“Mapa do Acolhimento” divulga lista de atendimento gratuito para vítimas de estupro
Iniciativa da ONG Meu Rio reúne psicólogas e voluntárias em mais de 10 cidades brasileiras
33 homens. Esse é o número de criminosos que estupraram uma garota de 16 anos, em maio deste ano, no Rio de Janeiro. A barbárie chocou o país e trouxe à tona a discussão sobre o tema. Dado mais recente, do 9º Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2014, revela que um estupro ocorre a cada 11 minutos no Brasil. Inconformadas com a situação, a equipe da ONG Meu Rio decidiu criar o “Mapa do Acolhimento“, uma plataforma onde terapeutas voluntárias oferecem consultas gratuitas para vítimas de violência sexual, além de um mapa colaborativo com serviços públicos próximos, que avalia quais hospitais dispõem de atendimento humanizado. “A ideia é que a mulher que sofreu um grande trauma, possa se balizar por este mapa e não fique suscetível a um segunda trauma”, explica a coordenadora da plataforma, Maria Julia Wotzik.
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A ideia surgiu a partir de uma estagiária da ONG, que sofreu abuso sexual quando criança e encontrou dificuldades em receber atendimento psicológico. Alessandra Orofino, coordenadora do Meu Rio e finalista do Prêmio CLAUDIA, na categoria Revelação, conta que nas primeiras duas semanas quase 500 terapeutas se inscreveram por tempo indeterminado e 3 mil voluntárias se cadastraram para realizar a avaliação dos serviços públicos. Maria Julia explica o porquê do sucesso da plataforma. “A quantidade de voluntárias e terapeutas inscritas representa o quanto este problema está latente na sociedade e também o quanto existe gente disposta a lutar contra a cultura do estupro de maneira colaborativa.”
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“Mapa do Acolhimento” reúne 2.578 voluntárias e 450 terapeutas
Apesar do decreto que institui atendimento humanizado às vítimas de violência sexual, a coordenadora do “Mapa do Acolhimento” ressalta que “ falta tato e sensibilidade em muitos espaços de escuta.” Isso porque um em cada três brasileiros acredita que, em casos de estupro, a culpa é da mulher, segundo recente pesquisa do Datafolha, publicada na semana passada. Ou seja, 33,3% da população pensa que a vítima é culpada.
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Diante do estigma, muitas mulheres não procuram ajuda psicológica. A culpa gera silêncio e impunidade. Porém, é indispensável que a vítima procure algum tipo de tratamento, explica o psicanalista Leonardo Duarte Scofield. “Ninguém passa ilesa de uma situação que a sexualidade é vivida de forma violenta, agressiva e contra a vontade. E ninguém melhor que um profissional da psicologia para minimizar os danos, para que a pessoa possa viver de forma efetiva, mais leve e livre.”
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