Jessica Chastain critica a falta de mulheres nos sets de Hollywood
Em texto, a atriz americana critica a ausência de mulheres nos sets de filmagem de Hollywood
As americanas estão de olho na falta de mulheres nos sets de filmagem de Hollywood. A atriz Jessica Chastain, indicada ao Oscar duas vezes, escreveu um depoimento no The Hollywood Reporter em que mostra-se surpresa com a quantidade de mulheres no set de filmagem de Zookeeper’s Wife, longa da diretora australiana Niki Caro. “Eu nunca havia trabalhado com tantas mulheres. Nós somos provavelmente 20%, enquanto os homens são 80%. Mas ainda assim é muito mais do que eu já trabalhei antes”. Achar o máximo ter apenas 20% de mulheres em uma equipe significa que Hollywood realmente não é lá muito parceira da ala feminina.
Acima, equipe feminina do set de Zookeeper’s Wife. “Será o set de filmagem com mais mulheres da história?”, diz o texto em inglês
Em 2014, diretoras trabalharam em apenas 7% das 250 maiores bilheterias do ano nos Estados Unidos*. A atriz de 38 anos acredita que, para termos uma maior representatividade feminina é preciso que as mulheres ajudem umas as outras, indiquem as colegas, abram caminho. “Para mim, o sexo realmente não qualifica o modo como diretores trabalham. Só sei que quando temos a predominância de um gênero no set, seja de homens ou de mulheres, esse não vai ser um lugar saudável. Imagino que seja a mesma coisa em outros ambientes. Quando ambos os sexos estão representados então você tem um ponto de vista mais saudável”.
No Brasil, Anna Muylaert, diretora de Que Horas ela Volta?, representante do Brasil a uma vaga no Oscar 2016, faz coro para a atriz. “Veja que os filmes que amamos são todos protagonizados por homens. É normal na nossa cultura que o herói seja do sexo masculino”, disse ela a CLAUDIA. A diretora, que teve sua estreia em Recife grosseiramente interrompida pelos colegas Lírio Ferreira e Cláudio Assis – cineastas como ela – acredita que o sucesso feminino incomoda. “O homem não está acostumado a ver a mulher brilhar e temos uma tendência a nos envergonhar de nosso sucesso. Não é natural ainda”.
Ambas apostam que vivemos um momento de transição. Como muitas feministas já disseram, é preciso lembrar (e relembrar) os homens que sem a ajuda deles – seja nos compromissos com os filhos ou no ambiente de trabalho – fica difícil conquistar igualdade de gênero. “A razão pela qual eu acho que as coisas estão mudando é porque sempre que eu falo sobre essas questões com os homens da indústria de cinema há um desconforto. Eles dizem: “Não entendo como fiquei assim”. Acho que é o que vai ajudar a mudar as coisas porque leva um grupo, que é a maioria, a dizer: “Espere um minuto, talvez seja mais interessante termos mais vozes femininas em altas posições do que apenas em cargos menores”.
*Segundo um estudo do Centro de Estudos das Mulheres na Televisão e no Cinema, da Universidade Estadual de San Diego
Luara Calvi Anic é editora de CLAUDIA e dá dicas de cultura semanalmente. Para falar com ela, clique aqui.