Martha Nowill estreia documentário em homenagem à avó ativista
A atriz uniu a paixão pela arte à admiração pela ativista Dorina em um documentário que estreou neste mês, no canal HBO.
Martha Nowill cresceu ouvindo das mães dos amigos: “Você é parente da Dorina?” Quando a atriz e agora produtora paulistana de 35 anos confirmava que era sua neta, choviam elogios entusiasmados. Uma das maiores ativistas do país, Dorina Nowill perdeu a visão aos 17 anos por causa de uma enfermidade. Até morrer, em 2010, a professora desenvolveu programas e projetos para pessoas com deficiência visual, participou de congressos ao redor do mundo e criou a fundação que leva seu nome (e completa 70 anos em 2016). “Minha avó não parava de trabalhar. Isso numa época em que tudo era mais difícil para a mulher. Imagine para ela, que não enxergava”, diz Martha, formada em artes cênicas e em cinema. “Ela morreu aos 91 anos, e os mais velhos sabem bem a importância que teve. Quis, então, falar dela para a minha geração. Em princípio, pensei em escrever um longa-metragem e atuar nele”, revela. “Mas o projeto acabou mudando de formato. Aí, abri mão de interpretá-la para narrar sua história, por meio de entrevistas e pesquisas, em um documentário.” Ao resgatar o passado de Dorina, ela se surpreendeu com as correspondências trocadas pelos avós. “Sempre os via na correria, ela atarefada com a fundação e as viagens, e nunca me ative à relação dos dois. Foi emocionante ver a paquera nas cartas”, lembra.
Dirigido por Lina Chamie, Dorina – Olhar para o Mundo será exibido dia 21 deste mês, às 23 horas, no canal Max, da HBO. “É uma história inspiradora e comovente de uma mulher forte que pensou no outro a vida inteira. É uma injeção de ânimo em um tempo cheio de notícias de pessoas passando por cima das outras, querendo se dar bem a qualquer custo”, diz. A estreia ocorre em um período em que a atriz colhe bons frutos: a partir do mês que vem, poderá ser vista no SBT, na série A Garota da Moto, e, no segundo semestre, no longa Vermelho Russo, filme baseado no diário que escreveu sobre sua temporada em Moscou – onde estudou teatro. Martha, que interpretou a namorada de Paolla Oliveira na minissérie Felizes para Sempre? (2015) e foi premiada pelo trabalho no filme Entre Nós (2014), conta que o início não foi fácil. “Minha família me deu todo o apoio, mas, além da instabilidade externa, há uma instabilidade interna na carreira do ator. Eu sofria muito com o fato de me sair bem num dia e mal no outro. Hoje, consigo manter uma média e dar ao menos 80% de mim.” Se a inconstância continua fazendo parte do jogo, o sofrimento parou de ser a tônica. “Quando estou abalada, procuro me inspirar na força da minha avó. Penso: ‘Cega, ela fez tudo o que fez. Como vou ficar chorando, por exemplo, por um teste em que não passei?’”