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Pais descobrem através de desenho que filha de 5 anos era abusada por pastor

A pequena não queria voltar às aulas, pois afirmava que "o tio João fazia bobagens com ela"

Por Isabella Marinelli
14 out 2016, 18h42

Desenhos feitos por uma menina de 5 anos ajudaram seus pais a identificarem que ela havia sofrido violência sexual. De acordo com as investigações da Polícia Civil de Montes Claros (MG), a criança começou a fazer as aulas de inglês em julho de 2015, mas parou. Os pais, então, insistiram para que ela voltasse, mas filha se recusou afirmando que não queria retornar porque “o tio João fazia bobagens com ela”.

Assim que os responsáveis tomaram conhecimento dos fatos através da criança, procuraram por uma psicóloga particular. Ela orientou que eles procurassem nas coisas dela se havia algum indício ou vestígio. A menina gostava muito de desenhar e os pais encontraram vários desenhos que ilustravam o abuso sexual“, disse a delegada Karine Maia ao G1

A responsável pelo caso também explicou que na maioria das imagens podem ser visualizadas duas pessoas, uma rindo e a outra chorando. Especificamente em um dos desenhos, há um indivíduo com o pênis ereto e esse seria um desenho comumente feito por crianças que sofrem abusos.

A conversa com a garotinha também foi levada em consideração. “Ela contou detalhes, dizendo que ele tirava a roupa dela e a colocava dentro de um berço, já que a sala era um berçário. Tirava a roupa dela, tocava nas partes íntimas e fazia sexo oral”, afirmou Maia. A criança relatou ainda que o professor João da Silva trancava a porta da sala. 

Leia também: O que fazer quando seu filho sofre assédio sexual

Depois da descoberta, a pequena passou a ficar muito doente. Os pais também observaram que ela estava arredia e com dificuldades para lidar com a figura masculina – inclusive em momentos que precisava ficar sozinha com o próprio pai em casa. “É importante que os pais monitorem, prestem atenção nos sinais que as crianças dão“, retoma Maia. 

O advogado do suspeito, Pedro Barnabé Carlos, diz que não concorda com a prisão do cliente, que é pastor e dá aulas de inglês. “Ele esteve sempre na cidade, conforme foi reivindicado pela própria delegada. Ela solicitou que se ele fosse sair da cidade, avisasse, mas não foi impedido de transitar”, explica. O homem, que tem formação em Letras, foi expulso e perdeu a função de pastor secundário.

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Depois do decreto de prisão temporária, a Polícia Civil irá ouvir outras pessoas e investigar se mais crianças foram vítimas de João da Silva. Ele morava em Aracaju (SE), mas já atuava como pastor e está em Montes Claros há seis anos.

 

MEU FILHO FOI ABUSADO. O QUE EU FAÇO?

70% das estupradas são crianças e adolescentes de até 17 anos. 68% dos crimes são cometidos por pessoas próximas, como familiares e amigos. A advogada e mestre em Direito da Universidade de São Paulo (USP), Ester Rizzi, lembra que as crianças e adolescentes são protegidos pela Constituição Federal – e este é o documento mais importante do nosso país.

“Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.”  (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010).

Isso significa que, no caso de uma criança assediada ou abusada, a família, bem como as instituições nas quais ela está inserida e o Estado devem intervir pela sua segurança. “Há uma responsabilidade jurídica muito forte por essa criança. Todos esses devem tomar providências. Poucos são os direitos em Constituição que têm absoluta prioridade”, afirma.

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O estupro ou incitação ao estupro de vulnerável têm pena prevista de 8 a 15 anos de reclusão. E é importante lembrar que estupro não é apenas a penetração: qualquer ato libidinoso, como “passar a mão”, pelas nossas leis, é considerado estupro.

COMO DENUNCIAR?

Ester Rizzi recomenda que os pais ou responsáveis sigam alguns passos:

– Reúna todas as provas ou possíveis provas e dirija-se à delegacia mais próxima.
– Conte a sua história ao delegado. “Ele pode oferecer resistência. Insista, é seu direito”, assegura a advogada.
– Antes de sair da delegacia, confira se a sua história foi contada da maneira correta e peça uma cópia do boletim de ocorrência.
– Feito isso, você tem três caminhos:
+ Se ganhar menos do que três salários mínimos, pode recorrer à Defensoria Pública.
+ Se não, contate um advogado – melhor ainda se ele for especializado em casos assim.
+ Você também pode procurar a Promotoria da Infância e da Juventude do seu estado.

*Dados IPEA e Ministério da Saúde.

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