Papa brasileiro? As chances do Brasil na sucessão de Francisco
Confira quando ocorrerá o conclave papal e quem são os brasileiros elegíveis a novo líder da Igreja

Após o falecimento do Papa Francisco, ocorrido nesta segunda-feira (21), a Igreja Católica inicia os preparativos para a eleição de seu sucessor. O conclave, processo que reúne os cardeais com menos de 80 anos para a votação, deve ocorrer entre o 15º e o 20º dia após a morte. Atualmente, aproximadamente 120 cardeais, de um total de 252, estão elegíveis para participar da escolha do novo líder da Igreja.
Os possíveis sucessores do Papa Francisco
Cardeal Sérgio da Rocha – Brasil
Atual arcebispo de Salvador (desde 2020), sucedendo a Dom Murilo Krieger. Sua trajetória inclui o episcopado em Brasília (2011-2020), onde também serviu como arcebispo metropolitano e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) por dois mandatos consecutivos (2011-2015 e 2015-2019).
Anteriormente, foi bispo auxiliar de Fortaleza (2001-2007) e arcebispo de Teresina (2007-2011). Nomeado cardeal em 2016 pelo Papa Francisco, é membro do Conselho de Cardeais (C9) desde 2023, um grupo consultivo do Papa para reformas na Cúria Romana e questões de governança da Igreja. É reconhecido por sua atuação em temas de bioética e por sua expertise em Teologia Moral, área em que possui formação acadêmica aprofundada.
Cardeal Leonardo Ulrich Steiner – Brasil
Primeiro cardeal da Amazônia brasileira, nomeado em 2022 pelo Papa Francisco, um gesto que sublinha a importância da região para a Igreja Católica e as preocupações ambientais e sociais. Sua nomeação como bispo ocorreu em 2005, pelo Papa João Paulo II, para a prelazia de São Félix do Araguaia, onde atuou até ser nomeado arcebispo de Manaus, tomando posse em janeiro de 2020.
Dom Leonardo é conhecido por sua defesa dos direitos dos povos indígenas e das comunidades tradicionais da Amazônia, bem como por sua atuação em questões relacionadas à ecologia integral. Ele possui uma longa trajetória de serviço na região amazônica e um profundo conhecimento de suas realidades.
Cardeal Blase Cupich – EUA
Arcebispo de Chicago desde 2014, nomeado pelo Papa Francisco, e cardeal desde 2016. Sua liderança na arquidiocese tem sido marcada por uma abordagem pastoral que enfatiza a inclusão de grupos marginalizados, a justiça social e o diálogo com diferentes setores da sociedade.
Considerado um dos líderes mais progressistas da Igreja nos Estados Unidos, Cardeal Cupich tem se posicionado em temas como a acolhida de imigrantes e refugiados, a luta contra a pobreza e a necessidade de reformas na Igreja para torná-la mais acolhedora e relevante no mundo contemporâneo. Ele também tem se envolvido em discussões sobre a reforma da Cúria Romana.
Cardeal Fridolin Ambongo Besungu – República Democrática do Congo
Arcebispo de Kinshasa desde 2018, sucedendo ao Cardeal Laurent Monsengwo Pasinya, e nomeado cardeal em 2019 pelo Papa Francisco. Sua voz é uma das mais ativas na defesa da paz, da justiça social e dos direitos humanos na República Democrática do Congo, um país marcado por conflitos e instabilidade política.
Cardeal Ambongo Besungu frequentemente se manifesta contra a corrupção, a violência e a exploração dos recursos naturais, defendendo a dignidade do povo congolês e o papel da Igreja como agente de reconciliação e esperança. Sua coragem e clareza em denunciar injustiças o tornaram uma figura respeitada tanto dentro quanto fora do país.
Cardeal Jean-Marc Aveline – França
Arcebispo de Marselha desde 2019, sucedendo a Dom Georges Pontier, e nascido na Argélia, o que lhe confere uma perspectiva particular sobre questões de diálogo intercultural e inter-religioso. Nomeado cardeal em 2022 pelo Papa Francisco, é um defensor ativo do diálogo com outras religiões, especialmente com o Islã, dada a significativa população muçulmana em Marselha.
