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Marcos Costa ensina mulheres com deficiência visual a se maquiarem

Badalado, o maquiador não trabalha só com celebridades. Ele criou um curso que visa instruir mulheres cegas a passar com os dedos blush, base, sombra... Fique por dentro dessa história.

Por Luara Calvi Anic
Atualizado em 28 out 2016, 04h23 - Publicado em 22 out 2014, 22h00
Luara Calvi Anic - Edição: MdeMulher
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Costa: “Venho de uma família que sempre fez alguma coisa pelo outro”.
Foto: Divulgação

 

Ele já maquiou famosas como Gisele Bündchen e Ana Hickmann, assina alguns dos mais importantes desfiles do país e vários dos looks que cria vão parar em livros e revistas. Seja qual for o trabalho, Marcos Costa, 47 anos, mais de 30 de profissão, praticamente só usa a ponta dos dedos. Recorre a pincéis de maquiagem apenas para fazer um ou outro detalhe, como delinear olhos. Tamanha habilidade com as mãos permitiu que, desde 2008, Marcos Costa ensinasse mulheres com deficiência visual a aplicar corretivo, base, blush, sombra. “Venho de uma família que sempre fez alguma coisa pelo outro. Sou filho adotivo e agradeço muito à minha mãe por isso”, diz, explicando suas motivações. “Estava sentindo falta de também ajudar de alguma forma.” A vontade virou ideia. E se materializou quando ele ouviu no rádio a entrevista de uma mulher com baixa visão que relatava as dificuldades de viver nas cidades brasileiras, de se inserir socialmente. “A entrevistada repetia que era uma cidadã como qualquer outra”, lembra. “Eu tinha uma vizinha cega que sempre estava com um batonzinho e perguntei se já tinha feito aulas de automaquiagem.” Ela disse que não, mas adorou a ideia. Assim nascia o curso Maquiagem para Todas, do qual já participaram mais de 700 mulheres com diferentes graus de deficiência visual. “Elas se preocupam em não ficar com o make borrado. Mas há muitas que enxergam bem e ficam borradas!”, ressalta. “Os erros de ambas são parecidos: usar base demais, por exemplo.”

 

Mãos ao rosto

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À primeira turma, ele foi logo perguntando como saber se o make ficou bom. As alunas responderam que sempre há um espelho em casa. “O espelho é a mãe, a irmã, uma amiga ou uma vizinha que indica os ajustes necessários”, conta. Costa desenvolveu metodologia própria para transmitir com precisão suas técnicas. Em um primeiro momento, pede às alunas para apontar cada parte do rosto que receberá um produto, como têmporas, maçãs, pálpebras móveis e inferiores. “Sou extremamente didático, pego na mão mesmo”, afirma. Mas ele respeita limitações individuais. “Algumas têm dificuldade em tocar a região dos olhos, que é muito sensível para elas. Outras não tiram os óculos escuros. Aí, a gente se adapta: faz só a pele e passa um batonzinho.”

 

Mulheres acima de tudo

A arquiteta Lucia Floro, 37 anos, fez parte de uma das turmas e manteve contato. Ela começou a perder a visão, gradativamente, aos 8 anos e, apesar de não conseguir ler e enxergar detalhes, tem se saído tão bem na automaquiagem que pretende lançar um blog para compartilhar o que aprendeu e como supera eventuais percalços. “As pessoas percebem quando estou maquiada e recebo elogios”, diz orgulhosa. Lucia usa um tablet para conferir como ficou seu trabalho, pois espelhos de aumento não são suficientes para ajudá-la a enxergar. O que faz é tirar uma foto do próprio rosto maquiado e aumentar a imagem o máximo possível para detectar borrões. Semanalmente, Costa envia a ela por mensagem de voz uma nova lição de casa. A tarefa da semana em que ele recebeu CLAUDIA em seu apartamento, em São Paulo, era criar um make com o tema inverno tropical. Quando acha que está o.k., Lucia sempre clica o resultado e manda para ele dar nota de 0 a 10. Levou um 8. “Não dou moleza. Trato essas turmas do mesmo jeito que as mulheres com visão perfeita”, afirma o maquiador. É que ele percebeu que é isso que mais desejam suas alunas: serem vistas como mulheres, independentemente de quanto enxergam.

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