Jogadora Formiga: “Troco ouro por mais mulheres nos grandes clubes”
A meio-campista baiana reclama da falta de times femininos no Brasil
Recordista três vezes, a meio-campista baiana Miraildes Maciel Mota, mais conhecida como Formiga, não se contenta por ter sido a brasileira que participou mais vezes dos Jogos Olímpicos: o total de seis vezes, contando com a Rio 2016. Lá estava ela, representando o futebol feminino em todas as edições das Olimpíadas, a partir da primeira vez em que o esporte passou a fazer parte do calendário olímpico, há vinte anos, em Atlanta. Mas a história não para por aí.
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O sonho dourado acompanhou a veterana desde quando pisou em território estrangeiro pela primeira vez: na cidade georgiana, em 1996, com apenas 18 anos. Reconhecida pelo seu talento entre as próprias companheiras de campo, o título de “mito” não veio à toa: também é de sua responsabilidade e mérito o trabalho de formiguinha – literalmente – de crescimento e reconhecimento das mulheres de chuteira.
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Porém, ainda há um longo caminho pela frente, prova disso foi a última declaração de uma das melhores volantes da história do futebol feminino: “Troco tudo que conquistei e o que posso conquistar pela implantação do profissionalismo no Brasil. Sem pensar um momento”, dispara em recente entrevista à Uol. “Eu não teria medalha, mas o Brasil ganharia muitas. Basta profissionalizar para que venha o ouro muitas vezes”, diz Formiga sobre a falta de espaço das mulheres nos grandes clubes.
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Aos 38 anos, Miraildes, que já bradou contra o principal rótulo que recai sobre as costas de qualquer jogadora, de que “mulher que joga bola é macho“, permanece com a mesma postura combativa de quem teve que vencer muitos obstáculos para chegar tão longe: “Não vou parar de falar. As coisas precisam melhorar“.
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Depois da vitória sofrida contra a Austrália, na última sexta (12), nos pênaltis, que marcaram no placar um acirrado 7×6, no Estádio do Minerão, Formiga fez questão de mostrar como o apoio da torcida foi fundamental para a classificação para a semifinal: “Quando a gente joga aqui, o carinho é enorme. Todo mundo gosta da gente. É um sucesso. Por que os clubes não montam times femininos? Impossível dar errado”.
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Numa garra indescritível, uma das 18 meninas que entrarão em campo nesta terça (16), desta vez contra a Suécia, dedica a possível vitória às colegas que já não entram mais em campo: ““Roseli, Pretinha, Sissi…Tanta gente boa. Queria ganhar por elas também”, mas não deixa de lembrar que não será tarefa tão fácil: “Vai ser um jogo complicadíssimo. Elas eliminaram os EUA, elas tem uma grande treinadora e vão jogar da mesma maneira contra a gente. Precisamos paciência”. Imagine se a seleção masculina tivesse a mesma humildade e destreza que a feminina?
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