O que se sabe até agora sobre o caso da família Turpin
David e Louise mantiveram os 13 filhos presos em casa, sem comer e sem higiene, por vários anos
A família Turpin, aos olhos dos familiares e vizinhos, tinha uma vida perfeita. Mas atrás das paredes que os separavam, havia uma casa de terror. As crianças viviam no escuro, sozinhas, acorrentadas às camas. Tomavam banho apenas uma vez por ano e não comiam, estavam desnutridas e desidratadas. Escondidos do mundo e em meio à imundice, a única coisa que podiam fazer era escrever mais e mais diários. Os 13 filhos de David e Louise viveram assim por anos sob o cabresto de quem deveria protegê-los.
O pesadelo só acabou quando uma das garotas, conseguiu completar a fuga que arquitetou por 2 anos e saiu pela janela com um celular. Por telefone, contou que seus 12 irmãos estavam encarcerados em casa. Os agentes do xerife do condado de Riverside foram ao encontro dela. Quando chegaram, a jovem mostrou fotos que comprovavam o que ela dizia. Aos 17 anos, ela aparentava ter apenas 10.
As autoridades entraram no lar de David Allen Turpin, de 57 anos, e Louise Turpin, de 49, por volta de 6 da manhã. Eles costumavam trocar o dia pela noite e, a essa hora, os pais estavam indo dormir.
O cenário, que intriga e aterroriza a equipe de investigação, parece ter saído de um filme de horror. Eles se depararam com uma residência exalando um odor forte e ruim. Três crianças estavam amarradas, todas com sinais de debilitação grave. Para se ter uma ideia, a mais velha, aos 29 anos, pesava 37 quilos. A menor, de 2 anos, ainda estava bem tratada, mas possivelmente teria o mesmo destino dos outros. São 12 crimes de maus-tratos somados à tortura, que podem render aos dois 94 anos de prisão.
O que se sabe até agora
Segundo a família
Os depoimentos de parentes ajudam a delinear o começo da história. Os Turpin são de Princeton, na Virgínia Ocidental, e casaram-se jovens – ela com 16, ele com 23. Ao que parece, sempre foram rigorosos com as crianças e levavam a vida sob preceitos da religião. Entretanto, os maus-tratos teriam começado quando já moravam em Forth Worth, no Texas, onde passaram quase 17 anos. Suspeita-se que, inclusive, a dupla já chegou a morar fora de casa e fazer apenas visitas esporádicas.
De acordo com a acusação, as agressões se agravaram com o passar dos anos e ficaram ainda mais intensas quando a família se mudou para a Califórnia, em 2010. A essa altura, as relações com os demais parentes já haviam sido completamente interrompidas.
Tudo indica que os pais de David Turpin, Betty e James, foram os últimos a ver crianças, há cerca de seis anos. Betty relatou à imprensa que eles não perceberam as condições deles. “Achava que eram cristãos exemplares”, afirmou. O casal era muito religioso e se sentia chamado por Deus para ter muitos filhos.
A família até saía de casa para passeios. Chegaram a publicar fotos de viagens entre 2011 e 2016, além dos registros das vezes que renovaram os votos do casamento em Las Vegas. Para os parentes distantes, que viam essas imagens como únicas informações sobre eles, todos levavam uma vida perfeita.