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Jovem saudita se tranca em hotel para fugir da família

Ela afirma sofrer violência e quer pedir asilo em outro país

Por Alessandra Balles Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
8 jan 2019, 22h14
A jovem saudita Rahaf Mohammed al-Qunun (Reprodução/Twitter)
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Uma adolescente saudita se trancou em um hotel dentro do aeroporto de Bancoc, na Tailândia, afirmando estar fugindo da família, para evitar ser deportada, e conseguiu proteção das autoridades após divulgar sua história no Twitter.

​Rahaf Mohammed al-Qunun, 18, fugiu do Kuait, onde visitava parentes, e chegou à Tailândia em um voo no sábado (5). Ela planejava ir para a Austrália e pedir asilo lá, mas foi detida após sair do avião em Bancoc e informada de que seria deportada por não ter a documentação exigida. Depois disso, entrincheirou-se no quarto de hotel colocando móveis na frente da porta e passou a postar mensagens e vídeos em seu Twitter.

“Meus irmãos e minha família e a embaixada saudita vão estar esperando por mim no Kuait”, disse à Reuters. “Eles vão me matar. Minha vida está em perigo. Minha família ameaça me matar pelos motivos mais triviais.” No país natal, ela acusa sua família de tê-la trancado em quarto por seis meses, em castigo por ter “cortado o cabelo”.

Nesta segunda (7), a polícia tailandesa afirmou que ela não será expulsa, após a jovem se reunir com representantes do Acnur (comissariado da ONU para os direitos humanos), encontro que vinha pedindo em seu Twitter. Pouco antes, um tribunal havia recusado um recurso apresentado por uma advogada especialista em direitos humanos para impedir sua expulsão, e autoridades da Tailândia haviam dito que ela seria devolvida para o Kuait em um voo na parte da manhã.

Depois de conseguir a proteção das autoridades, Rahaf postou que estava assustada porque seu pai havia chegado à Tailândia, mas que se sentia segura e aguardava ser levada para um outro país, onde poderia pedir asilo.

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​A jovem, que afirma ter visto para a Austrália, disse ter sido detida por autoridades sauditas ao chegar ao aeroporto tailandês e que teve seu passaporte confiscado à força. O ministro de relações exteriores saudita negou que a embaixada tenha retido o passaporte dela. A embaixada saudita também negou que tenha enviado representantes ao terminal e disse “estar em contato constante com a família da jovem”.

Rahaf afirmou que fugiu por temer por sua vida e por sofrer “abusos físicos, emocionais e verbais e por ser trancada dentro de casa por meses”. Também afirma que a família está impedindo que ela continue estudando. “Não me deixam dirigir nem viajar. Sou oprimida. Amo a vida e o trabalho e sou muito ambiciosa, mas minha família está me impedindo de viver.”

Segundo a ONG internacional Human Rights Watch, ela também deseja renunciar ao Islamismo. “Se ela for obrigada a voltar a seu país, as consequências podem ser dramáticas”, informou a entidade, que assinala que a jovem está se convertendo em um “símbolo de resistência”.

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Nas redes sociais, a jovem escreveu que sua família é poderosa na Arábia Saudita, mas não identificou quem são. Os parentes da jovem não foram encontrados por agências de notícias para comentar as acusações.

Na Arábia Saudita, as mulheres são submetidas a numerosas restrições, como o sistema de guarda masculina, pelo qual dependem da autorização de um homem (pai, marido ou irmão, geralmente) para viajar, estudar e tomar outras decisões importantes. Uma mulher julgada por haver cometido um “crime moral” pode ser castigada violentamente por sua família e executada em casos denominados “crimes de honra”.

Em abril de 2017, o destino de outra saudita, Dina Ali Lasloum, de 24 anos, detida enquanto viajava pelas Filipinas em direção a Sydney, despertou a preocupação da ONG Human Rights Watch (HRW). A jovem queria fugir de um casamento forçado, de acordo com a HRW. A embaixada da Arábia Saudita em Manila apresentou o incidente como um caso familiar e disse que a menina “retornou com a família para seu país”.

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