Márcia De Luca: Criar incríveis futuros cidadãos pode mudar a energia do planeta
A especialista em meditação e colunista de CLAUDIA reflete sobre os diferentes papeis que mães e pais devem ter e como isso é importante no misterioso fluxo do Universo.
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Maio é o mês das mães, época ideal para celebrarmos a criação. O impulso de gerar uma vida é a força mais poderosa do Universo. E o misterioso fluxo da vida é eterno – se perpetua a cada gestação.
No ato da concepção de uma criança, a mãe natureza se rejubila reinventando o mundo inteiro em um novo ser humano. É assim que os pais participam do milagroso processo de criação.
Segundo a antiga tradição indiana, descrita nos Vedas – as escrituras mais antigas da Índia -, não somos apenas formas físicas constituídas de átomos e moléculas que aprenderam a produzir pensamentos, sentimentos e consciência. Somos, antes de tudo e em essência, seres espirituais temporariamente usando a fantasia de seres humanos. Cada pessoa detém em si mesma a promessa da aventura e do drama, do amor e da perda, do paraíso e do inferno. E aí está o grande segredo da maternidade sob o prisma dessa sábia filosofia.
Quando a mãe recebe o presente da concepção e carrega uma criança em seu ventre, ela se torna parte intrínseca desse processo mágico. Vira testemunha da transformação e ganha a missão de dar ao mundo um ser completo, muito além da forma física. Não à toa, a mãe é considerada sagrada.
Os pais têm responsabilidades já conhecidas. Devem suprir as necessidades básicas dos filhos fornecendo casa e alimento, garantindo escola e cuidando da saúde. Precisam também ampará-los e amá-los para que se sintam realmente protegidos, apoiados e acalentados. O amor que recebemos é o que assegura uma autoestima elevada – e ninguém melhor do que a mãe, por meio do seu instinto e do seu gostar incondicional, para cumprir tal objetivo.
Mais do que isso, a tradição indiana nos ensina que os filhos não são propriedade dos pais, e não podemos desejar – muito menos exigir – que eles sejam o que queremos. Mães e pais devem manter em mente que cada ser humano é único e precisa ser tratado como tal.
Aprendemos que uma pessoa só será feliz quando encontrar seu propósito de vida, que inclui sonhos e metas totalmente identificados com ela. É essa, então, a grande missão das mães, sempre mais presentes na vida das crianças: observar, analisar o comportamento do filho e procurar entendê-lo em sua complexidade.
Depois de compreender quais são as aptidões e a missão daquele pequeno ser no planeta, precisará dar suporte, garantindo uma eficiente retaguarda para que ele realmente desenvolva seus talentos inatos e se torne um ser humano mais pleno e mais completo a cada dia. É também missão das mães ensinar os filhos a dedicar seus dons não apenas em benefício próprio mas, sobretudo, em benefício de toda a humanidade.
À medida que nos dedicarmos a criar incríveis futuros cidadãos, a energia do planeta mudará. Afinal, teremos feito o necessário para que nossas crianças encontrem seu poder interior – e a soma dessas forças individuais contribuirá para a construção de um mundo repleto de paz, harmonia, alegria e amor.
Perceba, então, como é importante e grandioso o papel das mães, não só para seus filhos mas para toda a humanidade. Meu objetivo é justamente alertar que o futuro da Terra depende da criação de seres humanos capazes de descobrir o divino e o sagrado dentro do próprio coração. Vamos firmar, aqui e agora, o compromisso de fazermos juntas a diferença para um mundo cada vez melhor?
Márcia De Luca é especialista em ioga, meditação e ayurveda e uma das idealizadoras do movimento Yoga pela Paz. Em seus textos, tenta mostrar caminhos que integram corpo, mente e espírito. |