comida e roupas usadas era o que Creuza Maria Oliveira recebia como pagamento pela jornada de trabalho de 12 horas, sete dias por semana. Com apenas 10 anos, ela deixara o sertão da Bahia, onde vivia com a mãe, para virar doméstica em Santo Amaro da Purificação, a 84 quilômetros de Salvador. Em 2003, Creuza foi eleita na categoria Políticas Públicas pela criação da Associação Profissional das Domésticas e do Sindicato dos Trabalhadores Domésticos da Bahia. Aos 7 anos, Maria Niziana Castelino tomou uma surra da mãe adotiva, fugiu de casa e passou a morar na rua, onde foi descoberta por uma cafetina. Com 16 anos, era a prostituta mais requisitada de Aracaju. Em 2000, teve seu trabalho como presidente da Associação Sergipana de Prostitutas reconhecido pelo Prêmio CLAUDIA. Alessandra França, a primeira vencedora da categoria Revelação, criada em 2013, passou a infância assistindo aos pais penarem para conseguir crédito nos momentos de maior necessidade da família. Aos 23 anos, ela fundou o Banco Pérola, que oferece microcrédito a pessoas de baixa renda dispostas a empreender.

Rompem com os padrões vigentes
Ser feliz e seguir as próprias preferências e ambições sem estar preso a normas sociais ou às expectativas dos outros é um tema contemporâneo, mas ele já estava na pauta do Prêmio CLAUDIA desde a primeira edição, em 1996. Um das vencedoras daquele ano, Edvalda Pereira Torres, do Projeto Caatinga (de assistência a pessoas carentes do sertão), no dia do seu casamento, entrou na igreja carregando no colo o bebê que adotara meses antes. A atitude deixou a pequena Ouricuri (PE), escandalizada. A educadora Dagmar Garroux (categoria Trabalho Social, 2015), a tia Dag da Casa do Zezinho, rejeita regras desde pequena. Certa vez foi à escola de pijama porque não gostava do uniforme. Já adulta, acabou dando aulas particulares por dificuldade de encaixar-se nos formatos das escolas em que trabalhou.

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Criam em nome do sofrimento dos filhos
A Fundação Thiago de Moraes Gonzaga, de prevenção a acidentes de trânsito, nasceu da dor que toda mãe teme. O filho de Diza Gonzaga (categoria Trabalho Social, 2010) tinha só 18 anos quando morreu em uma colisão no trânsito. A perda a motivou a lutar para que outras famílias não fossem despedaçadas assim. Por motivo semelhante, Maria Maia Matos (1997) resolveu ajudar sua comunidade a combater a alta mortalidade infantil depois de perder uma filha por desidratação. Em 1990, ela se tornou diretora do posto de saúde de Cipoal (PA) e conseguiu que 100% das crianças recebessem as vacinas disponíveis na época.

Sobrevivem a ameaças
Nazaré Gadelha, premiada em 2002, era criança quando acordou com sua casa em chamas. Ela e a família viviam da extração de látex em um seringal. O incêndio fora causado pelo dono da plantação. Mais velha, ela se formou advogada e passou a trabalhar com direitos humanos. Maria das Graças Marçal vivia nas ruas de Belo Horizonte como catadora de papel quando foi ameaçada seguidas vezes por fiscais da prefeitura. Fundou, então, uma associação de catadores para fortalecer a categoria. Seu trabalho foi reconhecido em 1999. Já Edneusa Pereira Ricardo ainda estava de luto quando resolveu enfrentar nas urnas os adversários do marido assassinado. Ele era prefeito de São José da Tapera (AL), então considerado o município mais pobre do Brasil. Edneusa foi eleita, assumiu em 1996 e, durante seu mandato, melhorou índices essenciais: a taxa de mortalidade infantil local caiu de 147 para 60 em cada mil crianças nascidas vivas e a  porcentagem de analfabetos foi de 70,5% para 30%. Em 2001, ela recebeu o Prêmio CLAUDIA.

São movidas por fazer o bem
As vencedoras são todas mulheres que encontram realização quando percebem que seu trabalho é fundamental para melhorar a vida dos outros. É o caso, por exemplo, de Maria de Fátima Andrade Pires. Ao atuar como voluntária em asilos de Franca, no interior de São Paulo, ela percebeu como as fraldas descartáveis faziam toda a diferença na qualidade de vida dos idosos. Fundou, então, uma ONG que fabrica e doa fraldas geriátricas. Em 2011, Fátima foi eleita na categoria especial Consultora Natura Inspiradora, da qual participam consultoras dos produtos Natura selecionadas pelo Programa Acolher para receber apoio técnico e financeiro para ações sociais. A categoria surgiu da parceria de CLAUDIA com a empresa. Por ela passou também, em 2012, Maria Ivoneide do Vale, fundadora do Banco Comunitário Tupinambá, que oferece microcrédito à população da Ilha do Mosqueiro (PA).