Ele também se dedica à causa dos imigrantes e refugiados, defendendo políticas de acolhimento e integração. Antes de sua nomeação para Marselha, serviu como bispo auxiliar da mesma arquidiocese. Sua proximidade com o Papa Francisco o colocou como um dos nomes frequentemente mencionados como um possível sucessor.
Cardeal José Tolentino de Mendonça – Portugal
Poeta, teólogo e biblista originário da Ilha da Madeira. Desde 2022, ocupa o cargo de prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação na Cúria Romana, sendo o segundo português a ocupar um cargo de prefeito de dicastério. Foi nomeado cardeal em 2019 pelo Papa Francisco.
Conhecido por seu perfil intelectual sofisticado e por sua abordagem progressista em temas teológicos e pastorais, suas obras literárias e ensaios frequentemente exploram a relação entre fé, cultura e arte. Antes de sua nomeação para o Vaticano, serviu como arquivista e bibliotecário da Santa Igreja Romana, demonstrando seu profundo conhecimento do patrimônio cultural e intelectual da Igreja.
Cardeal Luis Antonio Tagle – Filipinas
Cardeal desde 2012, nomeado por Bento XVI, é uma figura influente tanto no Vaticano quanto na Ásia. Atualmente, ocupa o cargo de pró-prefeito do Dicastério para a Evangelização (Seção para a Primeira Evangelização e as Novas Igrejas Particulares) desde 2019. Anteriormente, presidiu a Caritas Internacional, a confederação de organizações católicas de assistência e desenvolvimento, demonstrando seu compromisso com a justiça social e a ajuda humanitária.
Com um perfil pastoral caloroso e uma forte ênfase no diálogo inter-religioso e na defesa dos pobres, Dom Tagle é amplamente respeitado por sua humildade e sua capacidade de comunicação. Ele também foi apontado como um dos possíveis sucessores de Papa Francisco.
Cardeal Mario Grech – Malta
Secretário-geral do Sínodo dos Bispos desde 2020, nomeado para este cargo pelo Papa Francisco. Tornou-se cardeal no mesmo ano. Teólogo com experiência em diálogo ecumênico e justiça social, Cardeal Grech tem desempenhado um papel crucial no desenvolvimento e na implementação do atual processo sinodal da Igreja Católica, um esforço para promover uma maior escuta e participação de todos os membros da Igreja na tomada de decisões.
Antes de sua nomeação para o Vaticano, serviu como bispo de Gozo, em Malta. Sua experiência em envolver diferentes perspectivas e construir consenso é fundamental para o processo sinodal.
Cardeal Matteo Zuppi – Itália
Arcebispo de Bolonha desde 2015 e presidente da Conferência Episcopal Italiana desde 2022. Foi elevado ao cardinalato em 2019 pelo Papa Francisco. Conhecido por seu perfil progressista e seu forte vínculo com a Comunidade de Sant’Egidio, um movimento católico leigo dedicado à oração, ao serviço dos pobres e à promoção da paz e do diálogo inter-religioso.
Cardeal Zuppi tem se destacado por seu engajamento em questões sociais, como o apoio a imigrantes, a defesa dos direitos dos LGBTQIA+ e os esforços de reconciliação em zonas de conflito. Em 2023, foi enviado especial do Papa Francisco em uma missão de paz para a Ucrânia, demonstrando a confiança do pontífice em sua capacidade de diálogo e mediação.
Cardeal Pietro Parolin – Itália
Secretário de Estado do Vaticano desde 2013, nomeado pelo Papa Francisco, ocupando o segundo posto mais importante na hierarquia da Santa Sé. Sua vasta experiência diplomática inclui passagens como núncio apostólico na Venezuela e subsecretário para as Relações com os Estados da Secretaria de Estado.
