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Para chegar aos 50+ e 60+ amando e vivendo melhor

A jornalista Marcia Neder lança A Revolução das 7 Mulheres. É o retrato da geração que perdeu o medo da idade, se apaixona mais, produz melhor, inventa um jeito de ser livre e mostra como isso é simples

Por Patrícia Zaidan Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 22 out 2016, 22h03 - Publicado em 15 set 2015, 12h49
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Marcia Neder entrava na redação de CLAUDIA feito um tsunami. Diretora da revista por sete anos, jorrava ideias para reportagens, entrevistas, fotos, capas. Captava, com facilidade, o que queriam as ruas e traduzia o espírito delas nas páginas da revista. Entendeu os dilemas femininos como poucos. E, muitas vezes, saiu na frente apontando caminhos para o futuro. Com sua turbina sempre ligada, virou escritora. Lançou o livro A Revolução das 7 Mulheres (Ed Senac) enxergando melhor as gerações 50 + e 60+, a quem a mídia e o mercado de trabalho ainda ignoram. O livro descreve sete perfis que mostram à leitora as qualidades que ela deve desenvolver para ser mais feliz. E serve de espelho para as mais jovens chegarem lá com liberdade e plenitude.

Márcia empenhou um ano e meio nesse trabalho, fez uma centena de entrevistas, que lhe renderam mais de 500 perguntas respondidas em todo o país. O resultado: ela constata que a mulher está reinventando a maturidade. Na verdade, a jornalista já havia intuído essa transformação. Mas inquieta, foi ouvir especialistas (geriatras, dermatologistas, psicólogos e psicanalistas) e ícones da geração, como Irene Ravache, Bruna Lombardi, Luiza Helena Trajano, Costanza Pascolato, Lidia Aratangy, Carmita Abdo e Marcia De Luca, entre outras. Veja a nossa conversa:

 

Você é da geração que fez todas as revoluções feministas: saiu de casa para trabalhar, criou o direito de transar sem casar, decidiu usar pílula… E, agora, inventa um novo jeito de ser madura. Essa última revolução já está consolidada? Ou ainda em curso?

MARCIA NEDER— Está em curso, não tem nada pronto. Essa é a beleza do processo: libertação e descoberta. Não tem liderança, não tem palavra de ordem. São revoluções pessoais, individuais, que se espalham e transformam o todo.

 

Quando você percebeu que os 60 anos não seriam o fim da linha?

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MARCIA NEDER – Ao chegar neles. Quando eu tinha a idade da minha filha, uma mulher de 60 era uma velhinha. Cresci com essa noção e o receio da velhice, até descobrir que não é nada disso. Tenho enorme vitalidade, curiosidade, muitos planos a realizar e me sinto ótima, com muito tempo pela frente. Ou seja, os 60 anos da sociedade do conhecimento, do século 21, é completamente diferente dos 60 da sociedade industrial, do século passado. Esse número tem um novo significado. Hoje, os 60 são os novos 60.

 

O que aprendeu com cada um dos 7 perfis que você descreve no livro?

MARCIA NEDER – Aprendi muito com cada uma das minhas entrevistadas, todas mulheres valentes e fortes, que serviram de base para a construção dos perfis. É claro que a gente se espelha mais fortemente em um dos tipos, mas também podemos nos ver em alguns aspectos dos outros, sobretudo na resiliência e na visão positiva da vida que todas têm.

A realizadora é visionária e empreendedora, quer deixar um legado.

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A exuberante é a alegria em pessoa, agrega todos ao seu redor.

A desbravadora, determinada, venceu no mundo masculino sem perder a feminilidade.

A formiga, disciplinada e austera, planeja um futuro com mais prazer.

A equilibrista luta, tem otimismo e não desiste nunca.

A fênix: resiliente, forte e com capacidade de reinvenção.

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A comandante é protetora, generosa, incansável e onipresente.

 

Qual é a relação entre a sua carreira em revistas femininas e seu primeiro livro?