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Nunca Desistem
Premiada em 1998, a cientista Miriam Tendler pesquisa, há mais de quatro décadas, uma vacina para combater a esquistossomose. A doença afeta 200 milhões de pessoas no mundo todo e acomete a população de 74 países, incluindo o Brasil. Ao longo de todo esse tempo, seu trabalho já obteve grandes êxitos. A previsão é de que a vacina possa ser utilizada em humanos em 2019. Outra vencedora que, há anos, debruça-se sobre um mesmo tema de pesquisa é a arqueóloga Maria Beltrão, eleita em 2005 na categoria Cultura. Mesmo aos 81 anos e já aposentada, ela continua na busca por sítios arqueológicos no interior do país.

Desafiam até os piores prognósticos
As histórias das vencedoras, com frequência, são relatos de superação. Marinalva Dantas (categoria Políticas Públicas, 2015) nasceu em uma família muito pobre, mas acabou sendo criada pelos tios ricos em Natal. Formou-se em direito e construiu uma carreira heroica, libertando escravos. Mariangela Hungria, eleita na categoria Ciências, é hoje uma das maiores especialistas em soja do mundo. Ficou grávida ainda na faculdade. Para não abandonar o curso, levava o bebê às aulas. A segunda filha chegou em seguida, com necessidades especiais. Mesmo sem ajuda e com pouco dinheiro, não desistiu e conseguiu dar uma vida confortável para suas filhas e ainda fazer a diferença em sua área.

Seguem a intuição
O que motivou a empresária Chieko Aoki (categoria Negócios, 2004) a investir em um novo mercado durante uma crise financeira? “A intuição”, diz ela, que é dona da rede de hotéis para executivos Blue Tree. Movida por impulso semelhante, aos 23 anos, a pedagoga baiana Cybele de Oliveira (categoria Trabalho Social, 2008) deixou um bom emprego e o conforto da casa dos pais em Salvador para dar aulas na pequena Caeté-Açu, na Chapada Diamantina. Trocou os ditados e as cópias por leitura e interpretação de textos, montou atendimento gratuito em sua casa e, em dois anos, conseguiu baixar severamente os índices de evasão e repetência.

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São inovadoras
Uma das três filhas da arquiteta mineira Erika Foreaux (Trabalho Social, 2012), Sophia, nasceu com um problema motor nos membros inferiores. Em seu primeiro dia de aula, a garota não encontrou um lugar adequado para sentar-se na sala. Na época, Erika era representante de um grupo francês de mobiliário infantil e sentiu-se desafiada a pensar em algo. Passou, então, a desenvolver móveis para crianças como Sophia. Já a consultora Natura Lisandra Mazutti ajudou a resolver um grande problema das famílias de Caxias do Sul (RS): a falta de vagas em creches públicas. Ela fez parte do grupo que fundou o Projeto Mão Amiga, que subsidia a mensalidade em escovinhas privadas para crianças carentes até 6 anos. Seu empenho rendeu a ela o Prêmio CLAUDIA no ano passado.

Emanam uma energia contagiante
Ela é unanimidade. Quem conhece Sulemi Coaxi não consegue deixar de notar seu bom humor. A vencedora da categoria especial Consultora Natura Inspiradora em 2011, mãe de uma moça que nasceu com paralisia cerebral, mudou a realidade das famílias do município de Sapeaçu, no Recôncavo Baiano, ao criar a Associação Pestalozzi, que atende crianças com deficiência. Sulemi tem um quê de Hebe Camargo (1929–2012), homenageada em 2011, que nunca se deixou abater e inspirou tantos brasileiros com seu entusiasmo. 

São pioneiras
O Prêmio CLAUDIA é também um grande meio de reconhecimento e registro das conquistas femininas das últimas décadas. Em suas 20 edições, o evento deu publicidade a pioneiras de diversas áreas. Em 2007, Ivete Sacramento venceu na categoria Políticas Públicas. Por oito anos, de 1998 a 2005, ela foi reitora da Universidade do Estado da Bahia. Antes de Ivete, nenhuma mulher negra havia ocupado esse cargo em qualquer instituição de ensino brasileira. No campo das ciências, Iris Ferrari (2006) destacou-se como uma das primeiras médicas a especializar-se  em aconselhamento genético. Criou também a mais antiga residência médica em genética do país.

Tem uma carreira inteira de sucesso
Em 1998, Fernanda Montenegro estava entre as vencedoras da terceira edição do prêmio. Já contava 50 anos de carreira. Foi assim também com a escritora Glória Perez (2002) e Nicette Bruno (categoria Cultura, 2009), entre outras que já eram estreladas quando chegaram aqui. Há ainda aquelas cujo talento foi reconhecido ao despontar. O Prêmio CLAUDIA 2001 foi um dos primeiros da brilhante carreira da geneticista Mayana Zatz. Atualmente, ela coleciona mais de três dezenas de títulos e honrarias.

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