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Lições das avós: “Vamos criar histórias inusitadas sobre a vida em sua simplicidade e passá-las adiante aos netos”

Colunista Marcia de Luca fala da importância de manter as crianças conectadas com o conhecimento de seus ancestrais

Por Marcia de Luca
Atualizado em 28 out 2016, 10h42 - Publicado em 4 Maio 2015, 06h03
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Este mês, comemoramos o dia das Mães. É a data em que as famílias se reúnem para homenagear essas mulheres que tanto fazem por seus filhos. Não há dúvida de que somos merecedoras desse amor. Mas, como gosto de propor ideias diferentes, queria aproveitar este espaço para compartilhar algo em que venho pensando desde que conheci os maoris, povo aborígene da Nova Zelândia, há alguns anos.

Donos de imensa sabedoria, eles se mantêm conectados ao conhecimento de seus ancestrais por meio de histórias passadas de uma geração para outra. E, para eles, os avós têm papel crucial na educação das crianças. Veja como faz sentido: os pais trabalham para sustentar a casa e, em consequência, ficam menos horas com as crianças; diferentemente dos avós, que, além de muita bagagem, têm tempo de sobra. E o que pode ser mais precioso do que tempo nos dias de hoje? É por isso que, na tradição maori, os mais velhos passam o dia com os netos e são responsáveis por mostrar a eles o que é certo e errado e fortalecer seu caráter. Desde quando o bebê está na barriga da mãe, os avós dedicam a ele atenção total. Cantam canções de ninar, inclusive na hora do nascimento, porque acreditam que, assim, o espírito do bebê já segue um caminho positivo. Às crianças um pouco mais velhas, ensinam provérbios antigos que exaltam valores culturais.

Os maoris creem que os pequenos precisam de atenção absoluta, além de muito amor, é claro. Diria até que eles são indulgentes, pois não se cansam de elogiar e estimular as crianças. Evitam dar ordens a elas e mesmo falar muitos “nãos”. Se um pai aplica uma punição severa, chega a ser recriminado pelos mais velhos. Nem concordo com tudo isso. Proponho que se encontre um meio-termo. Penso que as verdades devem ser transmitidas com doçura, mas também com assertividade. Hoje, vemos na nossa sociedade pais que forçam os filhos ao limite, cobrando que seus herdeiros sejam os melhores em tudo e incentivando uma competitividade desenfreada. Mas, mais do que levar a criança ao topo, isso pode deixá-la insegura.

Outra prática interessante dos maoris é reunir todo o grupo para falar sobre a vida. As diferentes gerações, dos mais velhos aos mais novos, participam ativamente dessa troca. Assim, desde cedo, aprendem a trabalhar o lado social e emocional e preparam-se para fazer o bem em prol da comunidade. O mais bonito é que os adultos respeitam com máxima reverência os pensamentos dos pequenos, que não ficam ali só de ouvintes. Grandes ideias e soluções surgem dessas conversas. Em outro tipo de reunião, as avós aproveitam para ensinar-lhes a arte de costurar, cozinhar, pintar e tricotar. Junto dos netos, fazem deliciosos biscoitos para oferecer durante os encontros. Todo o crédito é dado às crianças, que se sentem importantes com essas conquistas.

Enxergo aí semelhanças com a nossa cultura. Embora eu mesma não tenha tido a oportunidade de ouvir histórias contadas pela minha avó, sei que muitas pessoas tiveram o prazer dessa experiência e que há crianças privilegiadas que podem passar ainda mais tempo na casa das suas. Com todos esses argumentos, faço aqui o meu pedido a todas as avós, que são mães duas vezes: vamos usar nossa imaginação para criar histórias inusitadas sobre a natureza e a vida em sua simplicidade e passá-las adiante aos nossos netos. Vamos assumir a nossa responsabilidade na criação dos nossos pequenos. Ao dedicarmos tempo a elas, estaremos contribuindo para um futuro melhor! 

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