Mulheres na Mídia: “Precisamos ocupar nossos espaços”
As jornalistas Malu Gaspar, Sheila Magalhães e Thaís Oyama, conduzidas por Patrícia Zaidan, conversaram sobre o domínio masculino no hard news
Às vésperas do Dia Internacional da Mulher, nesta terça-feira (07), CLAUDIA apresenta o Mulheres na Mídia. Serão cinco painéis para debater a representatividade e presença feminina em diversas áreas da comunicação com patrocínio da Seara.
A nossa editora de atualidades Patrícia Zaidan abriu a programação apresentando o painel “Os homens ainda dominam o hard news e as opiniões”. Para essa conversa, contamos com as convidadas especiais Malu Gaspar, repórter da revista Piauí; Sheila Magalhães, editora-executiva da Rádio BandNews; e Thaís Oyama, redatora-chefe de VEJA.
“[Nós, jornalistas] fomos desacomodados da zona de conforto, porque a população está batendo na porta. Os negros, a comunidade LGBT, as mulheres: todos estão nos pressionando porque querem ter voz. Estamos discutindo de que maneira precisamos olhar para isso, especialmente no que toca as questões femininas”, introduziu Zaidan.
Assista na íntegra:
Atualmente, cerca de 64% dos jornalistas no Brasil são mulheres. Nenhuma está em um cargo de liderança entre os dez maiores jornais do país.
O cenário não é diferente do rádio brasileiro, em que Sheila destaca a predominância de vozes masculinas nas emissoras. “Inclusive, o tom de voz grave é mais bem aceito pelo público”, comenta Magalhães.
Um exemplo citado foi o caso da distribuição de camisinhas no Carnaval 2017. O apresentador Ricardo Boechat afirmou que era um exagero a distribuição de 77 milhões de preservativos no último feriado, já que “a campanha considera idosos e mulheres”.
A jornalista conta que interviu, perguntando por que mulheres deveriam ser desconsideradas, já que também têm vida sexual e o direito de escolher se preservar. “Homens e mulheres não têm consciência de que reproduzem discursos machistas. Temos essa cultura tão enraizada entre nós, que não percebemos”, argumentou.
Mulheres em pauta
A preocupação em se questionar a parte dos eventos cotidianos que se relacionam intrinsecamente à vida da mulher faz parte da desconstrução que queremos ver. Um dos exemplos citados foi a questão da reforma da previdência do governo de Michel Temer.
“Não existe uma orientação de observar o que as mulheres estão pedindo. Existe uma orientação de se olhar para o que está acontecendo e, a partir daí, se isso diz respeito às mulheres”, conta Thaís sobre seu cotidiano.
Já Magalhães acredita que, como qualquer minoria, quando a pauta diz respeito às mulheres, “vale a pena ter o cuidado com a abordagem”.
Nossos espaços
“Persistir” foi a palavra escolhida para mudarmos ativamente os espaços predominantemente masculinos – já que, apesar do número de jornalistas mulheres formadas, as redações ainda são lideradas por homens em sua maioria. As convidadas também ressaltaram a importância da educação neste processo, que deve estar em sintonia com as soluções para a desigualdade de gênero.
Malu Gaspar acredita que espaços devem ser ocupados e que as conversas devem atingir novos patamares. “A gente tem que trazer uma discussão inteligente, que não apenas nos vitimize”, finalizou.
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