Juíza Kenarik Boujikian é absolvida pelo CNJ
Conselho Nacional de Justiça afirma que TJSP errou ao punir magistrada
Nesta terça-feira (29), o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) absolveu a juíza Kenarik Boujikian por ter liberado, em 2016, 11 presos provisórios que já haviam cumprido pena maior do que aquela que tinha sido fixada para eles. Na ocasião, ela foi censurada pelo órgão paulistano, mas recorreu às instituições superiores.
“O TJ-SP agiu mal. Não agiu bem. E por que não agiu bem? Porque ele arruma uma desculpa estapafúrdia para censurar ao fundo e ao cabo a decisão meritória da juíza”, disse o conselheiro João Otávio Noronha, Corregedor Nacional de Justiça e Ministro do Superior Tribunal de Justiça, reporta a Carta Capital.
O julgamento foi adiado quatro vezes. Em coluna publicada no início de agosto, quando a sessão foi adiada pela última vez, nossa redatora-chefe Patricia Zaidan escreveu sobre os motivos de Kenarik incomodar tanto:
“Kenarik é uma pedra no sapato. Com 28 anos de carreira, deu várias mostras de entender como se faz Justiça – o que nem sempre agrada à corte, aos que têm prestígio, influência, dinheiro ou poder. A condenação do médico-estuprador Roger Abdelmassih foi decidida por ela. A desembargadora concluiu que um covarde que violenta 56 pacientes e abusa da confiança depositada nele não podia seguir solto, repetindo os crimes contra as mulheres. Tomou 181 anos de prisão. Ela também declarou culpados, em 2005, dez policiais militares que torturaram brutalmente, por cinco horas, as vítimas Roberto dos Santos e Natacha Ribeiro dos Santos.
Como são as coisas neste nosso país de moral corrompida: Roger Abdelmassih conseguiu na Justiça autorização para ir pra casa, decisão que foi desfeita depois. Os dez PMs estão passeando por aí, pois o caso prescreveu sem que eles experimentassem a privação de liberdade. Já Kenarik tem de perder tempo e energia em busca da anulação de sua pena.”