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Pela primeira vez, travesti negra conquista título de doutora

A tese , defendida na UFPR, fala sobre racismo e homofobia. Megg Rayara Gomes de Oliveira promete lutar por inserção de travestis na educação

Por Beatriz Koch Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 1 abr 2017, 12h22 - Publicado em 1 abr 2017, 12h18
Emocionada, Megg Rayara Gomes de Oliveira defendeu tese de doutorado sobre racismo e homofobia (Samira Chami Neves/Reprodução)
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Foram quatro anos de estudo na Universidade Federal do Paraná (UFPR) para Megg Rayara Gomes de Oliveira defender sua tese sobre racismo e homofobia nessa última quinta-feira (30) – e, assim,  conquistar, de forma inédita no país, o título de doutora. Sua longa pesquisa foi feita com quatro professores negros homossexuais, de ensino fundamental e médio, e abordou a resistência de gays e negros na educação. Na banca, ela, que não revela a idade exata, usou um vestido vermelho que exibia nomes de travestis mortas. Formada em Desenho pela Escola de Música e Belas Artes do Paraná, Megg tem duas especializações, em história da arte e história da cultura africana, e é mestra em educação também pela UFPR.

Professora substituta nessa mesma universidade, Megg diz ainda enfrentar preconceito e pretende lutar pela inserção de travestis no ensino superior. “A nossa presença [dos travestis], fora da prostituição, não é naturalizada. Por causa disso, eu encenei, por muito tempo, uma existência masculina que não era minha, para poder sobreviver. Foi um processo de resistência. (…) Fui percebendo que, se não tivesse boa formação acadêmica, não ia ter lugar nenhum no mundo. A minha existência era um fracasso absoluto. À medida que fui progredindo academicamente, fui me construindo como travesti negra, expressando minha identidade. Aí tinha um repertório para me proteger. (…) Hoje, sou professora da UFPR. Mas o espaço que me sobra é no serviço público, porque a iniciativa privada não contrata.(…)  A defesa da minha tese é uma conquista coletiva. Do movimento negro e, principalmente, de travestis e transexuais. (…) A gente tem que ter voz, queremos ser tratas como pessoas que pensam e produzem conhecimento”, afirmou, em depoimento à Folha de S. Paulo.

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Na banca: ela é a primeira travesti negra no país a receber o diploma de doutora (Samira Chami Neves/)

Megg é a segunda travesti no Brasil a defender uma tese de doutorado. A primeira, que não é negra, foi Luma Andrade, doutora pela Universidade Federal do Ceará, em 2012. Como as duas, há notícias de apenas mais duas travestis frequentando programas de doutorado no Brasil – uma na Universidade Federal de São Carlos e outra na Unicamp.

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