MARCIA NEDER – A relação é total, já que trabalhei por três décadas com comportamento feminino. Nessa minha nova fase de carreira solo, montei uma empresa de consultoria e conteúdo chamada Todas as Mulheres por Marcia Neder, para aprofundar o estudo de vários nichos de comportamento. Escolhi começar pela nova mulher madura.

 

Frases de mulheres influentes estão espalhadas ao longo do livro. Aponte a que mais tem significado para você.

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MARCIA NEDER – Essa pergunta é difícil. Há pensamentos muito inspiradores no livro, que promovem a reflexão. Mas, se eu tivesse que escolher apenas uma, ficaria com a frase da atriz Bibi Ferreira, que encerra o livro. Quando perguntei o que eu deveria fazer para ser Bibi aos 90, ela me respondeu: “É só seguir o meu lema, o do uísque. Keep Walking”. Tenho pensado nisso todos os dias.

 

Diante de tantos tabus que cercam as maduras, você teve dificuldade de encontrar uma editora que publicasse o livro? A sociedade ainda rejeita a mulher mais velha?

MARCIA NEDER – Não tive dificuldade em achar uma editora que se dispusesse a mexer no vespeiro, já que esse é o assunto do momento diante da gigantesca mudança demográfica por que passa o Brasil. Há muito desconhecimento, preconceito e visão retrógrada. Lamentavelmente a sociedade tradicional brasileira ainda rejeita a velhice, de mulheres e homens. Mas ela também tem curiosidade, quer entender melhor o que está acontecendo. A Editora Senac foi muito parceira e me deu liberdade total.

 

Dá para fazer sexo bom e ter descobertas eróticas na maturidade? Ou vale, nessa fase, a velha amizade e a confortável cumplicidade com o parceiro?

MARCIA NEDER – É possível se apaixonar e descobrir uma sexualidade maravilhosa na maturidade. Como bem colocou a doutora Carmita Abdo, especialista no assunto, amor e paixão são sentimentos e experiências que nada têm a ver com idade. E vi vários exemplos. Assim como é muito gostosa a cumplicidade serena com o parceiro para aqueles que fazem essa escolha. Maturidade é libertação, é o momento da vida em que só temos que fazer aquilo que dá vontade e prazer, seja o que for.

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Do alto de sua carreira, que conselho daria a sua filha Roberta? O que a geração dela deve fazer de forma diferente?

MARCIA NEDER – Os conselhos que sempre dou para a minha filha Roberta, 24 anos, que trabalha no admirável mundo novo da Apple, são:

– Seja independente financeiramente e, portanto, dona das suas decisões.

– Seja ética, fiel a si mesma e ame tudo o que faz.

– Prepare-se para o futuro. Não espere para pensar na maturidade quando ela chegar; provavelmente será tarde. Nas minhas entrevistas, percebi uma realidade muito diferente entre as pessoas que se prepararam para a maturidade e as que não se preocuparam. Sei que é meio utópico, mas os jovens deviam pensar nisso bem mais cedo.

 

 

Como são as relações das cinquentinhas e sessentinhas com os ícones atuais, com a vida digital, com a volatilidade das relações?

MARCIA NEDER – As mulheres 50+, 60+ estão plugadas, com mobilidade total. Lidam com tranquilidade com o mundo digital, embora assumam que não são craques em muitas coisas. Mas não estão nem aí: o que interessa, elas aprendem. E a experiência delas ajuda a entender a volatilidade das relações e as mudanças do mundo atual. Elas, inclusive, agem muito melhor que os jovens: não têm mais nada para provar para si mesmas. São independentes e seguras de si. O mundo que venha atrás!

 

Você continua rebelde e desobediente ainda hoje, não?

MARCIA NEDER – Uma vez rebelde, sempre rebelde! Principalmente em um mundo em que tanta coisa ainda precisa ser transformada, sobretudo em relação à mulher. Em pleno século 21, são aceitáveis os números, persistentemente altos, da violência, o funil apertado para chegar ao topo da carreira, a diferença salarial em cargos iguais? Abordei tudo isso no livro, porque são assuntos que mobilizam a minha geração. As desobedientes da revolução feminina do século passado ainda têm muita coisa para fazer pela igualdade.

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