Cardeal Parolin é um diplomata experiente e habilidoso, com atuação em temas globais complexos e sensíveis, como as relações da Santa Sé com a China, a situação no Oriente Médio, o desarmamento e as questões ambientais. Sua capacidade de negociação e seu conhecimento das dinâmicas internacionais o tornam uma figura central na política externa do Vaticano.
Cardeal Péter Erdő – Hungria
Arcebispo de Esztergom-Budapeste e primaz da Hungria. Foi nomeado cardeal em 2003 por João Paulo II, sendo um dos cardeais eleitores mais antigos. Considerado um conservador com uma sólida base acadêmica em direito canônico, tem se dedicado à nova evangelização na Europa e ao diálogo ecumênico com as igrejas ortodoxas.
Cardeal Erdő desempenhou um papel importante em diversos sínodos e encontros da Igreja, contribuindo com sua visão teológica e jurídica. Sua longa experiência e seu conhecimento da Igreja na Europa Central o tornam uma voz influente no Colégio Cardinalício.
Cardeal Pierbattista Pizzaballa – Itália
Patriarca Latino de Jerusalém desde 2020 e nomeado cardeal em 2023 pelo Papa Francisco. Franciscano, com uma longa história de serviço na Terra Santa, é um defensor incansável do diálogo inter-religioso entre cristãos, judeus e muçulmanos na região.
Sua atuação é marcada pela busca da paz e da justiça para todos os povos da Terra Santa, incluindo a defesa dos direitos dos palestinos no contexto do conflito israelense-palestino. Sua nomeação como cardeal reflete a importância que o Papa Francisco atribui à situação em Jerusalém e ao papel da Igreja na promoção da paz e da reconciliação.
Cardeal Robert Francis Prevost – EUA
Prefeito do Dicastério para os Bispos desde 2023, ano em que foi elevado ao cardinalato pelo Papa Francisco. Membro da Ordem de Santo Agostinho, possui uma vasta experiência missionária na América Latina, tendo atuado por muitos anos no Peru.
Sua nomeação para um dicastério chave da Cúria Romana, responsável pela nomeação de novos bispos em todo o mundo, demonstra a confiança do Papa em sua capacidade de discernimento e sua visão da Igreja. Sua experiência internacional e seu conhecimento das realidades da Igreja em diferentes contextos são considerados valiosos para esta função.
Cardeal Wilton Gregory – EUA
Arcebispo de Washington D.C. desde 2019 e o primeiro cardeal afro-americano, nomeado em 2020 pelo Papa Francisco. Sua liderança tem sido marcada por uma forte defesa da justiça racial, da ação climática e do combate ao abuso clerical, temas que têm ganhado crescente importância na agenda da Igreja Católica.
Cardeal Gregory tem sido uma voz importante no diálogo sobre raça e reconciliação nos Estados Unidos, utilizando sua posição para promover a igualdade e a inclusão. Sua nomeação como cardeal representou um marco significativo para a comunidade afro-americana católica e um sinal do compromisso da Igreja com a diversidade.
Casas de aposta já apontam um favorito
Apesar da morte do papa Francisco ter acontecido há poucas horas, casas de aposta do mundo inteiro já estão tentando cravar quem será o sucessor do pontífice.
Luis Antonio Tagle emergiu como o principal candidato à sucessão papal, com odds de 1/1 e uma probabilidade de 50%. Essa ascensão o coloca à frente de Pietro Parolin, secretário de Estado do Vaticano, que, antes da morte de Francisco, era o favorito, mas agora possui odds de 6/4 e uma chance de 40% de eleição.
Tagle, ex-arcebispo de Manila, compartilha com Francisco a ênfase na justiça social e no cuidado com os pobres, rendendo-lhe o apelido de “o Francisco asiático”. Suas críticas à postura da Igreja em relação a gays, divorciados e mães solteiras, somadas à sua posição como sétimo cardeal filipino, alimentam a expectativa de um possível papado asiático.
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