No Brasil, morrem 2,6 vezes mais negros que brancos por arma de fogo
Entre 2003 e 2014, a taxa de homicídio de negros por arma de fogo aumentou 9,9%, enquanto a de brancos caiu 27,1%
O novo Mapa da Violência foi divulgado nesta quinta-feira (25), com dados consolidades de 2014, e mostrou que morrem 2,6 vezes mais negros do que brancos por arma de fogo no Brasil. Em 2003, morriam, proporcinalmente, 71,7% mais negros que brancos; em 2014, esse índice mais que dobrou, atingindo 158,9%. Entre 2003 e 2014, a taxa de homicídio de negros por arma de fogo aumentou quase 10%, enquanto a de brancos caiu 27,1%.
Em 2014, dentre as vítimas desse tipo de homicídio, 60% tinha entre 15 e 29 anos de idade e quase 95% das vítimas eram homens. Os estados de Ceará, Sergipe e Alagoas ultrapassam a marca de 40 óbitos por arma de fogo para cada 100 mil habitantes – sendo que a taxa de Alagoas é de 56 óbitos por 100 mil habitantes. No Brasil, foram 44.861 mortes, representando 123 vítimas de arma de fogo a cada dia do ano, cinco óbitos a cada hora.
De 1980 a 2003, a taxa de mortalidade por 100 mil pessoas no Brasil aumentou vertiginosamente: de 7,3 para 22,2. O índice parou de crescer na última década analisada, já que em 2014 foram 22,4 mortes por 100 mil habitantes. O estudo defende que esses números só não foram ampliados por conta da entrada em vigor do Estatuto do Desarmamento, em 2004, estimando que foram evitadas mais de 130 mil mortes com as políticas de desarmamento.
O Mapa da Violência com homicídios por arma de fogo no Brasil está na quinta edição e é coordenado pelo pesquisador Julio Jacobo Waiselfisz, da Flacso (Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais).