“Pintei o cabelo aos 9 anos para me igualar ao padrão local”
Quando criança, Thaís Faddie queria ser fisicamente igual aos índios, maioria na região onde nasceu, e passava cremes para tentar tirar as sardas.
A mato-grossense-do-sul Thaís Faddie, 20 anos, cresceu em uma região repleta de indígenas e odiava suas sardas e cabelos extremamente loiros por ser diferente do padrão local. “Nasci em uma cidade pequena, próxima à fronteira com o Paraguai. Perto de onde eu morava, havia uma aldeia e convivíamos com índios de pele vermelha e cabelo preto. Minha família era diferente: todos bem brancos e loiros. Eu tinha sardinhas e odiava-as. Tentei usar cremes para fazê-las sumir e pintei meu cabelo pela primeira vez aos 9 anos. Não gostava do que via no espelho e sofria bullying dos colegas. Na adolescência, essa aceitação piorou e recorri à terapia para me enxergar melhor. Há dois anos, estou mais feliz comigo mesma, mais confiante. Hoje, morando na capital, continuo sentindo que sou julgada apenas pela minha aparência – só que, se antes eu fugia ao padrão, agora me encaixo no que as pessoas consideram a beleza ideal. Elas dizem: “Você é linda, não tem do que reclamar”. O que eu queria mesmo era que olhassem para além disso, para quem sou. É assim que acho alguém bonito, prestando atenção nos detalhes, em como ele é, como se comporta.”
Ela é uma das mulheres retratadas no Atlas da Beleza Brasileira. CLAUDIA acredita que beleza é uma consequência do lugar de onde viemos, das vivências e da maneira como nos vemos, por isso, ao longo de três meses, convocamos fotógrafos de todo o país a compartilharem registros de mulheres acompanhados de suas histórias. A ideia é mostrar que o encanto das brasileiras vai muito além do que aparece na televisão, nas passarelas e até mesmo nas páginas de revista.
As melhores fotos foram selecionadas para fazer parte de uma exposição no Shopping JK Iguatemi, em São Paulo, – onde fica até o dia 05 de dezembro – e de um livro. Esse é só o começo. O atlas continua. Conte sua história no Instagram com a hashtag #belezaemtodo canto e faça parte desse mapa de histórias e beleza.