O Iluminado: 50 anos depois é lançada a continuação do clássico de Stephen King
Mestre do suspense revela em novo livro o que aconteceu com o garoto Dan Torrance
Na última cena de O Iluminado, filmado em 1980 por Stanley Kubrick, o garotinho Dan Torrance (Danny Lloyd) foge do próprio pai (Jack Nicholson), que tenta atacá-lo com um machado. Ele, um escritor com problemas de alcoolismo, arranja um trabalho como zelador em um hotel assombrado no Colorado. O inverno rigoroso e o isolamento o transformam em um ser perigoso e irreconhecível, que tenta matar a própria família. Cinco décadas depois de ter escrito o livro que deu origem ao filme, o mestre do suspense Stephen King lança Doutor Sono (Suma das Letras, R$ 44,90) e revela o que aconteceu com aquele garoto. Agora adulto, e alcoólatra, ele consegue abrigo em um grupo de Alcoólicos Anônimos e trabalha em uma casa de repouso, onde é conhecido como Doutor Sono. Dotado de certos poderes, Dan traz conforto aos que estão morrendo. Até que conhece Abra Stone, uma jovem com um dom especial e que o remete ao seu passado sombrio. Confira um trecho do livro:
“Era preciso dirigir por 33 quilômetros, de Frazier a North Conway, mas Dan Torrance fazia a viagem toda quinta à noite, em parte porque podia. Estava trabalhando na Helen Rivington House, ganhando um salário decente e recuperado a carteira de motorista. O carro que ele tinha comprado para comemorar não era grande coisa, apenas um Caprice com três anos de uso, pneus recondicionados e um rádio precário, mas o motor estava bom e toda vez que ele dava partida, sentia-se o sujeito mais sortudo de New Hampshire. Achava que se nunca mais tivesse que pegar um ônibus de novo morreria feliz. Era janeiro de 2004. Exceto por alguns pensamentos e imagens aleatórias – além do trabalho extra que, às vezes, fazia no asilo, é claro –, a iluminação andara quieta. Ele teria feito aquele trabalho voluntário de qualquer maneira, mas depois do período passado no AA, passou a encará-lo como uma reparação, algo que as pessoas em recuperação achavam quase tão importante quanto se manter afastado do primeiro gole. Se ele conseguisse emplacar mais três meses, poderia comemorar três anos de sobriedade.”